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domingo, 30 de outubro de 2011

Perdeu o Trabalho? Venha pro #OcupaRio!




sábado, 22 de outubro de 2011

O Movimento Ocupa Rio ~ 22/10/2011 ~ A Ocupação



Hoje fui até a Cinelândia participar da assembléia geral do Ocupa Rio. No caminho passei na casa de um amigo, no Leme, e seguimos pra cidade. Chegamos por volta de 12h30 e demoramos um pouco pra localizara a galera. Tinha uma empresa de eventos montando a estrutura pro Circuito Light Rio Antigo - Etapa Cinelândia, uma prova desportiva marcada pro dia seguinte.

Andamos até o Teatro Municipal e vimos vários turistas tirando fotos dos prédios históricos da Praça da Cinelândia, já íamos saindo fora quando vi um pessoal sentado nas escadarias da Câmara Municipal. Pronto! Achamos o povo ocupando. Eram umas 30 ou 40 pessoas, nos apresentamos e começamos a trocar idéias com o pessoal.

Não demorou meia hora meu amigo resolveu sair fora, ele disse, 'e aí Ronald, vamos nessa?', respondi que não. Resolvi ficar ali mesmo. Sabe quando rola afinidade de idéias? Pois é, foi o que aconteceu. Conversando ali com aquelas pessoas me senti parte delas. O JP foi de metrô pra casa...

Fora uma pessoa que veio com papo de defender políticos - apesar de seguir e até conversar com alguns no twitter, ando descrente de todos -, me enturmei com todo mundo. Sabe, nada contra política, mas tudo contra a política viciada que é praticada em todo o mundo, onde pessoas que se acham salvadores da pátria tentam diariamente nos enfiar goela abaixo medidas insustentáveis que na verdade favorecem apenas 1% da população.

Bateu até um flashback, não sei se de vida passada ou das aulas de filosofia que tive na faculdade e na pós-graduação. Me senti ali como acho deveriam se sentir os gregos clássicos. Uma verdadeira ágora. Notei pelo papo que todo mundo que estava ali sentado nas escadarias da Câmara tem bom nível cultural e com toda certeza, deu pra notar, a maioria tem curso de graduação.

As idéias fluíram livremente, de forma linear, e tudo que se decidiu ali foi através de consenso. Uma pessoa respeitando a idéia da outra, debatendo sem paixão e com inteligência e se ali alguém quiser liderar ou se sobressair arrisca ficar falando sozinho. Todo mundo ouviu todo mundo que tinha alguma coisa pra dizer.

Decidiu-se hoje por ocupar pra valer, montar acampamento, como está acontecendo em centenas de cidades ao redor do Planeta. Falamos da filosofia por trás do movimento e além de nossas próprias idéias foram abordadas idéias de diversos autores, partindo de Frei Betto, passando pelo Movimento Zeitgeist, discorrendo o discurso que Naomi Klein fez em Wall Street, indo até Slavoj Zizek, dentre outros.

A galera tá forte na teoria e ninguém está ali de brincadeira ou apenas pra fazer barulho. O desejo de mudança é grande e não basta uma mudança local, tem que ser global.

Conversando, debatendo, o tempo foi passando, e por volta de 14h00, quando olhei em volta já eram mais de 100 pessoas, foi quando a galera - a turma mais ativa na organização da ocupação - chamou pra abrir a roda da assembléia geral, um debate onde fizemos um círculo e todos que quiseram falar foram ouvidos.

Após aproximadamente uma hora de assembléia, chegou-se então ao consenso de iniciar a ocupação pra valer, como está acontecendo em todos os grandes centros metropolitanos do Planeta. Nesse meio tempo foram chegando mais e mais pessoas, muitos começaram a pintar cartazes em cartolinas e papelão, outros apenas ouviam, outros que passavam foram se unindo a nós e de repente já contava mais de 200 pessoas.

Passei horas lá na Cinelândia, e olhando ao redor percebi que o lugar foi muito bem escolhido. Ali se vê a riqueza gasta pra reformar o Teatro Municipal, palco de grandes espetáculos destinados a nata da sociedade carioca, a câmara de vereadores, centro do poder municipal da cidade do Rio, a Biblioteca Nacional, bancos, comércio e bares/restaurantes onde uma água mineral pequena custa 3 reais, um sanduíche de pão com bife 10 reais. Ao mesmo tempo a Praça da Cinelândia abriga uma das maiores populações de moradores de rua da cidade. Ali se vê perfeitamente o abismo social no qual vivemos, é um lugar emblemático.

A polícia também passou por lá, enquanto a PM apenas observou - algumas viaturas transitaram fazendo normalmente sua ronda, como é de costume na Cinelândia - a Guarda Municipal abordou as pessoas do movimento por duas vezes, uma pra pedir que saíssemos da área onde estava sendo montada a estrutura para a prova atlética do domingo (corrida e caminhada) e em outra oportunidade de forma mais incisiva, orientando para que não fosse afixado nada nas árvores e monumentos do local. Tudo também dentro da normalidade, os agentes foram educados e não reprimiram a manifestação, respeitaram nossos direitos numa boa. Neste momento houve apenas um pouquinho de tensão, devido a truculência que o movimento sofreu por parte das autoridades em outras cidades.

Quando a Guarda foi embora todos se descontraíram bastante, o acampamento foi montado e se abriram diversas rodas com atividades artísticas, bazar de troca, debates e bate-papo amigável, tudo num clima de perfeita harmonia, paz e respeito mútuo. Depois de passar cinco horas ocupando precisei vir pra casa, não pude ficar lá acampando hoje, mas confesso que a vontade foi grande.

