Translate

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Havia alternativa? Chomsky revisita o 11 de Setembro

A resposta ao 11 de Setembro, um ataque maciço a uma população muçulmana, conduziu os Estados Unidos à 'armadilha diabólica' estendida por Bin Laden e sua rede terrorista. 

O resultado foi que, incrivelmente,  Washington continuou a ser o único aliado indispensável de Bin Laden, mesmo após a sua morte. 

Gastos militares grotescamente aumentados em bilhões de dólares e dependência da dívida... pode ser o mais pernicioso legado do terrorista Osama Bin Laden, do homem que pensou que poderia derrotar os Estados Unidos.


O artigo é de Noam Chomsky (foto).

As horrendas atrocidades do 11 de setembro de 2001, como se diz habitualmente, mudaram o mundo. No dia 1° de Maio deste ano (2011), o presumível mentor do crime, Osama Bin Laden, foi assassinado no Paquistão por um comando militar de elite dos EUA, os SEALs da Marinha, depois de ter sido capturado, desarmado e indefeso, na Operação Geronimo.

Uma série de analistas observaram que Bin Laden, apesar de ter sido finalmente morto, obteve importantes sucessos na sua guerra contra os EUA. “Ele afirmou muitas vezes que a única maneira de expulsar os EUA do mundo muçulmano e derrotar os seus sátrapas era atrair os americanos para uma série de pequenas mas caras guerras, que acabariam por arruiná-los”, escreve Eric Margolis. “'Sangrar os EUA', nas suas próprias palavras.

Os Estados Unidos, primeiro sob George W. Bush e depois sob Barack Obama, correram diretamente para a armadilha de Bin Laden... Gastos militares grotescamente aumentados e dependência da dívida... pode ser o mais pernicioso legado do homem que pensou que poderia derrotar os Estados Unidos” – particularmente quando a dívida está a ser cinicamente explorada pela extrema-direita, com a conivência do establishment democrata, para minar o que resta de programas sociais, de educação pública, de sindicatos, e, em geral, das restantes barreiras à tirania empresarial.

Logo se tornou evidente que Washington estava inclinado a realizar os mais fervorosos desejos de Bin Laden. Como discuti no meu livro “9-11”, escrito pouco depois da ocorrência dos ataques, qualquer um que conhecesse a região poderia reconhecer “que um ataque maciço a uma população muçulmana era a resposta às orações de Bin Laden e dos seus seguidores, e conduziria os Estados Unidos e os seus aliados a uma 'armadilha diabólica', nas palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros francês”.

O analista sênior da CIA responsável por perseguir Osama Bin Laden desde 1996, Michael Scheuer, escreveu pouco depois que “Bin Laden tem dito com precisão as razões que o levaram a desencadear a guerra contra nós. [Ele] pretende mudar de forma drástica as políticas dos EUA e do Ocidente em relação ao mundo islâmico”, e com um amplo sucesso: “As forças e as políticas dos EUA estão a provocar a radicalização do mundo islâmico, algo que Osama Bin Laden vem tentando fazer com sucesso substancial, mas incompleto, desde o início dos anos 90. O resultado, parece-me justo concluir, é que os Estados Unidos da América continuam a ser o único aliado indispensável de Bin Laden.” E possivelmente continuam a sê-lo, mesmo após a sua morte.

O primeiro 11/9

Havia uma alternativa? Há todas as probabilidades de que o movimento jihadista, muito do qual altamente crítico a Bin Laden, pudesse ter sido dividido e minado após o 11/9. O “crime contra a humanidade”, como era correctamente chamado, poderia ter sido abordado como um crime, com uma operação internacional para deter os presumíveis suspeitos. Na época esta ideia foi reconhecida, mas a sua execução sequer foi considerada.

Em “9-11”, citei a conclusão de Robert Fisk de que “o crime horrendo” de 11/9 foi cometido “com maldade e crueldade impressionante,” um juízo exato. É útil ter em mente que os crimes poderiam ter sido ainda piores. Suponham, por exemplo, que o ataque tivesse ido tão longe ao ponto de bombardear a Casa Branca, matando o presidente, de impor uma ditadura militar brutal que matasse milhares e torturasse dezenas de milhares, instalando ao mesmo tempo um centro de terror internacional que ajudasse a impor estados similares de tortura-e-terror noutros países, e executando uma campanha internacional de assassinato; e como um incentivo suplementar, tivesse trazido uma equipa de economistas – chamemos-lhes de “os Kandahar boys” – que rapidamente conduzissem a economia a uma das piores depressões da sua história. Claramente, teria sido muito pior do que o 11/9.

Infelizmente, nada disto é especulação. Aconteceu. A única inexatidão neste breve relato é que os números devem ser multiplicados por 25 para produzir equivalentes per capita, a medida apropriada. Refiro-me, naturalmente, àquilo que na América Latina é frequentemente chamado de “o primeiro 11/9”: o 11 de Setembro de 1973, quando os Estados Unidos culminaram com sucesso os seus esforços para derrubar o governo democrático de Salvador Allende, no Chile, com um golpe militar que levou ao poder o regime brutal do general Pinochet. 

O objetivo, nas palavras da administração Nixon, era matar o “vírus” que poderia estimular todos esses “estrangeiros [que] andam a querer tramar-nos” e que queriam assumir o controle dos seus próprios recursos e aplicar uma política intolerável de desenvolvimento independente. A apoiar esta política estava a conclusão do Conselho de Segurança Nacional que, se os EUA não conseguiam controlar a América Latina, não se podia esperar que conseguissem realizar a sua Ordem “em qualquer outro lugar no mundo.”

O primeiro 11/9, ao contrário do segundo, não mudou o mundo. Não era “nada de grandes consequências”, como garantiu Henry Kissinger ao seu chefe poucos dias depois.

Estes eventos de poucas consequências não se limitaram ao golpe militar que destruiu a democracia chilena e pôs em movimento a história de horror que se seguiu. O primeiro 11/9 foi apenas um ato de um drama que começou em 1962, quando John F. Kennedy alterou a missão dos militares latino-americanos de “defesa hemisférica” – um resquício anacrônico da Segunda Guerra Mundial – para a “segurança interna”, um conceito com uma interpretação arrepiante nos círculos latino-americanos dominados pelos EUA.

Na “História da Guerra Fria”, recentemente publicada pela Universidade de Cambridge, o acadêmico latino-americano John Coatsworth escreve que daquele tempo até “ao colapso soviético em 1990, o número de presos políticos, de vítimas de tortura, e de execuções de dissidentes políticos não violentos na América Latina excedeu amplamente os da União Soviética e seus satélites europeus do Leste,” incluindo também muitos mártires religiosos e massacres em massa, sempre apoiados ou iniciado em Washington. 

O último grande ato violento foi o assassinato brutal de seis importantes intelectuais latino-americanos, sacerdotes jesuítas, poucos dias depois da queda do Muro de Berlim. Os criminosos foram um batalhão de elite salvadorenho, que já tinha deixado um chocante rasto de sangue, recém saído de um treinamento na Escola de Guerra Especial JFK, que actua sob as ordens diretas do Alto Comando do estado cliente dos Estados Unidos.

Evidentemente, as consequências desta praga hemisférica ainda ecoam.


