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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Domínio Público! Alimente-se de conhecimento sem pagar



O Brasil está entre os sete países com maior desigualdade social do Planeta. Nossa caixa postal e redes sociais alardeam insistentes propagandas para venda de seminários, congressos, livros e publicações diversas. Nada com preço camarada, muito pelo contrário... a realidade é que os livros são caros e o povo brasileiro ganha pouco, são os livros que de fato custam caro.

Será que vender um livro barato significa desvalorizar a obra? A maioria dos autores pensa que sim, ostentando humildade na aparencia, faturam alto com direitos autorais, editores idem. Ora! É mais uma vez o interesse de uns pouco indo de encontro ao interesse da maioria. Um livro de preço mais acessível a todos vai despertar o interesse pela leitura. Sem dúvida nenhuma os autores vão acabar ganhando igual, pois as vendas iriam aumentar.

Sem dúvida nenhuma assalariados e desempregados também tem acesso aos livros, em bibliotecas e através da internet; entretanto não é a mesma coisa que possuir uma obra, completa e original, para ler no conforto do lar ou mesmo nos intervalos de trabalho, dentro do transporte público, nas praças e parques. É inaceitável a velha desculpa de que se o livro for gratuito mesmo assim o pobre não se interessará em ler.

Alguns defensores do atual sistema de exclusão cultural argumentam que há muitas bibliotecas disponibilizando livros para empréstimo, a custo zero, no entanto vivem às moscas. Falso! Basta pesquisar, embora aparentemente correta, a opinião não se sustenta em si, até mesmo porque não há pesquisa para sua comprovação. O fato é que a apropriação do conhecimento por uma casta seleta de autores, editores e distribuidores não permitem ao leitor avançar na esfera conhecimento, da cultura. Mesmo os livros infantis, escritos sempre de maneira simples e divertida, contendo ilustrações atrativas, com histórias de fácil compreensão e assimilação, obras que propõem introduzir a criança às diversas esferas do saber, tem custo elevadíssimo de produção e acabam custando os olhos da cara ao consumidor final. São estes mesmos livros, infantis ou para estudos, dos mais simples aos mais avançados, romances ou livros para reflexão, que nos fazem repensar nosso modo de viver e a forma de construirmos uma vida mais equilibrada.

Não vão os autores, ou os editores, querer me crucificar, sei que muitas vezes trabalham duro para concluir suas obras, e inclusive, em alguns casos, revertem parte de seus lucros em prol de comprovadas ações de estímulo à leitura. Sei que a carga tributária é alta para impressão, encadernação e distribuição dos livros... Entretanto até que ponto lucrar sobre o conhecimento, que no bem da verdade é patrimonio da humanidade, ao passo que não existe mais obra original, pois tudo ou quase tudo, excluindo aí algumas publicações no campo das ciencias, já foi dito?

"Se há uma coisa que a natureza fez que é menos suscetível que todas as outras de propriedade exclusiva, esta coisa é a ação do poder de pensamento que chamamos de idéia... Que as idéias devam se expandir livremente de uma pessoa para outra, por todo o globo, para a instrução moral e mútua do homem, e o avanço de sua condição, parece ter sido particularmente e benevolmente desenhado pela natureza, quando ela as tornou, como o fogo, passíveis de expansão por todo o espaço, sem reduzir a sua densidade em nenhum ponto, e como o ar no qual respiramos, nos movemos e existimos fisicamente, incapazes de confinamento, ou de apropriação exclusiva. Invenções não podem, por natureza, ser objeto de propriedade." ~Thomas Jefferson (1813)


Fica difícil acreditar que realmente, como alguns líderes latino-americanos apregoam, o materialismo esteja sendo cada dia mais desmoralizado, pois eles mesmo se deixam levar pela ganância ao lucro, que é atitude indiscutivelmente mercantilista, materialista, capitalista. Os livros que poderiam ajudar a população a se incluir cultural e socialmente, estão cada vez mais inacessíveis e estão tornando-se artigo de luxo. Não é exagero! Existem publicações de livros confeccionados ricamente com capas duras e douradas, desenhadas, charmosas, que custam preços verdadeiramente abusivos e absurdos. Obviamente são obras destinadas aos ricos. Mas, e os livros – digamos - mais populares, por que até mesmo eles tem um preço assim tão impopular?

Grande parte da população brasileira é assalariada ou está desempregada. São pessoas trabalhadoras e honestas, pegam no batente de Sol-a-Sol; acordam cedo, dormem cedo. Pessoas que dão um duro danado e no final das contas mal conseguem reunir recurso financeiro suficiente para transporte, aluguel, água, luz, medicamentos, ou até pra alimentação, a fim de sobreviver com dignidade. Será que nossos irmãos e irmãs de jornada, menos favorecidos materialmente, permanecem fiéis ao hábito da leitura quando se sentem aviltados nas suas economias, em face da exploração comercial exacerbada do mercado editorial brasileiro?

Há pessoas que se deixam enganar com muita facilidade, acabam acreditando que “tudo que é bom tem que ser caro” e inadvertidamente ainda defendem essa idéia estapafúrdia. Da mesma forma existem muitas pessoas que vivem buscando cumprir o destino escrito na crença que "todos devemos plantar uma árvore, ter filhos e escrever um livro". Você tem filhos e planta árvores pra ganhar rios de dinheiro?