Realmente é uma mobilização com astral ótimo, onde as pessoas se integram e se unem em torno de ideais, de idéias e objetivos comuns. Como uma boa parte do pessoal já tinha estado lá no final de semana passado, e a maioria da galera que foi lá pra ocupar e acampar já havia se conectado antes, através da Internet, senti um clima parecido com o de uma reunião entre bons amigos, que não se viam há algum tempo.

Quando parti já havia por lá, certamente, mais de 500 pessoas e com certeza vou voltar; passar outros dias e talvez até noites agradáveis com estes concidadãos e concidadãs, dotados de nobre consciência e grande coração. No mais acho que as imagens que postei aqui falam por si. Realmente sensacional! Puro Axé!

Somos 99% e vamos continuar ocupando! O Ocupa Rio é igual o Amarelinho, não fecha nunca.

Texto e fotos: Ronald Sanson Stresser Junior

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Nova Usina Solar gera energia até durante a noite




Foi inaugurada no final de setembro (2011), na Espanha, um novo tipo de usina de energia solar, que continua funcionando mesmo durante a noite. Chamada 'Gemasolar', a usina "concentrada de energia solar", que custou 325 milhões de dólares, foi inaugurada perto de Sevilha. O evento contou com a presença do Rei da Espanha, Juan Carlos I, e de Mohammed bin Sheik Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro de Abu Dhabi, parceiro no projeto.

Construída por uma joint venture, entre a Abu Dhabi's Masdar Energy Company e a Sener, empresa espanhola de engenharia e construção, a usina foi saudada pelos dois líderes como um grande avanço tecnológico; por causa do pioneirismo em seu projeto, que usa sal fundido para manter as turbinas funcionando após o anoitecer. "Durante o dia, nós captamos a energia do Sol e a armazenamos em um tanque", disse à CNN o engenheiro mecânico da Sener, Santiago Arias. "Então, sempre que nós queremos, independentemente se é dia ou noite, convertemos essa energia em eletricidade."

A joint venture, Torresol Energy, desenvolveu o gerador para concentrar o calor refletido de uma matriz, de 2.650 grandes espelhos, para um receptor no topo de uma torre central de 450 metros. A luz do sol aquece até uma temperatura de 930 graus Fahrenheit - muito mais quente do que os atuais geradores solares. Seus fabricantes dizem que ela pode fazer isso porque ele usa sal fundido, ao invés de óleo, para transferir o calor e produzir vapor pressurizado na turbina, aumentando significativamente a eficiência da usina.

Isto ocorre porque o sal retém o calor por até 15 horas, podendo assim fornecer a energia térmica, necessária para acionar a turbina, muito tempo depois do por do Sol. A Torresol diz que a usina tem uma capacidade de 19,9 megawatts, o suficiente para fornecer eletricidade para 27.500 famílias no sul da Espanha, e pode operar em plena capacidade por um total de 6.450 horas anuais. A usina deverá economizar, por ano, mais de 30 mil toneladas em emissões de dióxido de carbono.

Funcionários da Torresol preveem que a instalação, que começou a operar em maio deste ano, chegará a 70% de sua capacidade já em 2012. Segundo eles a produção de energia será competitiva com a das atuais usinas que usam a queima de combustíveis fósseis para produção de eletricidade. "A produção de electricidade é muito maior no verão do que no inverno, mas é claro que é projetada para funcionar durante todo o ano", disse Arias à emissora francesa EuroNews .

A tecnologia é realmente de ponta e promissora, mas ainda é cara, disse Judith Cherni, pesquisadora do Centro de Política de Energia e Tecnologia do Imperial College de Londres. Em um artigo para o jornal online International Business Times, Cherni elogiou uso de energia de armazenamento de sais e a alta capacidade da usina. Mas, acrescentou, há "alguns problemas" com seus custos e tamanho - pois sua vasta gama de espelhos ocupa cerca de 450 acres.

"Com um custo de 325 milhões, a replicação do sistema Gemasolar em outras partes do mundo, particularmente na Europa, pode ser um desafio", escreveu ela. "Resta ver se o financiamento adicional pode ser obtido antes da validação completa da tecnologia ser alcançada, o que pode de fato requerer exposição a todos os tipos de clima e às estações." O custo médio por watt entregue é elevado em comparação com a energia eólica e geotérmica, observou ela, mas apenas ligeiramente mais caro do que as formas mais tradicionais de energia solar.


Fonte/Links relacionados: SolarDaily.com

29 de outubro - Marcha Global de #RobinHood



Uma proposta para as assembléias gerais do movimento occupy, originada dos companheiros que ocupam a Wall St, em Nova Iorque.

Há pouco mais de oito anos atrás, em 15 de fevereiro de 2003, mais de 15 milhões de pessoas em sessenta países marcharam juntos para tentar impedir o então presidente dos EUA, George Bush, de invadir o Iraque. Uma parcela enorme da humanidade se uniu por um dia, sem temer qualquer represália, e vislumbrou o poder que um movimento - no qual o povo está unido - tem.

Agora temos a oportunidade de repetir esse desempenho em uma escala ainda maior.

Em 29 de outubro, às vésperas da Cúpula de Líderes do G20 na França, vamos nos levantar. Vamos nos unir às pessoas do mundo inteiro e exigir que nossos líderes, que vão participar do G20, façam como o personagem mítico #RobinHood e imponham imediatamente um imposto maior em todas as transações financeiras e negócios cambiais de 1% da população, que são os detentores da maioria dos recursos financeiros do Planeta.

É perfeitamente justo tirar mais dos ricos e distribuir entre os pobres. O que não podemos é permitir que continuem a tirar dos pobres para distribuir entre os ricos, tornando-os ainda mais ricos. As grandes fortunas devem ser taxadas sem dó nem piedade, pois para serem formadas seus detentores não mostraram qualquer compaixão ou respeito para com seus semelhantes.