Dos raptos à tortura e ao assassinato

Tudo isto, e muitas coisas semelhantes, são desvalorizadas como sendo de pouca importância, e esquecidas. Aqueles cuja missão é governar o mundo desfrutam de uma imagem mais reconfortante, muito bem articulada na atual edição do prestigiado (e valioso) jornal do Royal Institute of International Affairs, em Londres. O artigo principal discute “a ordem internacional visionária” da “segunda metade do século XX” marcada pela “universalização de uma visão americana da prosperidade comercial”. Eis uma visão que não chega a exprimir a percepção daqueles que estão do lado errado das armas.

O mesmo vale para o assassinato de Osama Bin Laden, que põe fim, pelo menos, a uma fase da “guerra contra o terror” re-declarada pelo presidente George W. Bush no segundo 11/9. Façamos algumas reflexões sobre esse evento e o seu significado.

Em 1° maio de 2011, Osama Bin Laden foi morto na sua praticamente desprotegida residência por uma incursão de 79 SEALs da Marinha, que entraram no Paquistão de helicóptero. Depois de muitas histórias sensacionalistas fornecidas pelo governo e retiradas, os relatórios oficiais tornaram cada vez mais claro que a operação foi um assassinato planejado, violando multiplamente as normas elementares do direito internacional, começando com a invasão em si.

Não parece ter havido qualquer tentativa de deter a vítima desarmada, como presumivelmente poderia ter sido feito por 79 comandos que não enfrentaram oposição – excepto, relatam, da sua esposa, também desarmada, contra a qual dispararam em legítima defesa, quando ela “arremeteu” sobre eles, de acordo com a Casa Branca.

A reconstrução plausível dos acontecimentos foi feita pelo veterano correspondente no Oriente Médio, Yochi Dreazen, e colegas na revista Atlantic. Dreazen, ex-correspondente militar do Wall Street Journal, é correspondente sênior do Grupo National Journal, cobrindo assuntos militares e de segurança nacional. 

De acordo com a sua investigação, o planeamento da Casa Branca não parece ter considerado a opção de capturar Bin Laden vivo: “O governo deixou claro ao clandestino Comando Conjunto de Operações Especiais que queria Bin Laden morto, de acordo com uma autoridade sênior dos EUA que teve conhecimento das discussões. Um oficial de alta patente militar que foi informado do assalto disse que os SEALs sabiam que a sua missão não era levá-lo vivo.”

Os autores acrescentam: “Para muitos, no Pentágono e na CIA, que tinham passado quase uma década a caçar Bin Laden, matar o militante foi um ato necessário e justificado de vingança”. Além disso, “a captura de Bin Laden vivo teria também posto a administração diante de uma série de incômodos desafios jurídicos e políticos”. Melhor, então, assassiná-lo, deitar o corpo ao mar sem a autópsia considerada essencial depois de uma morte – um ato que previsivelmente provocou raiva e ceticismo em grande parte do mundo muçulmano.

Como observa a investigação da Atlantic: “A decisão de matar Bin Laden sem rodeios foi a ilustração mais clara até agora de um aspecto pouco notado da política de contra-terrorismo da administração Obama. O governo Bush capturou milhares de militantes suspeitos e enviou-os para campos de detenção no Afeganistão, no Iraque e na Baía de Guantánamo. A administração Obama, em contraste, tem-se concentrado em eliminar terroristas individuais em vez de tentar capurá-los vivos.” Trata-se de uma diferença significativa entre Bush e Obama. 

Os autores citam o ex-chanceler da Alemanha Ocidental Helmut Schmidt, que “disse à TV alemã que a invasão dos EUA foi 'muito claramente uma violação do direito internacional' e que Bin Laden deveria ter sido detido e levado a julgamento”, contrapondo Schmidt ao Procurador Geral dos EUA, Eric Holder, que “defendeu a decisão de matar Bin Laden, embora este não representasse uma ameaça imediata para os SEALs, dizendo a um painel da Câmara ... que o assalto tinha sido 'legal, legítimo e adequado em todos os sentidos'”.

A eliminação do corpo sem autópsia também foi criticada por aliados. O eminente advogado britânico Geoffrey Robertson, que apoiou a intervenção e se opôs à execução em grande parte por razões pragmáticas, considerou no entanto a afirmação de Obama de que “fora feita justiça” como um “absurdo”, o que deveria ser óbvio para um ex-professor de direito constitucional. 

A lei do Paquistão “exige um inquérito sobre a morte violenta e a legislação internacional de direitos humanos insiste que o 'direito à vida' obriga a um inquérito sempre que ocorre uma morte violenta por acção de um governo ou da polícia. Os EUA têm, portanto, o dever de realizar um inquérito que satisfaça o mundo quanto às verdadeiras circunstâncias desta morte.”

Robertson, a propósito, recorda-nos que “nem sempre foi assim. Quando chegou a hora de decidir o destino de homens muito mais mergulhados na maldade que Osama Bin Laden – a liderança nazi – o governo britânico queria que eles fossem enforcados seis horas após a captura. 

O presidente Truman hesitou, citando a conclusão de Robert Jackson, do Supremo Tribunal, que a execução sumária “não se sentaria facilmente na consciência americana nem seria lembrada pelos nossos filhos com orgulho... o único caminho é determinar a inocência ou culpa do acusado depois de uma audiência tão desapaixonada quanto os tempos permitam e após um registo que vai deixar claros as nossas razões e motivos”.

Eric Margolis comenta que “Washington nunca publicou provas da sua afirmação de que Osama bin Laden esteve por trás dos ataques do 11 de Setembro”, presumivelmente uma razão pela qual “as sondagens mostram que pelo menos um terço dos americanos que responderam acredita que o governo de Estados Unidos e/ou Israel estiveram por trás do 11 de Setembro”, enquanto no mundo muçulmano o ceticismo é muito mais alto. “Um julgamento aberto nos Estados Unidos ou em Haia teria exposto essas afirmações à luz do dia”, continua, razão prática pela qual Washington deveria ter seguido a lei.

Em sociedades que professam algum respeito pela lei, os suspeitos são detidos e levados a um julgamento justo. Sublinho "suspeitos". Em junho de 2002, o chefe do FBI Robert Mueller, no que o Washington Post descreveu como “entre os seus comentários públicos mais detalhados sobre a origem dos ataques”, pôde dizer apenas que “os investigadores crêem na ideia de que os ataques do 11 de Setembro ao World Trade Center e ao Pentágono vieram de líderes da Al Qaeda no Afeganistão, a maquinação efectiva foi feita na Alemanha, e o financiamento veio através dos Emirados Árabes Unidos a partir de fontes no Afeganistão.”

O que o FBI acreditou e pensou em junho de 2002 não o sabia oito meses antes, quando Washington repeliu ofertas provisórias dos Taliban (quão sérias, não sabemos) para permitir um novo julgamento de Bin Laden se lhes fossem apresentadas provas. Assim, não é verdade, como o presidente Obama afirmou nas suas declarações da Casa Branca depois da morte de Bin Laden, que “rapidamente soubemos que os ataques do 11 de Setembro foram executados pela Al-Qaeda.”

