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sábado, 26 de novembro de 2011

Sangue no Telefone Celular :: Trailer Oficial




Pode haver sangue no celular que você ou eu carregamos no bolso. Até 5 milhões de pessoas morreram em conflitos desencadeados pela extração de metais na África - usados na fabricação de celulares e computadores. A forma como essas riquezas são exploradas, à base do trabalho escravo e de uma administração corrupta, acaba colaborando para um mergulho ainda mais profundo na miséria extrema, além de incentivar e financiar crimes.

Assim como as joias, produtos eletrônicos como celulares e computadores também participam de guerra semelhante, já que contam com metais - como o tungstênio, por exemplo - para sua fabricação. Muita gente prega que quem alimenta o crime é o viciado em drogas, e o viciado em consumo fica em qual degrau desta pirâmide maldita? Pessoas estão sendo compulsóriamente arrebanhadas ao trabalho escravo, e mortas, para que tenhamos um computador ou telefone celular, você acha justo? Vamos ficar atentos!

Um estudo recente da ONG Global Witness, intitulado Faced with a Gun, What Can You Do? levanta suspeitas sobre o envolvimento de 240 empresas na ligação entre as indústrias de mineração, metalurgia e tecnologia. A instituição apontou grandes empresas europeias e asiáticas como corrompidas e outras várias como suspeitas por não esclarecer ao consumidor sobre seus fornecedores.

Quando foi lançado o filme Blood Diamond (Diamantes de Sangue) em 2006, as pessoas começaram a se dar conta da origem das pedras preciosas relacionadas com áreas de conflito sangrento e notaram que as jóias em seus dedos podem ter custado vidas humanas. Será que os consumidores agora podem fazer as mesmas perguntas com relação aos seus telefones celulares e computadores?


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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Cinedebate :: Nossa sociedade do espetáculo

cc

Contra a visão de mundo liberal-burguesa, as ideias do francês Guy Debord podem facilitar o entendimento do mundo contemporâneo


A Sociedade do Espetáculo é um filme que não iremos encontrar facilmente nas locadoras. Para assistirmos a essa obra, ou a algumas das outras obras cinematográficas do pensador, poeta, cineasta e ativista político Guy Debord, teremos que nos valer da internet, ou mesmo de cópias feitas por integrantes da imensa legião de admiradores que ele tem em todo mundo. Além de seus filmes, também é difícil ter acesso a suas publicações. Só recentemente uma editora em Paris resolveu publicar suas obras completas, num volume de 2.000 páginas. Mas, por incrível que pareça, suas ideias e mesmo sua militância política encontram cada vez mais ressonância no mundo atual.

Segundo o filosofo alemão Anselm Jappe, autor do livro Guy Debord, isto se dá devido ao fato de que sua obra como um todo é inaceitável para aqueles que dominam a mídia, e, quando são divulgadas, suas ideias são banalizadas. “Devemos lamentar essa desinformação?”, pergunta Jappe. “Quando li Marx pela primeira vez fiquei surpreendido por não ter ouvido falar dele nas escolas. Quando comecei a entender Marx, isso deixou de me surpreender.”

No caso de Debord, o entendimento de sua teoria vai muito além da constatação de ser ele um expoente das vanguardas artísticas, como os integrantes do seu grupo, A Internacional Situacionista, que queria superar a própria arte através do detournement (desvio), ou mesmo da “teoria da deriva”, que se tornou famosa e, inclusive, foi aplicada nas escolas de urbanismo em todo o mundo. Detournement seria, então, um procedimento utilizado na maioria de suas obras, inclusive em A Sociedade do Espetáculo, que consistiria na utilização de imagens retiradas de filmes variados, documentários históricos, spots publicitários, que são compartilhados por textos lidos em off, dentro da concepção de que a arte tem um valor universal, não cabendo a privatização de seus elementos por direitos autorais.