Vamos enviara nossos líderes uma mensagem clara:

Nós queremos que vocês desacelerem um pouco o giro desse dinheiro - cerca de $ 1,3 trilhões de dólares fáceis - que circula todos os dias na panelinha do cassino glogal dos multimilhonários. Esse dinheiro que gira diariamente na especulação financeira - na crença ingenua e cruel da acumulação infinita - é dinheiro suficiente para financiar todos os programas sociais e iniciativas ambientais que existe ao redor do mundo. Basta de hipocrisia. Com estes recursos, que são verdadeiramente fartos, pode ser proporcionado um padrão de vida digno para todos na Terra.

Vamos levar essa idéia para cada célula do movimento Occupy e nos mobilizar junto com nossos companheiros, nas ruas, em 29 de outubro.

Não conseguimos impedir o Bush de fazer a guerra no Iraque e hoje americanos e iraquianos, dentre outros tantos, pagam um preço enorme pela burrice e pela ganância de seus líderes de então. Só quem ganha com as guerra é a indústria armamentista, que fatura trilhões com o derramamento do sangue de milhões de inocentes.

O argumento é um só:

Se nós elegemos nossos líderes eles devem trabalhar para nós e não para os que financiaram suas campanhas, pagando a conta de seus programas de TV, adesivos, broches, comitês de campanha e etc... afinal não é o dinheiro e sim o voto que lhes deu o poder. 

Se estes que pagam a conta dos políticos se unissem para votar, não elegem nem um síndico de prédio. É um absurdo, uma afrota, os políticos darem hoje mais valor ao dineiro de seus mecenas que ao voto de seus eleitores.

Basta de colocarem champagne, caviar, mansões, iates e jatinhos de luxo na nossa conta. Nós somos 99% e vamos juntos ocupar!

rssj

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Nós temos um sonho... ☀ We have a dream...

Martin Luther King , Jr.
(15/01/1929 - 4/04/1968)

"Eu Tenho Um Sonho" é o nome popular dado ao histórico discurso público feito pelo ativista político estadunidense Martin Luther King, no qual falava da necessidade de união e coexistência harmoniosa entre negros e brancos no futuro. O discurso, realizado no dia 28 de agosto de 1963 nos degraus do Lincoln Memorial em Washington, D.C. como parte da Marcha de Washington por Empregos e Liberdade, foi um momento decisivo na história do Movimento Americano pelos Direitos Civis. Feito em frente a uma platéia de mais de duzentas mil pessoas que apoiavam a causa, o discurso é considerado um dos maiores na história e foi eleito o melhor discurso estadunidense do século XX numa pesquisa feita no ano de 1999.

"...No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma.

Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.

E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?"

Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.

Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero.

Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.

"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto. Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos... De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"

E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro. E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire. Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York. Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania. Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado. Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia. Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee. Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.

Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade!

E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, estamos dispostos a dar as mãos e cantar ao mundo que somos um único espírito:

"Livre afinal, livre afinal. Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."


Opinião:

O sonho é nosso e nunca esteve tão perto de se realizar. O sonho de um mundo mais justo, realmente democrático, no qual as decisões são tomadas por todos e não apenas por uma casta seleta que se perpetua no poder. A mudança está em nossas mãos!

Este discurso feita há quase 50 anos está mais atual que nunca, pois a luta pelos direitos humanos e liberdades civis se ampliou, tomou corpo, forma e hoje se espalha como rastilho de pólvora pelas cabeças e corações de todos que antes se viam reprimidos e obrigados a seguir uma ordem mundial falida e insustentável. O discurso que Martin Luther King fez em 28 de agosto de 1963 nos degraus do Lincoln Memorial em Washington. Estas palavras valem para os quatro cantos do mundo.

O ativista político norte-americano se dirigiu na época, principalmente, aos negros, que sofriam muito com ranço do preconceito por parte das elites racistas nos Estados Unidos. Hoje este discurso vale para todos nós, inclusive para aqueles que na época tinham esta ilusão tola de fazer parte de uma eleite, que na verdade nunca existiu.

Se o tom da sua pele é branco, isto aconteceu porque quando o homem migrou da África para o norte da Europa, há cerca de 50 mil anos, devido a mudanças repentinas no clima do Planeta, desta forma, quando o homem migrou para o norte - terras mais frias e com menos incidência de raios solares – sua pele se tornou totalmente branca... Provas científicas nos mostram que os brancos, orientais e todas as demais raças humanas se originaram no continente africano, berço da humanidade. Por isto devemos partir do princípio lógico de que somos todos irmãos e irmãs, as diferenças são apenas superficiais.

Nossa luta hoje não é apenas por causa das mudanças climáticas e das profundas transformações que sofre nosso Planeta. Nossa luta de hoje não é apenas contra a corrupção. Como nos tempos da Roma antiga a luta da humanidade é contra uma casta que se apoderou da riqueza comum do Planeta, promovendo barbáries através de guerras sem fim, injustiças, segregação e exclusão social.

Os recursos naturais não são infinitos e a acumulação eterna de riquezas é injusta e ao mesmo tempo ingênua, pois é insustentável a médio e longo prazo. Não podemos ficar pagando a conta por incompetência de governantes que fazem vista grossa à corrupção e ao sofrimento de 99% da população mundial. Se um banco ou uma carteira de especulação, como são os fundos de ações, quebra nós não temos nada a ver com isso e não cabe a nós pagar por estas causas inescrupulosas e irresponsáveis que na verdade beneficiam apenas 1% dos habitantes da Terra. É hora de levantarmos nossas vozes em coro e dizer: “Não! Nós não vamos pagar pela sua crise!”