Nunca houve alguma razão para duvidar do que o FBI acreditou em meados de 2002, mas isto deixa-nos longe da prova da culpa requerida em sociedades civilizadas – e quaisquer que as provas fossem, não justificam o assassinato de um suspeito que, parece, teria sido facilmente detido e levado a julgamento. O mesmo é mais ou menos verdade quanto às provas fornecidas desde então. 

Assim, a Comissão do 11 de Setembro forneceu provas circunstanciais extensas do papel de Bin Laden no 11 de Setembro, baseando-se principalmente no que lhe tinha sido dito sobre confissões de presos de Guantánamo. É duvidoso que muito disso se sustivesse num julgamento independente, tendo em conta as maneiras como as confissões foram extraídas. Mas, em qualquer caso, as conclusões de uma investigação autorizada pelo Congresso, por muito convincentes que se possam achar, claramente ficariam aquém de uma sentença por um tribunal credível, que é o que passa a categoria do acusado de suspeito para condenado.

Fala-se muito da "confissão" de Bin Laden, mas aquilo foi uma fanfarronice, não uma confissão, com tanta credibilidade quanto a minha "confissão" de que ganhei a maratona de Boston. A fanfarronice diz-nos muito do seu caráter, mas nada da sua responsabilidade pelo que ele considerou como um grande feito, do qual quis ficar com o crédito.

De novo, tudo isso é, de forma transparente, bastante independente do nosso juízo sobre a sua responsabilidade, que pareceu clara imediatamente, mesmo antes do inquérito do FBI, e que ainda parece.


Crimes de Agressão

Vale a pena acrescentar que a responsabilidade de Bin Laden foi reconhecida na maior parte do mundo muçulmano e condenada. Um exemplo significativo é o do eminente clérigo libanês, xeique Fadlallah, muito respeitado em geral pelo Hezbollah e por grupos xiitas, também fora do Líbano. 

Ele tinha alguma experiência com assassinatos. Tinha sido visado para assassínio: por um caminhão-bomba fora duma mesquita, numa operação organizada pela CIA em 1985. Escapou, mas 80 outros foram mortos, na maior parte mulheres e meninas ao saírem da mesquita – um daqueles crimes inumeráveis que não entram para os anais do terror por causa da falácia “da agência errada.” O xeique Fadlallah condenou marcadamente os ataques do 11 de Setembro.

Um dos especialistas principais do movimento jihadista, Fawaz Gerges, sugere que o movimento poderia ter-se dividido, tivessem os Estados Unidos explorado a oportunidade, em vez de mobilizar o movimento, em particular com o ataque ao Iraque, um grande benefício para Bin Laden, que levou a um aumento acentuado do terror, como as agências de espionagem tinham antecipado. 

Nas audições Chilcot, ao investigar o contexto da invasão do Iraque, por exemplo, o antigo chefe da agência de informações internas britânica MI5 declarou que tanto a agência britânica como a dos Estados Unidos estavam conscientes de que Saddam não representava qualquer ameaça séria, que a invasão provavelmente aumentaria o terror e que as invasões do Iraque e do Afeganistão tiveram partes de uma geração radicalizada de muçulmanos que viram as acções militares como “um ataque ao Islão”. Como acontece muitas vezes, a segurança não foi uma prioridade alta para a acção do estado.

Poderia ser instrutivo perguntarmo-nos como estaríamos reagindo se comandos iraquianos tivessem aterrado no complexo militar de George W. Bush, o assassinassem e lançassem o corpo no Atlântico (depois dos rituais fúnebres devidos, naturalmente). 

Sem sombra de controvérsia, ele não era um "suspeito" mas sim o "decisor" que deu as ordens para invadir o Iraque – isto é, cometer “o crime internacional supremo que só se diferencia de outros crimes de guerra por conter dentro de si a maldade acumulada da totalidade” pelo qual os criminosos nazis foram enforcados: as centenas de milhares de mortes, os milhões de refugiados, a destruição da maior parte do país e do seu patrimônio nacional e o conflito sectário assassino que agora se estendeu ao resto da região. Igualmente de forma incontroversa, esses crimes excederam vastamente tudo o atribuído a Bin Laden.

Dizer que tudo isso é incontroverso, conforme é, não quer dizer que não seja negado. A existência de aplanadores da Terra não muda o fato de que, de forma incontroversa, a terra não é plana. De forma semelhante, é incontroverso que Stalin e Hitler foram responsáveis por crimes horrendos, embora os seus partidários o neguem. Tudo isto deveria, de novo, ser demasiado óbvio para ser comentado, e sê-lo-ia, excepto numa atmosfera de histeria tão extrema que bloqueasse o pensamento racional.

De forma semelhante, é incontroverso que Bush e seus parceiros cometeram mesmo o “crime internacional supremo” – o crime da agressão. Aquele crime foi definido de forma suficientemente clara pelo magistrado Robert Jackson, o Chefe do Conselho dos Estados Unidos em Nuremberga. "Um agressor", propôs Jackson ao Tribunal na sua declaração de abertura, é um estado que é o primeiro a cometer tais ações como a “invasão pelas suas forças armadas, com ou sem declaração da guerra, do território de outro estado”. Ninguém, nem mesmo o apoiante mais extremo da agressão, nega que Bush e parceiros fizeram precisamente isso.

Também faríamos bem em lembrar as palavras eloquentes de Jackson em Nuremberga sobre o princípio da universalidade: “Se certos atos na violação de tratados são crimes, são crimes sejam os Estados Unidos ou seja a Alemanha fazê-los e não estamos preparados para estabelecer uma regra da conduta criminal contra outros que não estivéssemos dispostos a ter invocado contra nós”.

É também claro que intenções anunciadas são irrelevantes, mesmo se nelas se acreditar verdadeiramente. Registos internos revelam que os fascistas japoneses aparentemente acreditaram que, ao assolar a China, se esforçavam por a converter “num paraíso terrestre”. E embora possa ser difícil imaginar, é concebível que Bush e companhia acreditassem que protegiam o mundo da destruição pelas armas nucleares de Saddam. Tudo irrelevante, embora partidários ardentes em todos os lados possam tentar convencer-se de outra coisa.

Deixam-nos duas escolhas: ou Bush e seus parceiros são culpados do “crime internacional supremo” incluindo de todos os males que se seguem, ou então declaramos que os processos de Nuremberga foram uma farsa e que os aliados eram culpados de assassinato judicial.


A Mentalidade Imperial e o 11 de Setembro

Alguns dias antes do assassinato de Bin Laden, Orlando Bosch morreu pacificamente na Flórida, onde viveu juntamente com o seu cúmplice Luis Posada Carriles e muitos outros parceiros do terrorismo internacional. Depois de ter sido acusado de dúzias de crimes terroristas pelo FBI, Bosch recebeu um perdão presidencial de Bush I, passando por cima das objecções do Departamento de Justiça que considerou a conclusão “inevitável de que seria prejudicial para o interesse público dos Estados Unidos fornecer um porto seguro a Bosch”. 

A coincidência dessas mortes imediatamente traz a doutrina de Bush II à lembrança – “já … uma regra de facto das relações internacionais”, segundo o notável especialista de relações internacional de Harvard Graham Allison – que renega “a soberania de estados que fornecem santuário a terroristas”.