Os recentes filmes sobre a vida de Chico Xavier, e suas obras, tem faturado alto. Mas será que os que vão assistir estes filmes sabem que ao doar suas produções psicografadas, durante a sua missão do livro, o conhecido médium espírita brasileiro o fez pensando nos trabalhos em prol dos carentes e não para manter grupos de elite fechados em seus insofreáveis pendores de exploração comercial das coisas divinas, que nos vem por iluminação.

Dar de graça o que de graça receber

Nada contra o lucro, mas tudo contra o lucro abusivo. Que ser humano; digo aí humano não só como espécie mas também como entidade viva, com necessidades, sentimentos, como templo de um ser divino que habita a tudo e a todos, precisa de lucros extraordinários? Será que viver bem não basta mais, o engodo capitalista fez todos pensarem que para ter vencido na vida é precioso ser milionário? Tem gente até pior, que quer ser e é bilionária ou trilionária, claramente usurpando da riqueza comum. Quanto veludo, quanta energia, luxo e asfalto despendidos a troco da ignorancia, desinformação e aculturamento das massas... Não seria tudo; não estarão também autores, editores, os que defendem os lucros exorbitantes em qualquer ramo de negócio, e até grande parte dos leitores apenas fantoches, manipulados por uma falsa realidade criada através da manipulação midiática?

É assaz ainda lembrar a entrevista que Chico Xavier concedeu ao Dr. Jarbas Leone Varanda, publicada no jornal uberabense O Triângulo Espírita, de 20 de março de 1977 e veiculada no Livro “Encontro no Tempo”, organizado por Hércio M.C. Arantes, publicado pela Editora IDE em 1979. Chico Xavier advertiu que:

é preciso fugir da tendência à ‘elitização’ (...) É indispensável que o estudemos junto com as massas mais humildes, social e intelectualmente falando, e delas nos aproximemos (...) Se não nos precavermos, daqui a pouco estaremos em nossas Casas Espíritas, apenas, falando e explicando o Evangelho de Cristo às pessoas laureadas por títulos acadêmicos ou intelectuais (...)”.

Esta é apenas uma opinião modesta, é triste testemunhar tudo isso sem utilizar a ferramenta da indignação e propagar o que penso e sinto através deste blog, recomendando mudanças, não apenas em nível pessoal, mas amplamente, no campo das idéias. Acredito que faço a minha parte sem machucar minha consciência, graças a Deus! Pense, faça sua reflexão e sua escolha, acorde ou continue dormindo.


Independente da religião ou doutrina o Deus é um só e somos todos irmãos e irmãs de jornada. Meu objetivo primário não é ganhar dinheiro ou projeção social, é apenas fazer esta mensagem atingir o maior número de pessoas o quanto possível. É relevante a conscientização de todos quanto a importancia de compartilhar conhecimento, a evolução da espécie e do espírito humano depende da livre circulação da informação, de forma democrática.

É triste constatar que o conhecimento parece teimar em querer escolher as pessoas por suas posses, em mais uma armadilha do capitalismo selvagem e predatório. 

Acredito que o saber, da mesma forma que não ocupa espaço, nos vem por iluminação e deve ser distribuído de maneira o mais igualitária o quanto for possível. Acreditem, o conhecimento compartilhado é a chave para evolução humana, é o caminho que irá nos levar aos dias nos quais haverá a paz entre os povos, qualidade de vida digna para todos.

Vivemos em uma sociedade conectada em rede e também somos todos conectados espiritualmente. Se na Internet não existe um servidor central, no Astral existe um Deus, nosso 'mainframe' celestial. Todo saber emana do Criador, através da iluminação do Espírito Santo. Seguindo os ensinamentos do Cristo, Oxalá, devemos dar de graça aquilo que de graça recebemos. Compartilhe e seja feliz, pois tudo aquilo que você cobrar também lhe será cobrado, também o que você fizer um dia irá voltar para você, tenha certeza disso.

O custo dos livros em nosso país é muito alto, é verdade, custam caro demais para grande maioria da população. Entretanto até que esta situação se normalize, dentro da realidade vivida e não apenas na realidade programada, o produto editorial com preço abusivo não é motivo ou desculpa para não lermos.

Há muita coisa disponível pra download gratuito na rede, uma boa dica pra que está começando é o site http://www.dominiopublico.gov.br/. O "Portal Domínio Público" propõe o compartilhamento de conhecimento de forma equânime, colocando à disposição de todos os usuários da Internet uma biblioteca virtual para download gratuito. Uma referência para professores, alunos, pesquisadores e para a população em geral. O portal permite a coleta, integração, preservação e o compartilhamento de conhecimento, promovendo o amplo acesso às obras literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que tenham a sua divulgação devidamente autorizada, que constituem o patrimônio cultural brasileiro e universal. Esta iniciativa do Ministério da Educação, lançada em 2004, contribui para o desenvolvimento da educação e da cultura, aprimorando a construção da consciência social, da cidadania e da democracia no Brasil.

Adicionalmente, o "Portal Domínio Público", ao disponibilizar informação e conhecimento de forma livre e gratuita, incentiva o aprendizado, a inovação e a cooperação entre geradores de conteúdo e usuários, ao mesmo tempo em que pretende induzir uma ampla discussão sobre as legislações relacionadas aos direitos autorais - de modo que a "preservação de certos direitos incentive outros usos", e haja uma adequação aos novos paradigmas de mudança tecnológica, da produção e uso do conhecimento.

"Uma biblioteca digital é onde o passado encontra o presente e cria o futuro."
~Dr. Avul Pakir Jainulabdeen Abdul Kalam (Presidente da Índia - 09/set/2003)

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