Se Martin Luther King tinha um sonho, hoje nós compartilhamos deste mesmo sonho. Hoje nós temos um sonho! E juntos, de mãos dadas, num só coração e com uma só voz, faremos este sonho virar realidade!

TODO PODER EMANA DO POVO E PELO POVO DEVE SER EXERCIDO!

Somos a mudança que queremos ver no mundo, não existe outra realidade que possa ser criada a não ser aquela realidade que nós mesmos criamos.


Me responda, qual é a Terra da Liberdade, qual é terra da democracia!?! Sem ter minha mente e minha alma assombradas pelo medo ou pelo fantasma secular da hipocrisia. Sem estar preso a nenhum partido político ou à qualquer armadilha ou amarra social, tendo a crença de que somos um e o Deus é um só, lhe digo: A Terra que deixaremos como herança às futuras gerações é o nosso verdadeiro legado. Assita o documentário a seguir e reflita, desprograme-se, liberte-se e junte-se ao movimento, vamos ocupar, pois ainda há tempo! 
R.S.S.Jr. (Ronald 𓂀)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

“Occupy Wall Street”: o movimento mais importante do mundo hoje

Naomi Klein
7/10/2011, Naomi Klein, Commondreams
Occupy Wall Street: The Most Important Thing in the World Today
via Coletivo da Vila Vudu

Foi uma honra, para mim, ter sido convidada a falar em Occupy Wall Street na 5ª-feira à noite. Dado que os amplificadores estão (infelizmente) proibidos, e o que eu disser terá de ser repetido por centenas de pessoas, para que outros possam ouvir (o chamado “microfone humano”), o que vou dizer na Liberty Plaza terá de ser bem curto. Sabendo disso, distribuo aqui a versão completa, mais longa, sem cortes, da minha fala.

Occupy Wall Street é a coisa mais importante do mundo hoje [1]

Eu amo vocês.

E eu não digo isso só para que centenas de pessoas gritem de volta “eu também te amo”, apesar de que isso é, obviamente, um bônus do microfone humano. Diga aos outros o que você gostaria que eles dissessem a você, só que bem mais alto.

Ontem, um dos oradores na manifestação dos trabalhadores disse: “Nós nos encontramos uns aos outros”. Esse sentimento captura a beleza do que está sendo criado aqui. Um espaço aberto (e uma ideia tão grande que não pode ser contida por espaço nenhum) para que todas as pessoas que querem um mundo melhor se encontrem umas às outras. Sentimos muita gratidão.

Se há uma coisa que sei, é que o 1% adora uma crise. Quando as pessoas estão desesperadas e em pânico, e ninguém parece saber o que fazer: eis aí o momento ideal para nos empurrar goela abaixo a lista de políticas pró-corporações: privatizar a educação e a seguridade social, cortar os serviços públicos, livrar-se dos últimos controles sobre o poder corporativo. Com a crise econômica, isso está acontecendo no mundo todo.

Só existe uma coisa que pode bloquear essa tática e, felizmente, é algo bastante grande: os 99%. Esses 99% estão tomando as ruas, de Madison a Madri, para dizer: “Não. Nós não vamos pagar pela sua crise”.

Esse slogan começou na Itália em 2008. Ricocheteou para Grécia, França, Irlanda e finalmente chegou a esta milha quadrada onde a crise começou.

“Por que eles estão protestando?”, perguntam-se os confusos comentaristas da TV. Enquanto isso, o mundo pergunta: “por que vocês demoraram tanto? A gente estava querendo saber quando vocês iam aparecer.” E, acima de tudo, o mundo diz: “bem-vindos”.

Muitos já estabeleceram paralelos entre o Ocupar Wall Street e os assim chamados protestos antiglobalização que conquistaram a atenção do mundo em Seattle, em 1999. Foi a última vez que um movimento descentralizado, global e juvenil fez mira direta no poder das corporações. Tenho orgulho de ter sido parte do que chamamos “o movimento dos movimentos”.

Mas também há diferenças importantes. Por exemplo, nós escolhemos as cúpulas como alvos: a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional, o G-8. As cúpulas são transitórias por natureza, só duram uma semana. Isso fazia com que nós fôssemos transitórios também. Aparecíamos, éramos manchete no mundo todo, depois desaparecíamos. E na histeria hiper-patriótica e nacionalista que se seguiu aos ataques de 11 de setembro, foi fácil nos varrer completamente, pelo menos na América do Norte.

O Ocupar Wall Street, por outro lado, escolheu um alvo fixo. E vocês não estabeleceram nenhuma data final para sua presença aqui. Isso é sábio. Só quando permanecemos podemos assentar raízes. Isso é fundamental. É um fato da era da informação que muitos movimentos surgem como lindas flores e morrem rapidamente. E isso ocorre porque eles não têm raízes. Não têm planos de longo prazo para se sustentar. Quando vem a tempestade, eles são alagados.

Ser horizontal e democrático é maravilhoso. Mas esses princípios são compatíveis com o trabalho duro de construir e instituições que sejam sólidas o suficiente para aguentar as tempestades que virão. Tenho muita fé que isso acontecerá.

Há outra coisa que este movimento está fazendo certo. Vocês se comprometeram com a não-violência. Vocês se recusaram a entregar à mídia as imagens de vitrines quebradas e brigas de rua que ela, mídia, tão desesperadamente deseja. E essa tremenda disciplina significou, uma e outra vez, que a história foi a brutalidade desgraçada e gratuita da polícia, da qual vimos mais exemplos na noite passada. Enquanto isso, o apoio a este movimento só cresce. Mais sabedoria.