Seus filmes não eram comerciais, e tinham claramente um sentido político. Por isso, seu amigo Lebovici, que editou a maior parte de sua obra antes de ser assassinado misteriosamente, chegou, inclusive, a comprar um pequeno cinema no bairro parisiense do Quartier Latin, onde durante um tempo seriam exibidos somente filmes de Debord. Dentre muitas experiências, inclusive com a realização de filmes sem imagens, destaca-se o último de seus filmes: In girum imus nocte et consumimur igni (Movemo-nos na noite sem saída e somos devorados pelo fogo), polídromo latino que pode ser lido da mesma forma, da direita para a esquerda.

Para compreendermos a teoria de Guy Debord precisamos saber, preliminarmente, o que é, de fato, aquilo que chamamos de Sociedade do Conhecimento, fruto da revolução tecnológica que tomou força a partir dos anos 50, e que, grosso modo, tem como principais características: i) a globalização das economias e dos costumes, moldando um mundo cada vez mais igual, onde é reproduzindo o modus viventis da matriz ideológica — a sociedade americana; ii) rápidas mudanças tecnológicas, fazendo com que o tempo útil da mercadoria seja cada vez menor, acentuando nela o seu valor de troca; iii) desmaterialização das mercadorias, onde o mercado dos intangíveis vai substituindo o dos tangíveis, fazendo com que a imagem do produto tome o lugar dele próprio, como objeto de consumo; e iv) customização dos produtos, onde o consumo é cada vez mais dirigido, criando-se tribos definidas para este fim, além, é claro, da estrema concorrência a nível global.

Mas, o conceito de Sociedade do Conhecimento, por si só, não é suficiente para que possamos ter uma compreensão exata do mundo em que vivemos. Para isto teremos que utilizar outros conceitos, mais específicos e menos abrangentes.

Ora, tornou-se um lugar comum dizer que uma teoria tem caráter científico quando ela é demonstrável e pode ser aplicada numa realidade universal. Num caso específico da filosofia, e da forma de se observar a sociedade capitalista contemporânea, parece-me que as ideias desenvolvidas por Debord em A Sociedade do Espetáculo — e que é relatada através do filme do mesmo nome — podem ser plenamente demonstráveis no mundo contemporâneo: ele nos diz que a mercadoria é o nexo que estrutura a sociedade contemporânea, o mundo do presente-vivido, e me parece que este é um conceito plenamente demonstravel, passível de levarmos em consideração.

No espetáculo já não predominaria simplesmente a produção mercantil, mas a imagem. A separação, ou alienação do trabalho, consumada no âmbito da produção capitalista, retornaria como falsa unidade no plano da imagem. O espetáculo seria a autonomização das imagens, doravante contempladas passivamente por indivíduos que já não vivem em primeira pessoa. Por isso, o espetáculo não seria simplesmente um conjunto de imagens, um abuso do mundo visível, e sim um tipo particular de relação social entre pessoas mediada por imagens. Tratar-se-ia, evidentemente, das relações de produção capitalistas, radicadas na alienação do trabalho, isto é, na total indiferença da produção em relação à vontade e ás necessidades dos produtores. A contemplação passiva das imagens, que foram escolhidas por outros, substituiria o vivido e próprio poder de determinar o futuro do indivíduo. O espetáculo torna-se o capital concentrado a tal ponto que se transforma ele próprio em imagem.

Debord se preocupava com a impossibilidade do homem moderno encontrar sua plena existência num mundo de ampla oferta de mercadorias. Em ultima instância, entendemos o pensamento de Marx como uma constatação e uma crítica da redução de toda a vida humana, no capitalismo, ao valor, isto é, à economia. Opondo-se a interpretação dos partidários de Marx, que na sua geração, que viam a questão da exploração econômica como o mal maior do capitalismo e, desta forma, propunham uma nova sociedade onde a economia existiria mas não seria usada para a exploração de uma classe sobre a outra. Debord, remetendo ao próprio Marx, discorda desse conceito e concebe a esfera econômica, como ela própria, oposta à totalidade da vida. E aí está sua originalidade.