Allison refere-se à declaração oficial de Bush II, dirigida aos Taliban, de que “aqueles que abrigam terroristas são tão culpados como os próprios terroristas”. Tais estados, portanto, perderam a sua soberania e são objectivos prontos para bombardeamento e terror – por exemplo, o estado que abrigou Bosch e o seu parceiro. Quando Bush emitiu esta nova “ regra de fato das relações internacionais,” ninguém pareceu notar que ele apelava à invasão e destruição dos Estados Unidos e ao assassínio dos seus presidentes criminosos.

Nada disto é problemático, claro, se rejeitarmos o princípio da universalidade do magistrado Jackson, e adotarmos antes o princípio de que os Estados Unidos são auto-imunes contra o direito internacional e as convenções – como, de fato, o governo tornou frequentemente muito claro.

Vale a pena também pensar no nome dado à operação de Bin Laden: Gerônimo. A mentalidade imperial é tão profunda que poucos parecem capazes de perceber que a Casa Branca está a glorificar Bin Laden chamando-lhe “Gerônimo” - o chefe índio apache que conduziu a resistência corajosa aos invasores das terras Apache.

A escolha descuidada do nome lembra a tranquilidade com que damos nomes às nossas armas de assassinato a partir das vítimas dos nossos crimes: Apache, Blackhawk [1]… Poderíamos reagir diferentemente se a Luftwaffe tivesse chamado aos seus aviões de combate "Judeu" e "Cigano".

Os exemplos mencionados caem dentro da categoria “excepcionalismo americano,” não fosse o facto de uma supressão fácil dos crimes próprios ser virtualmente ubíqua entre estados poderosos, pelo menos naqueles que não são derrotados e obrigados a reconhecer a realidade.

Talvez o assassinato tenha sido percebido pela administração como “um ato de vingança,” como Robertson conclui. E talvez a rejeição da opção legal de um julgamento reflicta uma diferença entre a cultura moral de 1945 e a de hoje, como ele sugere. Qualquer que fosse o motivo, dificilmente podia ter sido apenas a segurança. Como no caso de “crime internacional supremo” no Iraque, o assassinato de Bin Laden é outra ilustração do fato importante de que a segurança é muitas vezes não uma alta prioridade da ação do estado, ao contrário da doutrina que recebemos.

(*) Noam Chomsky é Professor emérito do Instituto no Departamento de Linguística e Filosofia do MIT. É autor de numerosas obras políticas de topo de vendas, incluindo “9-11: Was There an Alternative?” (Seven Stories Press), uma versão atualizada do seu relato clássico, que acaba de ser publicada esta semana juntamente com um novo ensaio destacado – a partir do qual este post foi adaptado – levando em conta os 10 anos desde os ataques do 11 de Setembro.

(**) Tradução de Luis Leiria e Paula Sequeiros para o Esquerda.net - A partir de texto publicado em Tom Dispatch

[1] NT: Blackhawk, líder guerreiro dos nativos Norte-Americanos Sauk que demonstrou ser um poderoso opositor dos invasores colonizadores ingleses


Você pode ainda conhecer a obra completa de Noam Chomsky, clicando aqui, ou ainda ler os artigos: “Os EUA são o maior terrorista do mundo” e “10 Estratégias de Manipulação Midiática”.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

'A História das Coisas': A Verdade Sobre o Consumismo




A História das Coisas é versão brasileira do documentário The Story of Stuff, de Annie Leonard:

O que é História das Coisas ?

Já se perguntou de onde vem todas as coisas que compramos e para onde elas vão quando as descartamos? As coisas se deslocam através do sistema... parece que está tudo bem mas na verdade o sistema está em crise, porque trata-se de um sistema linear. Vivemos em um mundo finito, no qual os recursos naturais de que precisamos para viver não são inesgotáveis. Da extração e produção até a venda, consumo e descarte, todos os produtos em nossa vida afetam comunidades em diversos países, a maior parte delas longe de nossos olhos.

História das Coisas é um documentário de 20 minutos, direto, passo a passo, baseado nos subterrâneos de nossos padrões de consumo.

O filme, produzido e filmado em 2007, revela as conexões entre diversos problemas ambientais e sociais, e é um alerta pela urgência em criarmos um mundo mais sustentável e justo. Annie Leonard nos ensina muita coisa, nos faz rir, e pode mudar para sempre a forma como vemos os produtos que consumimos em nossas vidas. O roteiro é de Louis Fox, Annie Leonard e Jonah Sachs, com direção de Louis Fox.

A versão dublada em português foi idealizada pela comunidade Permacultura, do Orkut. Realizada nos Estúdios Gavi New Track - SP. Com direção e edição de Fábio Gavi; Locução Nina Garcia; adaptação do texto Denise Zepter.




A verdade liberta!

Fonte: http://video.google.com.br/videoplay?docid=-7568664880564855303&hl=pt-BR

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Agentes de Mudança Corporativa: Poder Social

O Poder Social e o advento da Revolução Corporativa ¹
por David Kirkpatrick ²


Civilizações se chocaram de maneira inesperada neste ano, pessoas comuns usando Facebook e Twitter derrubaram ditadores na Tunísia, Egito e Líbia, e estão ameaçando o autoritarismo na Síria. Um chamado em meio a primavera árabe trouxe ondas de libertação para uma região longamente oprimida. Alguma coisa semelhante está acontecendo nos países mais democráticos. Na Espanha multidões de jovens, conhecidos como "os indignados," ocuparam praças públicas em todo o país, protestando contra o desemprego e a política de exclusão. Em Israel, cidadãos comuns tanto de direita quanto de esquerda se unem em manifestações maciças contra a alta dos preços da habitação. E na Índia, a campanha de um homem contra a corrupção se tornou viral, levando milhares de às ruas em apoio.

Estes sociais podem agora estar se movendo em direção a sua empresa. Entramos na era de indivíduos habilitados, que utilizam novas e potentes tecnologias, aproveitando a mídia social para se organizar. Alguns se juntaram a causa com o WikiLeaks e seus enteados terríveis, devassando os corredores uma vez seguros do Pentágono e do Departamento de Estado dos EUA. Mas a maioria são pessoas comuns, com novas ferramentas para forçá-lo a ouvir com o que eles se preocupam e exigir respeito.

Tanto os seus clientes quanto os seus funcionários já começaram a marchar nesta crescente multidão das mídias sociais, e é melhor você sair do caminho deles ou aprender a abraçá-los. As instituições das modernas sociedades desenvolvidas, quer sejam governos ou empresas, não estão preparados para esse novo poder social. As pessoas estão mudando mais rápido do que as empresas.

“Eu não acho que é loucura perguntar se o seu CEO é o próximo Mubarak”, diz Gary Hamel, um dos mais eminentes teóricos da administração. “As elites ou gestores das empresas, já não controlam mais a conversação. É assim que as insurreições começam” diz Marc Benioff, CEO da Salesforce.com: “Isto não é apenas a respeito da primavera árabe. Isto é sobre a primavera corporativa.”