Mas a grande diferença que uma década faz é que, em 1999, encarávamos o capitalismo no cume de um boom econômico alucinado. O desemprego era baixo, as ações subiam. A mídia estava bêbada com o dinheiro fácil. Naquela época, tudo era empreendimento, não fechamento.

Nós apontávamos que a desregulamentação por trás da loucura cobraria um preço. Que ela danificava os padrões laborais. Que ela danificava os padrões ambientais. Que as corporações eram mais fortes que os governos e que isso danificava nossas democracias. Mas, para ser honesta com vocês, enquanto os bons tempos estavam rolando, a luta contra um sistema econômico baseado na ganância era algo difícil de se vender, pelo menos nos países ricos.

Dez anos depois, parece que já não há países ricos. Só há um bando de gente rica. Gente que ficou rica saqueando a riqueza pública e esgotando os recursos naturais ao redor do mundo.

A questão é que hoje todos são capazes de ver que o sistema é profundamente injusto e está cada vez mais fora de controle. A cobiça sem limites detona a economia global. E está detonando o mundo natural também. Estamos sobrepescando nos nossos oceanos, poluindo nossas águas com fraturas hidráulicas e perfuração profunda, adotando as formas mais sujas de energia do planeta, como as areias betuminosas de Alberta.

A atmosfera não dá conta de absorver a quantidade de carbono que lançamos nela, o que cria um aquecimento perigoso. A nova normalidade são os desastres em série: econômicos e ecológicos.

Estes são os fatos da realidade. Eles são tão nítidos, tão óbvios, que é muito mais fácil conectar-se com o público agora do que era em 1999, e daí construir o movimento rapidamente.

Sabemos, ou pelo menos pressentimos, que o mundo está de cabeça para baixo: nós nos comportamos como se o finito – os combustíveis fósseis e o espaço atmosférico que absorve suas emissões – não tivesse fim. E nos comportamos como se existissem limites inamovíveis e estritos para o que é, na realidade, abundante – os recursos financeiros para construir o tipo de sociedade de que precisamos.

A tarefa de nosso tempo é dar a volta nesse parafuso: apresentar o desafio à falsa tese da escassez. Insistir que temos como construir uma sociedade decente, inclusiva – e ao mesmo tempo respeitar os limites do que a Terra consegue aguentar.

A mudança climática significa que temos um prazo para fazer isso. Desta vez nosso movimento não pode se distrair, se dividir, se queimar ou ser levado pelos acontecimentos. Desta vez temos que dar certo. E não estou falando de regular os bancos e taxar os ricos, embora isso seja importante.

Estou falando de mudar os valores que governam nossa sociedade. Essa mudança é difícil de encaixar numa única reivindicação digerível para a mídia, e é difícil descobrir como realizá-la. Mas ela não é menos urgente por ser difícil.

É isso o que vejo acontecendo nesta praça. Na forma em que vocês se alimentam uns aos outros, se aquecem uns aos outros, compartilham informação livremente e fornecem assistência médica, aulas de meditação e treinamento na militância. O meu cartaz favorito aqui é o que diz “eu me importo com você”. Numa cultura que treina as pessoas para que evitem o olhar das outras, para dizer “deixe que morram”, esse cartaz é uma afirmação profundamente radical.

Algumas ideias finais. Nesta grande luta, eis aqui algumas coisas que não importam:

  • Nossas roupas.
  • Se apertamos as mãos ou fazemos sinais de paz.
  • Se podemos encaixar nossos sonhos de um mundo melhor numa manchete da mídia.

E eis aqui algumas coisas que, sim, importam:

  • Nossa coragem.
  • Nossa bússola moral.
  • Como tratamos uns aos outros.

Estamos encarando uma luta contra as forças econômicas e políticas mais poderosas do planeta. Isso é assustador. E na medida em que este movimento crescer, de força em força, ficará mais assustador. Estejam sempre conscientes de que haverá a tentação de adotar alvos menores – como, digamos, a pessoa sentada ao seu lado nesta reunião. Afinal de contas, essa será uma batalha mais fácil de ser vencida.

Não cedam a essa tentação. Não estou dizendo que vocês não devam apontar quando o outro fizer algo errado. Mas, desta vez, vamos nos tratar uns aos outros como pessoas que planejam trabalhar lado a lado durante muitos anos. Porque a tarefa que se apresenta para nós exige nada menos que isso.

Tratemos este momento lindo como a coisa mais importante do mundo. Porque ela é. De verdade, ela é. Mesmo.
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Fonte / Nota da Vila Vudu:

[1] Discurso originalmente publicado no The Nation. Tradução para o português do Brasil, de Idelber Alvelar, da Revista Fórum.


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domingo, 9 de outubro de 2011

Adeus Europa

Frei Betto - escritor e assessor de movimentos sociais
via Adital, publicado em 30.09.11 - Seção Mundo

Lembram-se da Europa resplandecente dos últimos 20 anos, do luxo das avenidas do Champs-Élysées, em Paris, ou da Knightsbridge, em Londres? Lembram-se do consumismo exagerado, dos eventos da moda em Milão, das feiras de Barcelona e da sofisticação dos carros alemães?

Tudo isso continua lá, mas já não é a mesma coisa. As cidades europeias são, hoje, caldeirões de etnias. A miséria empurrou milhões de africanos para o velho continente em busca de sobrevivência; o Muro de Berlim, ao cair, abriu caminho para os jovens do Leste europeu buscarem, no Oeste, melhores oportunidades de trabalho; as crises no Oriente Médio favorecem hordas de novos imigrantes.