Recordemos duas conseqüências da critica do fetichismo que Debord soube aprender com grande antecedência. Nos diz Anselm Jappe: “Em primeiro lugar, a exploração econômica não é o único mal do capitalismo, dado este ser, necessariamente, a negação da própria vida em todas as suas manifestações concretas. Em segundo lugar, nenhuma das inúmeras variantes no interior da economia baseada na mercadoria pode realizar uma mudança decisiva. Por isso é que seria totalmente inútil esperar uma solução positiva do desenvolvimento da economia e da distribuição adequada dos seus benefícios. A alienação e a expropriação constituem o núcleo da economia mercantil que, além do mais, não poderia funcionar de modo diferente, e os progressos da ultima são, necessariamente, os progressos das duas primeiras. Isso constitui uma autêntica redescoberta., considerando que o “marxismo”, a par da ciência burguesa, não fazia “critica da economia política”, mas limitava-se a fazer economia política, levando em conta apenas os aspectos abstratos e quantitativos do trabalho, sem discernir ai a contradição com o seu lado concreto . Este marxismo já não via na subordinação da vida inteira às exigências da economia um dos efeitos mais desprezíveis do desenvolvimento capitalista,mas, pelo contrário,um dado ontológico cuja evidenciação até parecia um fato revolucionário.”

A “imagem” e o espetáculo de que fala Debord devem ser entendidas como um desenvolvimento posterior da forma-mercadoria. Tem em comum a característica de reduzir a multiplicidade do real a uma única forma abstrata e igual. De fato, a imagem e o espetáculo ocupam em Debord o mesmo lugar que a mercadoria e seus respectivos derivados ocupam na teoria marxiana.

Mas, é importante frisarmos aqui que esses caminhos já tinham sido trilhados por György Lukács, no seu polêmico livro História e Consciência de Classe, que, sem dúvidas, influenciou o pensamento de Debord, pois foi o primeiro dos estudiosos de Marx que retomou o conceito de fetichismo da mercadoria. Tal conceito que tinha aparecido em Marx na Crítica da Economia Política, foi relegado ao esquecimento pelos marxistas posteriores, tais como Engels Kautsky, Rosa de Luxemburgo e Lênin. E é esse conceito, a base do pensamento de Debord, quando elabora a teoria de A Sociedade do Espetáculo.

Num momento em que vemos em todo o mundo uma repulsa de pessoas esclarecidas à “visão de mundo” da burguesia liberal, levar as ideias de Debord para a praça pública, através de seus filmes, é umimportante instrumento didático para o entendimento das características do mundo contemporâneo, e pode ser uma estratégia para aqueles que querem enxergar uma civilização pós-capitalista, pois, como disse alguém: “Se queremos mudar o mundo, é necessário primeiro entendê-lo”.


Reproduzido com autorização do autor, via: http://www.outraspalavras.net/

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Eu amo vocês!

"A globalização não é um conto de fadas, mas não precisa ser perversidade também… estamos, a cada dia, subvertendo a lógica da globalização e construindo a nova globalização, em que pessoas são mais importantes que mercadorias, em que não se busca uma padronização de culturas, mas se procura uma forma de aprendermos um com a cultura do outro. Somos os 99%, ocupando a praça, o Rio, o Brasil, o Mundo." (sic)

Concluí o Lucas Pedretti, companheiro de ocupação, em seu relato sobre a visita de um integrante do Occupy Wall Street e outro do Ocupa Sampa, hoje no acampamento do #OcupaRio. Em apenas um parágrafo ele diz muito, palavras irretocávis, justas e 99% perfeitas.

Ou partimos pra uma forma de capitalismo sustentável, que melhor distribua as benesses e taxe fortemente – sem piedade – qualquer forma de especulação e lucro abusivo, ou avançaremos desta beirada, do final da história, a qual a humanidade se aproxima, e aí meu amigo, minha amiga, aí é o abismo.