Neste novo mundo dos negócios, as empresas e os líderes terão de mostrar autenticidade, transparência, equidade e boa fé. Se não o fizerem, clientes e funcionários podem vir a desconfiar deles, com efeito potencialmente desastroso. Clientes que não gostam de um produto pode rapidamente difundir sua desaprovação. Futuros funcionários não precisam aceitar sua palavra de como é a vida em sua empresa, eles podem descobrir a partir de pessoas que já trabalham lá. E empregados leais há muito tempo agora têm mais opções para lançar sua própria, com arranques mais velozes, poderiam se tornar seus mais ferozes concorrentes no futuro. "Empresas que tem em torno de cinco anos ou mais estão passando por tempos difíceis, porque isto é bem diferente daquilo que eles sabem” é a observação chocante de Doreen Lorenzo, presidente da Frog, empresa de design e consultoria.

Mas no geral essas mudanças sugerem um futuro brilhante para as empresas e a sociedade global. O mundo está se tornando mais democrático e reflexivo da vontade das pessoas comuns. E pragmaticamente, o poder social pode ajudar a manter sua empresa vital. Consumidores recém-armados e empregados ativistas podem se tornar a fonte de criatividade, inovação e novas idéias para levar sua empresa avante. Um crescente número de executivos e empresas estão convertidos a este ponto de vista. Isto exige humildade de uma classe e a maioria dos líderes empresariais não estão acostumados. “A confiança é construída pela vulnerabilidade compartilhada”, diz John Hagel, um antigo autor e consultor, que co-preside o Deloitte’s Center for the Edge. “Quanto mais você expor e compartilhar seus problemas, o mais bem sucedido você se torna. Não é sobre um alto executivo ditando o que precisa ser feito e quando, é sobre o fornecimento de indivíduos com o poder de conectar-se.”

Benioff reconta sua própria epifania sobre a humildade e transparência no Salesforce, que vende software on-line para pessoal de vendas. “Em 2005 nós tivemos problemas de confiabilidade com um de nossos servidores. Nós não estávamos falando sobre isto, e os clientes ficaram chateados. Se transformou em um problema. E meu líder de marketing, Bruce Francis, chegou e disse, 'Marc, você precisa expor tudo. Você precisa ter um site que esteja diretamente ligado aos computadores. Se eles estão funcionando, o site deve ser verde, e quando não estão ele deve ser vermelho. ' Eu tive que abrir.” Tal sistema está em vigor desde então. “O sucesso social é muito baseado na confiança”, opina Benioff. “Se você não tem transparência você será eliminado pelo sistema em torno de você.” Ele agora está escrevendo um livro, argumentando que toda empresa deve se tornar o que ele chama de “empresa social”.

As manchetes estão repletas de exemplos da dinâmica precária na mudança. Empresas que mostram cobiça ou insensibilidade, para com os trabalhadores ou clientes, rapidamente se encontram na defensiva. A Hershey olhou para a Scrooge como nora, em agosto, quando 400 estudantes universitários contratados através de um programa patrocinado pelo Departamento de Estado de câmbio revoltaram-se, caminhando para fora de seus postos de trabalho. Eles não gostavam de seu trabalho estressante em uma fábrica de embalagem de doces, às vezes, em todos os turnos e de noite. Esses garotos da China, Nigéria, Turquia e Ucrânia, são dóceis comunicadores digitais e, usando YouTube, Facebook e outras ferramentas, chamam a atenção para sua situação.

Recentemente a Adidas se viu sob ataque na Nova Zelândia, quando os fãs da popular equipe nacional de rúgbi ficaram indignados ao saber que as camisas da equipe Adidas estavam sendo vendidas muito mais lá do que em outras partes do mundo. Fãs ficaram online para a pesquisa comparativa dos preços dos produtos na Nova Zelândia e nos EUA, para depois organizar outros fãs em protesto. Logo os noticiários foram focando o protesto e a resposta da Adidas. As pessoas começaram a devolver roupas para as lojas, em repúdio, e os funcionários se sentiram tão ameaçados que retiraram logo seus veículos da empresa, informou o New York Times.

Os executivos não puderam se esconder da indignação. Na Holanda, no início deste ano, aconteceu uma campanha de mídia social contra os bônus dos banqueiros, focada na sede de Amsterdam do banco ING. As pessoas começaram a ameaçar uma retirada de depósitos em massa. O CEO Jan Hommen renunciou voluntariamente ao seu bônus de 1,8 milhões dólares futuros, e ordenou que todos os diretores da empresa fizessem o mesmo. O primeiro-ministro britânico David Cameron recentemente propôs fechar mídias sociais durante revoltas, como as que recentemente trouxeram o caos para o Reino Unido. Mas o presidente do Google, Eric Schmidt, respondeu a esta idéia, em entrevista ao The Guardian, com o conselho que se aplica igualmente aos CEOs: “É um erro olhar para o espelho e tentar quebrar o espelho. Seja qual for o problema [que causou as revoltas] a Internet é um reflexo desse problema. Se você tem um problema, use a internet para entender o que é o problema.”

Se há um culpado principal para este novo contexto, é o Facebook. A rede social, de sucesso surpreendente, em menos de oito anos angariou mais de 750 milhões de usuários ativos em cada país do mundo, se tornou o mais movimentado website do mundo e a mais popular ferramenta para fomentar a insurreição ao redor do mundo. Por quê? Porque o Facebook dá a todos os seus usuários uma plataforma de divulgação pessoal. No passado somente um seleto grupo tinha tal poder, Walter Cronkite, por exemplo, ou aqueles na BBC. As pessoas no Facebook, por outro lado, geralmente difundem apenas aos amigos, o que parece pouco impactante em primeira instância. No entanto, uma nova e peculiar dinâmica, chamada de consenso viral, pode se desenvolver. Digamos que você posta uma atualização de status, foto ou vídeo que expressa uma visão com a qual seus amigos concordam com, ou responder a, esta mensagem pode se espalhar como gripe. Amigos clicam no “like,” ou comentam na atualização, dizendo, por exemplo, “Sim, acho que Mubarak tem que ir, também!” ou “Estou jogando fora todas as minhas coisas da Adidas!” Isso retransmite para seus amigos. O “meme,” ou idéia, pode se tornar viral e se espalhar quase que instantaneamente para um grande número, se isto acontece se desperta um sentimento, como um sinal dos tempos.

O LinkedIn é uma outra ferramenta central para a capacitação de todos os executivos, devem ponderar e não só porque já mantém um perfil lá (juntamente com mais de 115 milhões de outras pessoas). No seu coração, o LinkedIn é uma forma de manter permanentemente público um currículo de trabalho. Muitos dos mais valiosos funcionários da sua empresa têm agora CVs fora, na rua, em tempo integral e pesquisável por milhões de pessoas, incluindo os recrutadores do seu concorrente. Você quer ter uma chance, maltratar ou ignorar essas pessoas?

A abundância de outras ferramentas de software social está agora nas mãos de pessoas comuns também. Eles vivem em telefones celulares que são realmente poderosos terminais de computador para difusão, capazes de vomitar opinião ou informação à vontade, bem como recebê-la. O YouTube, por exemplo, oferece infinitas horas de entretenimento fácil - ou pode ser usado por qualquer pessoa a qualquer momento para transmissão de vídeo. Em 2009 apareceu um mostrando um trabalhador da Domino's Pizza colocando queijo no nariz enquanto fazia um sanduíche, entre outras abominações. Suas ações caíram 10% em pouco tempo. o mau julgamento de um funcionário danificou a reputação de uma empresa inteira. O Twitter é uma potente ferramenta de difusão para qualquer pessoa com um seguidor; o FourSquare, uma maneira de coordenar no mundo físico; o GroupMe, vendido ao Skype, lhe permite enviar um único texto ou fazer um telefonema para um grupo de até 25. Todos estes serviços são basicamente livres.