A crise do capitalismo, iniciada em 2008, atinge fundo a Europa Ocidental. Irlanda, Portugal e Grécia, países desenvolvidos em plena fase de subdesenvolvimento, estendem seus pires aos bancos estrangeiros e se abrigam sob o implacável guarda-chuva do FMI.

O trem descarrilou. A locomotiva – os EUA – emperrou, não consegue retomar sua produtividade e atola-se no crescimento do desemprego. Os vagões europeus, como a Itália, tombam sob o peso de dívidas astronômicas. A festa acabou.

Previa-se que a economia global cresceria, nos próximos dois anos, de 4,3% a 4,5%. Agora o FMI adverte: preparem-se, apertem os cintos, pois não passará de 4%. Saudades de 2010, quando cresceu 5,1%.

O mundo virou de cabeça pra baixo. Europa e EUA, juntos, não haverão de crescer, em 2012, mais de 1,9%. Já os países emergentes deverão avançar de 6,1% a 6,4%. Mas não será um crescimento homogêneo. A China, para inveja do resto do mundo, deverá avançar 9,5%. O Brasil, 3,8%.

Embora o FMI evite falar em recessão, já não teme admitir estagnação. O que significa proliferação do desemprego e de todos os efeitos nefastos que ele gera. Há hoje, nos 27 países da União Europeia, 22,7 milhões de desempregados. Os EUA deverão crescer apenas 1% e, em 2012, 0,9%. Muitos brasileiros, que foram para lá em busca de vida melhor, estão de volta.

Frente à crise de um sistema econômico que aprendeu a acumular dinheiro mas não a produzir justiça, o FMI, que padece de crônica falta de imaginação, tira da cartola a receita de sempre: ajuste fiscal, o que significa cortar gastos do governo, aumentar impostos, reduzir o crédito etc. Nada de subsídios, de aumentos de salários, de investimentos que não sejam estritamente necessários.

Resultado: o capital volátil, a montanha de dinheiro que circula pelo planeta em busca de multiplicação especulativa, deverá vir de armas e bagagens para os países emergentes. Portanto, estes que se cuidem para evitar o superaquecimento de suas economias. E, por favor, clama o FMI, não reduzam muito os juros, para não prejudicar o sistema financeiro e os rendimentos do cassino da especulação.

O fato é que a zona do euro entrou em pânico. A ponto de os governos, sem risco de serem acusados de comunismo, se prepararem para taxar as grandes fortunas. Muitos países se perguntam se não cometeram uma monumental burrada ao abrir mão de suas moedas nacionais para aderir ao euro. Olham com inveja para o Reino Unido e a Suíça, que preservam suas moedas.

A Grécia, endividada até o pescoço, o que fará? Tudo indica que a sua melhor saída será decretar moratória (afetando diretamente bancos alemães e franceses) e pular fora do euro.

Quem cair fora do euro terá de abandonar a União Europeia. E, portanto, ficar à margem do atual mercado unificado. Ora, quando os primeiros sintomas dessa deserção aparecerem, vai ser um deus nos acuda: corrida aos saques bancários, quebra de empresas, desemprego crônico, turbas de emigrantes em busca de, sabe Deus onde, um lugar ao sol.

Nos anos 80, a Europa decretou a morte do Estado de bem-estar social. Cada um por si e Deus por ninguém. O consumismo desenfreado criou a ilusão de prosperidade perene. Agora a bancarrota obriga governos e bancos a pôr as barbas de molho e repensar o atual modelo econômico mundial, baseado na ingênua e perversa crença da acumulação infinita.

[Frei Betto é escritor, autor do romance "Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/ twitter: @freibetto. Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor.]

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Steve Jobs - A Biografia




Autor: Isaacson, Walter
Editora: Companhia das Letras
Número de Paginas : 632
Categoria: Literatura Estrangeira/Biografias e Memórias

O livro, baseado em mais de quarenta entrevistas com Jobs ao longo de dois anos - e entrevistas com mais de cem familiares, amigos, colegas, adversários e concorrentes -, narra a vida atribulada do empresário extremamente inventivo e de personalidade forte e polêmica, cuja paixão pela perfeição e cuja energia indomável revolucionaram seis grandes indústrias: a computação pessoal, o cinema de animação, a música, a telefonia celular, a computação em tablet e a edição digital.

Numa época em que as sociedades de todo o mundo tentam construir uma economia da era digital, Jobs se destaca como o símbolo máximo da criatividade e da imaginação aplicada à prática.

Embora tenha cooperado com esta obra, Jobs não pediu nenhum tipo de controle sobre o conteúdo, nem mesmo o direito de lê-lo antes de ser publicado. Não estabeleceu nenhum limite: pelo contrário, incentivou seus conhecidos a falarem com franqueza. "Fiz muitas coisas que não acho louváveis, como ter engravidado minha namorada aos 23 anos de idade e a maneira como encaminhei a questão", disse ele. "Mas não tenho nenhum segredo a esconder." Jobs fala com franqueza, e às vezes com brutalidade, sobre os companheiros de trabalho e os concorrentes.

Do mesmo modo, seus amigos, inimigos e colegas apresentam um painel com as paixões, os demônios, o perfeccionismo, os desejos, o talento artístico, as manias e a obsessão controladora que formaram sua atitude empresarial e os produtos inovadores que criou.

Jobs é capaz de levar à fúria e ao desespero quem está perto dele. Mas a personalidade e os produtos, assim como um hardware e um software da Apple, estão unidos num mesmo sistema integrado. Sua história é ao mesmo tempo uma lição e uma advertência, e ilustra a capacidade de inovação e de liderança, o caráter e os valores de um homem que ajudou a construir o futuro.