Novas encarnações do poder social surgem quase diariamente, a partir de uma legião de empresários em todo o mundo que vêem a rapidez com que o sucesso pode vir em um denso mundo em rede. Que a facilidade de criação de empresas é outro exemplo de fortalecimento individual. Os dois fundadores do GroupMe, com 24 e 29m anos de idade, venderam sua empresa em agosto por cerca de 50 milhões de dólares, apenas um ano após sua estréia.

Bo Fishback criou o seu instrumento de poder social com velocidade impressionante. Ele é CEO da Zaarly, um site baseado em localização de mercado para compradores e vendedores, ambos de produtos e serviços; os compradores postam o que eles querem, e as pessoas que procuram ganhar dinheiro fazendo ofertas para se tornarem fornecedoras. A empresa nasceu em fevereiro, quando Fishback - um empreendedor perpétuo - participou do “Startup Weekend” em Los Angeles. 


Ele lançou a idéia sexta-feira, trabalhou em um protótipo que tinha no domingo e diz que na terça-feira fechou 1 milhão de dólares em financiamento. (Ele já sabia que tinha investidores veteranos garantidos) Duas semanas depois o Zaarly foi lançado em beta pelo Southwest Interactive, em Austin, Texas, e fez transações no valor de 10.000 dólares. O serviço estreou no final de maio em várias cidades e no final de agosto haviam sido solicitados 3,4 milhões de dólares em transações e 50 mil pessoas haviam se registrado.

A vida inteira do Fishback é como um homem de negócios centralizador na rede, presumindo poder social. “Indivíduos empoderados são o que impulsionam o Zaarly, em ambos os lados do nosso mercado,” diz ele. “No lado do comprador isto transcende a típica dinâmica de mercado onde você só pode comprar o que outra pessoa já está vendendo. Sobre o lado do realizador [ou vendedor] esta demanda-orientação de mercado dá às pessoas uma nova forma de trabalhar para si próprios.”

Se você quiser que sua empresa explore o poder social, uma gama de produtos de software emergentes podem ajudá-lo a fazer isso. Alguns visam fazer isso mais fácil para conduzir um diálogo permanente com os clientes. Mas uma próspera indústria também está construindo ferramentas para aproveitar o poder de um empregado dentro da empresa. Quatro empresas de destaque oferecem sua versão de um híbrido do Twitter/Facebook para funcionários: Salesforce.com com seu produto Chatter, a IBM com seu software Connections, bem como as iniciantes Yammer e Jive, que acabam de anunciar sua intenção de ir a público. O objetivo é aproveitar a energia social interna de uma empresa para acelerar a colaboração e a inovação. Craig Herkert, CEO da SuperValu, que detém ou suprimentos mais de 4.000 supermercados dos EUA, é um convertido ao Yammer. “Como da velha forma, todas as informações fluem via e-mail. Agora os gerentes de loja e equipes de apoio, em todo o país, podem postar no Yammer o que estão fazendo, do que eles estão orgulhosos, ou dizer: 'Ei, eu tenho um problema. Alguém sabe como corrigi-lo? ' Tenho o Yammer no meu desktop, em meu laptop, celular e iPad. Eu posso ver o que todo mundo está fazendo - que é a transparência radical.”

Um pequeno iniciante de Toronto, chamado Rypple, aplica o pensamento social em uma forma diferente - para gestão interna de empregados. Sua ferramenta de avaliação social permite que todos em uma empresa avaliem todos os outros, e dê às pessoas um feedback contínuo, em tempo real. São tomadas de pressão social e de pares para fazer a avaliação do trabalho mais eficaz na condução do desempenho futuro. O produto foi largamente desenvolvido em uma instalação beta no próprio Facebook, cuja organização interna se esforça para ser plana e sem burocracia. (No Facebook, engenheiros de produto recém-contratados passam por algumas semanas de treinamento técnico e em seguida, escolhem uma equipe para trabalhar.) Anne Bento é a vice-presidente sênior de Talentos Globais, na MediaBrands, que começou a tirar para fora do Rypple as suas 6.500 pessoas.“Os funcionários de maior valor são introspectivos o suficiente para querer feedback sobre si mesmos,” explica ela. “A Mediabrands é uma agência de mídia, de modo que a tecnologia é perfeita para nós, porque ela promove o uso de redes sociais, nós pregamos aos nossos clientes.”

A humildade e autenticidade, que o poder social demanda de você, pode produzir inúmeros benefícios com clientes e funcionários. Nadira Hira, 30, está escrevendo um livro a ser publicado no próximo ano, sobre as atitudes em relação ao trabalho em sua geração, aqueles que estão hoje com cerca de 16 a 32 anos. “O que muitas empresas fazem errado, quando se pensa em 'social' é que eles pensam nisso como uma jogada de marketing, ao invés de apenas uma maneira de estender o que você já é realmente como uma empresa ou uma marca,” diz ela. “Se você se preocupa com seus funcionários e seus com clientes, você pode mostrar isso e ampliar seu alcance.” Tony Hsieh, CEO da Zappos, usou o Twitter e seu blog pessoal, no final de 2008, para anunciar e gerenciar demissões inesperadas. Ele falou bastante sobre o que estava acontecendo e como o processo foi doloroso para ele e outras pessoas na empresa. As demissões foram surpreendentemente bem, especialmente depois que ele respondeu aos comentários, por exemplo, estendendo um desconto aos empregados até depois das férias.

Quando confrontar o poder social, você pode pular com os dois pés, porque simplesmente você não pode se esconder. “Um erro comum da velha escola das empresas é a proibição de mídia social em toda a empresa,” diz Clara Shih, CEO da HearsaySocial, cujo software ajuda os negócios, principalmente as marcas de consumo, a gerir seus meios de comunicação social. “Mas pelo menos na América, nosso trabalho é uma parte muito importante da nossa identidade e a maioria das pessoas quer falar sobre isso. Funcionários entusiasmados vão falar sobre a marca e a companhia no Facebook, Twitter e LinkedIn.” Quando seus clientes defendem políticas de bloqueio contra meios de comunicação social, alegando que eles conseguiram manter os empregados off-line, eles desencadeiam boatos de “descobridores de páginas desonestas.” Para uma grande empresa, recentemente apareceram 60 mil páginas diferentes de mídia social onde empregados mencionaram ou discutiram assuntos da empresa. (Sem mencionar os milhares de perfis de funcionários no LinkedIn.) Ferramentas de boatos presumem algo elementar em um mundo de poder social: a de que a capacitação dos funcionários está diretamente ligada à capacitação de clientes, porque, inevitavelmente, acabam trabalhando, talvez até mesmo conspirando, juntos.