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Curta a Vida Curta :: Steve Jobs 1955/2011

"Seu tempo é limitado, portanto não o desperdicem vivendo a vida de outros. Não fiquem aprisionados por dogmas - que é viver com os resultados do pensamento de outras pessoas. Não permitam que o barulho da opinião dos outros afogue a sua própria voz interior. E o mais importante, tenham a coragem de seguir seu coração e intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário."

“Your time is limited, so don’t waste it living someone else’s life. Don’t be trapped by dogma — which is living with the results of other people’s thinking. Don’t let the noise of others’ opinions drown out your own inner voice. And most important, have the courage to follow your heart and intuition. They somehow already know what you truly want to become. Everything else is secondary.”

Steve Jobs


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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Dentro do cérebro: Uma viagem interativa



Vamos aprender um pouco, sobre essa máquina fantástica, com essa viagem!

Essa viagem explica o funcionamento do cérebro e como a doença de Alzheimer o afeta.

Como fazer a viagem?

Há 16 slides interativos. Ao visualizar cada slide, passe o mouse sobre qualquer texto colorido para destacar os recursos especiais de cada imagem. Em seguida, clique na seta para avançar ao próximo slide.

1. Ao abrir a página, no quadro abaixo, clique em "INICIAR A VIAGEM”.

2. Em cada página exibida, clique nas palavras realçadas em vermelho.

Boa viagem!!



Você também pode acessar a página através do endereço: http://www.alz.org/brain_portuguese/

sábado, 1 de outubro de 2011

A filosofia por trás do movimento 'Ocupar Wall Street'

Os que clamam por austeridade são agentes financistas, para os quais é pecado ver diminuir a própria riqueza; os que pedem estímulos são eticamente corretos, mas não fazem um ataque direto aos financistas. A única solução real para a crise é, como receitou Keynes, “a eutanásia do rentista”. É esse impulso para desafiar diretamente Wall Street que mostra o quanto é razoável e necessário o movimento Ocupar Wall Street. O artigo é de Vijay Prashad.

Vijay Prashad - Counterpunch


É possível que os especuladores não façam tanto mal quanto as bolhas. Mas a posição é séria quando a empresa vira uma bolha, no redemoinho da especulação. Quando o desenvolvimento das atividades de um país vira subproduto das atividades de um cassino, o trabalho provavelmente será mal-feito. (John Maynard Keynes, 1936)

As análises do Relatório sobre Estabilidade Financeira Global do Fundo Monetário Internacional (REFG-FMI) são sempre muito sóbrias. O Relatório distribuído dia 21/9 passado avisa que a economia mundial está entrando em “uma zona de perigo”. O FMI rebaixa o crescimento estimado global, de patamar já baixo de 4,3%, para 4%, com o crescimento dos EUA cortado, de 2,7% para 1,8%. “Pela primeira vez desde outubro de 2008, no REFG-FMI, aumentaram os riscos para a estabilidade financeira global, o que assinala reversão parcial no progresso alcançado nos três anos anteriores.” [1] Em outras palavras, todas as medidas tomadas para estancar a hemorragia provocada pela crise do crédito global de 2008 em diante já deram o que podiam dar. E estamos de volta ao dia em que se fecharam as cortinas do Lehman (Brothers).

O FMI não podia ignorar a continuada crise política e econômica que sacode sem parar a eurozona, nem fingir que o crédito dos EUA não foi rebaixado. Nem, de fato, poderia fazer-se de cego para a turbulência dos mercados financeiros (...). Três processos obrigaram o FMI a ser mais atento: primeiro, os EUA terem-se mostrado incapazes de dar conta do trauma agudo no mercado imobiliário de moradias; segundo, os bancos europeus, que estão em curva de retroalimentação adversa entre as obrigações a pagar no “Club Med” (de Portugal à Grécia) e as próprias reservas; e, terceiro, as baixas taxas de juros que espantaram a finança privada, da luz do dia, para os calabouços sombrios e furtivos do sistema bancário (fundos hedge e tal).

Ambos, Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, e José Viñals, conselheiro financeiro do Departamento de Mercados Financeiros e Monetários do FMI, pareciam mais nervosos que o usual. Viñals sabe dos riscos na eurozona. Foi vice-presidente do Banco da Espanha, cujas reservas financeiras estão em estado tão lamentável quanto as reservas de água da Cidade da Sujeira do filme Rango (2011)[2].

O mantra do mundo atlântico tem sido “austeridade”. Assume-se que, se os orçamentos dos governos forem purgados dos gastos de interesse social para preservar o equilíbrio, daí advirá o crescimento. Estranha economia. Problema crônico é a falta de demanda efetiva (“confiança do consumidor”), que é indexada, nos EUA a salários rebaixados com transfusões eventuais de “confiança” produzida por crédito barato que criou, como bolha que ainda não explodiu, o endividamento pessoal; em maio de 2011, chegava a $2,4 trilhões. Os cortes massivos no gasto do governo só farão encolher a demanda ainda mais, e não produzirão qualquer esperança de crescimento no curto prazo. Programas de austeridade nem sempre fazem aumentar a confiança dos consumidores, mas sempre fazem aumentar a confiança entre os financistas que amam a ideia de “finanças sólidas”.

O FMI identifica o problema com uma mão e, em seguida, enfia a outra mão no moedor de carne: a atual crise não pode ser resolvida, até que se administrem as dificuldades políticas. Os “líderes políticos nessas economias avançadas ainda não conseguiram mobilizar suficiente apoio político para implantar políticas suficientemente fortes de estabilização macrofinanceira.” As ferramentas financeiras e monetárias estão pressionadas. Faz falta estratégia de comunicação mais efetiva, para convencer o público a alinhar-se a favor de medidas de austeridade para dar solidez à finança; para isso, é preciso fazer baixar a retórica ideológica que afasta as pessoas do que o FMI entende que seja uma Razão apolítica. Mas a massa ignara não conhece a razão.

O que nem o FMI nem os governos do mundo Atlântico conseguem perceber, por razões políticas, é o poder de classe do capital financeiro, que controla os mercados monetários aos quais os governos e o FMI têm de recorrer para tomar empréstimos, se querem estimular gastos ou emprestar a países em dificuldades. A confiança dos financistas é emoção muito mais importante que a confiança dos consumidores.

Em tempo de crise, a abordagem humana deveria ser ampliar os estímulos ao consumo até o momento em que milhões de pessoas consigam sair da condição de vida nua. Para fazê-lo, os governos devem desejar, nas palavras do economista Prabhat Patnaik, “exercer adequado controle sobre o sistema financeiro para garantir que os empréstimos às pessoas sejam sempre financiados, de modo a que o Estado não se torne prisioneiro dos caprichos dos financistas.”

O debate entre austeridade e estímulos é conduzido como se se travasse entre dois conjuntos racionais de pessoas. Os que clamam por austeridade são agentes dos grupos financistas, para os quais é pecado ver diminuir a própria riqueza; os que clamam por estímulos são eticamente corretos, mas não movem ataque de classe direto aos financistas, deixando-se navegar em ilusões. A única solução real para a crise do Atlântico Norte é, como receitou John Maynard Keynes, fazer “a eutanásia do rentista”.

É esse impulso para desafiar diretamente Wall Street que mostra o quanto é razoável e necessário o movimento “Occupy Wall Street” , protesto que agita lower Manhattan (bem perto de onde George Washington foi empossado presidente).

Os cidadãos que decidiram acampar permanentemente e não deixar suas tendas, e que estão sendo brutalmente atacados e agredidos pela Polícia de NY, encontraram instintivamente solução muito melhor para o país, que (1) os que insistem em exigir “mais austeridade” (como os Republicanos mais conservadores – e, no Brasil, todos os jornais e jornalistas e especialistas de todos os canais de televisão, sem faltar um); e (2) muito melhor, também que os que clamam por “estímulos” sem jamais desafiar os mandarins das finanças, os quais mais facilmente mandarão a economia dos EUA p’rô brejo, do que admitirão perder o poder que têm sobre o sistema econômico mundial (Obama, dentre outros).

Sem luta contra o capital financeiro, ordenar “austeridade” é ato de crueldade; e ordenar estímulos é ilusão.

O FMI e os políticos norte-americanos não querem desafiar a classe financeira. De fato, o FMI até alerta contra qualquer “repressão financeira” (“Com os estados sob estresse financeiro e as economias lutando para se desalavancar, os políticos podem ser tentados a suprimir ou tentar escapar aos processos e informações do mercado financeiro.”) Deve-se evitar tudo isso, diz o FMI. Querem que a salvação lhes venha de países do Sul Global, os quais, diz o FMI, “estão em fase mais avançada do ciclo de crédito”. O FMI adoraria que China e Índia entregassem seus superávits ao Norte, como estímulo... Seria via excelente para que aqueles países passassem a exportar menos e a importar mais.

O mais estranho nisso tudo é que o FMI também agia como espada do capital internacional quando advogou que Índia e China se tornassem economias orientadas para exportar e dessem as costas às políticas nacional-desenvolvimentistas. Agora, a China está pronta para exportar bens de baixo custo para as economias atlânticas... E então, em vez de recomendar que China e Índia usem seus superávits como estímulos para criar demanda em seus próprios países (para arrancar suas populações mais rapidamente da miséria, investindo em infraestrutura, criando meios para prevenir catástrofes ecológicas)... O FMI prescreve que China e Índia resolvam “os desequilíbrios financeiros” mandando seus superávits para o Norte! Por que o FMI não recomendou que o Norte tomasse essas medidas, nos anos 1980s e 1990s, quando as flechas financeiras estavam miradas na direção do Sul?

Os chineses dizem agora que podem ajudar a resgatar a eurozona, se a Europa atender a algumas “condições” que os chineses imporão (na linguagem do FMI, na era dos “ajustes estruturais”, essas condições chamavam-se “condicionalidades”, como cortar todos os investimentos de caráter humano e social, nos anos 1980s, como precondição para receber empréstimos).

Os chineses querem que os europeus acabem com processos por desobediência a leis de mercado – que é outro modo de dizer que os chineses querem morder fundo na carne do regime de propriedade intelectual – um dos últimos mecanismos ainda restantes que garantem o crescimento sem empregos que ainda mantém os EUA à tona. Mas por que, agora, a China não estaria fazendo certo? Diz o FMI que a China, agora, não está fazendo certo, por causa de seu “boom de empréstimos induzidos pela política”, também chamado de “plano de estímulos de 2009-10” – e que foi construído e aplicado sem qualquer influência dominante do capital financeiro.

É muito mais fácil mostrar os chineses como agentes do mal, do que apontar o dedo aos financistas. Toda a conversa sobre revalorização da moeda e barreira ao livre comércio não passa de conversa fiada, de quem não tem argumento a oferecer.

Lá, em Wall Street, Manhattan, norte-americanos comuns decidiram enfrentar, de vez, o capital financeiro. Não precisam recorrer à xenofobia ‘econômica’, nem se escravizar a ilusões de que os Buffets do mundo seriam a vanguarda da luta por justiça social. Querem é tirar, do pescoço dos povos do mundo, a botina-tacão das finanças.

NOTAS

[2] Para uma visita virtual, ver Wall Street Journal, 26/9/2011

Fonte original:

Tradução: Vila Vudu


Fonte: Carta Maior: Postagem original em: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18566, 01/10/11