Pessoas comuns muitas vezes parecem melhores em gerenciar e acessar informações do que as gigantescas corporações em que trabalham ou compram. “As empresas, literalmente, não sabem o que está sendo dito sobre elas”, diz o ditado milenar. “Eles nem sequer se buscam no Google! Mas essa é a primeira coisa que alguém vai fazer se estiver pensando em ir trabalhar nessa empresa.” Esta é uma mudança fundamental no poder. “Nos velhos tempos, os gerentes estavam entre telefonemas e instruções. Eles tinham a informação,” diz Chris Cox, que supervisiona produtos no Facebook. “Os subalternos apenas trabalhavam distantes. Mas com a tecnologia, que torna mais fácil compartilhar e organizar as coisas, que o desequilíbrio desapareça.” Adiciona David Sacks, CEO do Yammer: “'Informação é poder' usado para dar significado de que a informação acumulada lhe deu força. Agora estamos vendo que o compartilhamento de informações é poder. Quanto mais você puder compartilhar mais você pode ajudar as outras pessoas, e mais se torna evidente que você é um especialista e um empregado valioso.”

Muito antes de a maioria de nós ver chegando, Ray Ozzie, um dos mais famosos fabricantes de ferramentas da indústria de software de comunicações, concentrou sua carreira de desenvolvimento de produto em uma mudança na direção do poder social. Mas ele ainda não pensa em empresas para obtê-lo. Ozzie substituiu Bill Gates, como arquiteto chefe de software da Microsoft, depois que a empresa comprou a Groove Networks, que ele fundou. Ele deixou a Microsoft no ano passado. “Os indivíduos estão exultantes com esses novos recursos, mas as empresas estão tão avessas ao risco como sempre estiveram. Muitas empresas estão hesitantes em criar uma cultura que permite a auto-capacitação porque têm medo do que pode acontecer se as pessoas fizerem as coisas por si próprias.” A criação de Ozzie do Lotus Notes, no final dos anos 80, foi destinada a armar os empregados com melhor informação e lhes permitir colaborar em equipes.

Mas apesar de ter sido um sucesso comercial, o potencial do Notes para promover a capacitação não foi aproveitado totalmente. Desde então, porém, poderosos softwares de colaboração, não apenas o notório Facebook, mas também Skype, LinkedIn e outras ferramentas, penetraram nas corporações pela rede e em bolsas e bolsos, transportados por funcionários, trazendo softwares de consumo superiores para o local de trabalho.

As empresas ainda estão lutando para recuperar o atraso, e a maioria delas provavelmente nunca conseguirá. A tecnologia para o consumidor continuará a ser melhor e mais barata do que a que é feita para os negócios. Quanto maior for o tamanho do mercado consumidor maior será a atração de investimento e inovação, e economias de escala empurram os preços da unidade para baixo - uma fórmula no coração do relativo poder do indivíduo sobre a empresa. David Stein, Co-CEO da Rypple, diz que para os empregados comuns “a expectativa agora é de que as ferramentas que as pessoas usam no trabalho são tão fáceis e divertidas como os que utilizam em sua vida pessoal. Se você usar sistemas de gerenciamento baseados nos anos 50, os funcionários vão se revoltar. Eles não querem se sentir como 'o cara' é só dizer a eles para fazer as coisas.” No Skype, o CEO Tony Bates não está incomodando em colocar na meta o mercado de negócios, porque, como ele diz, “as pessoas estão trazendo-a em negócios próprios. Em muitas empresas o Skype é o meio de comunicação número.”

Shoshana Zuboff descreveu esta mudança fundamental para os indivíduos e o poder social desde 2002. Quando a antiga professora da Harvard Business School, historiadora e co-autora de 'The Support Economy: Why Corporations are Failing Individuals' e de 'Next Episode of Capitalism', disse que o choque entre as pessoas com poderes e instituições hierárquicas foi posto em marcha nos anos 50. “A economia de produção em massa providenciou a segurança existencial para muitas, muitas pessoas,” diz ela. “Isso, por sua vez, produziu uma nova mentalidade humana - de um indivíduo auto-determinante. Esta mentalidade já foi o único recinto da elite: os ricos, artistas, poetas, filósofos. E tornou-se a mentalidade de todos.”

Ela agora defende um urgente repensamento da forma como todos os negócios são conduzidos. “Estamos falando de uma mudança fundamental, distanciada de um modelo de produção em massa", diz ela. “O valor tem sido entendido como algo que as empresas criam: Como faço para fazer o que eu tenho e vendê-lo para você? Mas neste mundo novo valor não é criado dentro da organização. Apóia-se nas necessidades não satisfeitas e os desejos do indivíduo. Agora eu tenho que ir até você e dizer: 'Quem é você? Conte-me sobre você. Como você quer viver? '” Ela diz que a indústria da música falhou notoriamente nesta última década. “Ela antecipou o valor que tinha criado o CD. E quando você não o quis, como eles reagiram? Bem, sobre como eles vão te caçar e te colocar na cadeia?”

Um número crescente de empresas iluminadas tem o objetivo de transformar o poder social para sua própria vantagem, colocando os clientes não na cadeia, mas em um pedestal. Tornam-se saudavelmente obcecadas com o que é dito sobre elas online. O Gatorade agora opera, em tempo integral, um centro de comando de mídia social onde não só monitora o que é dito sobre ele no Facebook, Twitter, blogs e outros lugares, mas também intervém quando necessário para esclarecer ou oferecer assistência. A Domino’s Pizza respondeu de forma brilhante o vídeo dos flagrantes de empregado em 2009, com uma mídia social singela e campanha publicitária que não fingia que o incidente não tivesse acontecido. Em meados de 2010, tinha recuperado a quota de mercado, que aumentou de forma dramática sua reputação on-line e vendas por comércio eletrônico. A Farmers Insurance usa o software da Hearsay Social para ajudar a 15.000 agentes em todo o país a manter suas próprias páginas no Facebook. Ela mesma começou um marketing em si, bastante adequado, no jogo Farmville pessoas jogam dentro do Facebook.

A Ford pega pistas de jovens, imersos em meios de comunicação social, para aviar os projetos de seus carros e como eles devem se comunicar. “O sufrágio digital está sobre nós,” proclama, em um e-mail, Venkatash Prasad, o líder da Ford para produtos e aplicações de redes sociais. “Todo mundo tem direito a um byte de ação, e temos que abraçar este poder do byte dentro de Ford, através do uso de redes sociais internas e externas.” Prasad se gaba do fato recente da Ford ter dirigido um carro através da América, tuitando: “Não um humano em um carro, um carro” Adiciona em outro e-mail, Sheryl Connelly, gerente de tendências de consumo da Ford: “Se você quer chegar aos mil anos, você tem que ir onde eles vivem, e isso significa online. Mil anos exigem mais do que engajamento. Eles querem que as suas contribuições sejam significativas.”

Aceitar o poder social como inevitável pode mudar significativamente o tipo de design de seus produtos. A Coca-Cola está instalando máquinas em restaurantes fast-food que permitem aos clientes formular suas próprias bebidas. Não para escolher apenas uma Coca-Cola ou Sprite. Agora você pode ir acima, com combinações de sabores novos e outras personalizações que o seu recém empoderado coração desejar.

Se você ignorar essas forças, você provavelmente irá falhar. Diz o consultor e autor Gary Hamel: “Os princípios subjacentes à Web, da hierarquia natural, colaboração, transparência e todo o resto, estas características vão ter de invadir a gestão. A idéia de uma hierarquia que, fundamentalmente, dá poder a poucos enquanto retira o poder de muitos está mais ou menos morta.” Para demonstrar que é possível este novo mundo, Hamel ajudou a liderar um fórum online, para idéias web, de influência na gestão: http://www.managementexchange.com/.

Não pense que as tendências em tecnologia, e o poder social resultante, nunca vão lhe dar uma trégua a partir das marés de mudança. O veterano da Lotus e da Microsoft, Ozzie, diz que: “Tudo isso se tornou impossível de parar a partir do momento em que alguém instalou a primeira rede - esta marcha é constante no sentido de reduzir o atrito e os custos das transações encaradas pelos indivíduos. E você ainda não viu nada.”

Reportagem adicional de Adam Ludwig.

Para mais informações sobre a conferência Techonomy 2011 (13-15 novembro), visite http://www.techonomy.com/ . Você pode também acompanhar a Techonomy no Twitter e no Facebook.

1- Fonte: Forbes: Social Power and the Coming Corporate Revolution:

2- David Kirkpatrick é um escritor, jornalista e autor do livro "The Facebook Effect". Saiba mais em: http://www.facebook.com/thefacebookeffect

TRADUÇÃO LIVRE DE RONALD SANSON STRESSER JUNIOR ~ SIN PERMISSO


domingo, 4 de setembro de 2011

Fronteiras do Pensamento 2011: Zygmunt Bauman




O sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, nasceu na Posnânia em 1925, escapou dos horrores do Holocausto que aguardavam os judeus poloneses na 2ª Grande Guerra, quando fugir com sua família para a Rússia em 1939. De lá voltou depois que a guerra acabou, filiou-se então ao Partido Comunista, estudou na Universidade de Varsóvia e conheceu Janina, com quem está casado há 55 anos e com quem teve três filhas. Conhecido mundialmente por seu conceito de Modernidade líquida; em que as ideias de emancipação, individualidade, tempo/espaço, trabalho e comunidade estão propensas a mudar com rapidez e de forma imprevisível.

Autor prdutivo e conhecido mundialmente, sua fama e imersão nos temas que aborda aumentaram após sua aposentadoria, em 1990. 16 de seus 25 livros foram publicados após essa data e cinco obras dedicadas ao estudo de seu pensamento foram escritas nos últimos anos. Descrito certa vez como "profeta da pós-modernidade" - título com o qual Zygmunt não concorda -, por suas reflexões sobre as condições do mundo da "modernidade líquida", os temas abordados por Bauman tendem a ser amplos, variados e focalizados na vida cotidiana dos homens e mulheres comuns.

Globalização, política, sociedade de consumo, comunidade, individualidade e segurança são algumas das questões abordadas pelo sociólogo, sempre focando a dimensão ética e humanitária que deve nortear tudo o que diz respeito à condição humana. Zygmunt Bauman é uma das vozes a permanentemente questionar a ação dos governos neoliberais que dão amplo apoio às forças do mercado ao passo em que abdicam da responsabilidade de promover justiça social.

Atualmente Bauman é o chefe do departamento de sociologia da Universidade de Leeds, na Inglaterra, onde reside hoje com sua família. Ele esteve no Brasil em julho deste ano, convidado pelo Fronteiras do Pensamento 2011. Assista abaixo a entrevista com Zygmunt Bauman, para o Fronteiras do Pensamento, apresentada na ocasião do encontro com o pensador francês Edgar Morin.


sábado, 3 de setembro de 2011

Todo criminoso digital é hacker?



Todo criminoso digital é hacker?
Fazendo minha leitura diária na coluna de tecnologia, do jornal O Globo, vi uma notícia que me chamou a atenção

Falava de um hacker norte-americano, que foi condenado pela justiça daquele país a seis anos de prisão por 'extorsão sexual'. 

Segundo a matéria, o criminoso enviava anexado a arquivos, como músicas e imagens, scripts maliciosos para suas vítimas. As desavisadas abriam os arquivos e acabavam instalando um cavalo de tróia no computador. Depois disso o meliante conseguia total acesso aos arquivos, e-mail e até webcam de mais de 100 computadores.

Tudo bem, o pervertido pegou seis anos de cadeia, rezemos para que saia recuperado após pagar por seus crimes. Tudo justo e claro, penso eu, exceto denominar o marginal como hacker. Pelo que consta na Wikipédia, “Originalmente, e para certos programadores, hackers (singular: hacker) são indivíduos que elaboram e modificam software e hardware de computadores, seja desenvolvendo funcionalidades novas, seja adaptando as antigas.”

Ainda, segundo a Wikipédia, “A verdadeira expressão para invasores de computadores é denominada Cracker e o termo designa programadores maliciosos e ciberpiratas que agem com o intuito de violar ilegal ou imoralmente sistemas cibernéticos”.

Todos sabem que hackers têm sido contratados por bancos, empresas de telecomunicações, fabricantes de telefone celular, computadores e diversos outros setores, para trabalhar em segurança digital. Então acho perigoso, sempre que pegam um marginal que comete crimes pela internet, rotular o hacker como o praticante de toda e qualquer transgressão acontecida no espaço cibernético.

Pervertido sexual e chantagista mudou de nome? Acho que não, continua, dentro ou fora do universo virtual, sendo qualificado pelo mesmo crime que seria se o tivesse cometido nas ruas. Meu raciocínio é que se uma pessoa invade a casa da outra, seja pela porta ou pela conexão de internet, está invadindo e pronto, pego como invasor vai cumprir pena como tal. Se é um pervertido sexual, não é porque usa a internet que vira hacker, dentro e fora da rede é pervertido sexual da mesma forma e deve pagar igual. Qualquer crime cometido na rede mundial de computadores encontra paralelo no universo material.

Desde que inventaram o correio, junto surgiram às fraudes e abusos com o serviço postal e destinatários. Quem não se lembra da caixa de correio lotada de propaganda, é porque já teve seu nascimento divulgado por e-mail. E aquela propaganda de publicação que vinha dizendo, ‘você foi escolhido para ganhar nosso grande premio’. Da mesma forma o advento da telefonia trouxe consigo o trote, e os crimes cometidos por telefone, como falsa denuncia, tentativas de extorsão, grampos ilegais, etc. Por que com os computadores é diferente? Se Todo criminoso digital é hacker, então a pena deveria ser igual. Não vejo aí qual a vantagem para sociedade, rotular quem comete crimes pela internet como hacker. O criminoso e o crime são os mesmos, se foram oriundos do espaço virtual, ou não, pouco importa.

Todas as contravenções e crimes estão previstos em lei, se forem cometidos na rua, ou onde quer que seja, devem ser punidos da mesma forma. Invasão de computador é invasão de domicílio, afinal entram no seu computador, que está dentro da sua casa. Um hacker é apenas um especialista em tecnologia, se ele vai usar esta tecnologia para o bem ou para o mal, é outra questão. Se alguém comete um crime, acho que o fato de ter sido praticado conectado, ou desconectado, pouco importa, a justiça é igual para todos, ao menos na teoria... a lei é dura, mas é a lei.