Penso que ninguém deseja que o mundo seja mergulhado novamente em uma idade das trevas, que poderia durar centenas de anos. Há esperança, sempre há, porque o rio de hoje já não é aquele de ontem.

Boa parte das, por estagnação, comodismo, ou mesmo por ignorância, está dopada pelo sistema viciado e a mídia com interesse comercial, que visa em primeira estância apenas resultado, ganho financeiro, no ingênuo e perverso credo da acumulação eterna, como se pedaços de árvores mortas pintados de tinta pudessem deter uma revolução global que já está acontecendo, e não é de hoje. Como pode o ter ser mais valorizado que o ser? Há algo de muito errado aí não concorda? Valores éticos e morais parecem estar deformados, virados de ponta cabeça.

A ganância das corporações financeiras está destruindo nossa herança comum. Os políticos, em sua maioria, se corromperam pelo assédio dessas corporações. Precisamos, urgente, nós do povo, buscar novas possibilidades de democracia real, onde o dinheiro não manda, e colocá-las em prática. O 1% precisa deixa o poder imediatamente, ir para o ostracismo e devolver este poder, o controle do Planeta a quem realmente detém este direito, nós, os 99%.

Respeito ao meio ambiente, autogestão e sustentabilidade, são requisitos essenciais para reverter este panorama apocalíptico pelo qual passamos, e deveriam já ter sidos aplicados, há tempos. Chega se deixar iludir, fingindo que vai tudo bem, que está tudo uma maravilha, que o Brasil tem uma ‘economia forte’ e que não dependemos da saúde econômica de outros países. Vamos acordar nossos irmãos e irmãs de jornada, nossa missão é nobre, não tenham dúvida!

As ruas e estradas não suportam mais automóveis, a atmosfera que nos permite viver não tolera mais a queima de combustíveis fósseis, ao passo que os rios, mananciais, lagos e oceanos estão sufocando com o constante despejo de poluentes. O controle de natalidade precisa ser aceito pelos conservadores e religiosos.

Já somos 7 bilhões de pessoas no Planeta e a multiplicação constante da raça humana pode se tornar uma praga que consumirá até o esgotamento os recursos naturais de que necessitamos para manutenção da vida, tal qual a conhecemos. Se isto não for levado a sério poderá chegar o dia – isto não é ficção, está mais pra filme de terror – que humanos caçarão humanos para se alimentar. É óbvio que o Planta deve ter um limite ‘X’ em sua capacidade de abrigar nossa espécie.

O fim do cassino global e suas malditas sub-sedes deve ser imediatamente decretado! Economias orientadas por índice de bolsa de valores são como bombas relógio. Empresas que tem um valor realmente apoiado em lastro material hoje valem menos que empresas alicerçadas sobre solo virtual. Chega de jogatina com a vida, o sonho e o futuro da pessoas.

Trocar papel por dinheiro, ou seja papel por papel, negócio que há cerca de 100 anos era considerado reles jogatina, hoje é levado a sério, se tornou indústria e há os reacionários que afirmam que o ‘dinheiro move o mundo’. Não! São as pessoas que se movem, e por sua vez movimentam o dinheiro. O dinheiro não move nada, é apenas moeda de troca, e o que no passado se tornou uma solução as confusões geradas pela troca direta de produtos, hoje se torna um pesadelo para as nações, gerando uma série de conflitos e um abismo social enorme.

Nós, do povo, somos 99% e estamos nos ocupando em ocupar para fazer o trabalho que outros deveriam fazer mas não fazem, quiçá embevecidos pelo hedonismo, vícios lícitos e ilícitos de toda espécie (como se houvesse vício lícito).

Diga não a prostituição dos conceitos de sustentabilidade! Transparência, ética, moral, e demais valores parecem estar esquecidos no tempo, precisam ser urgentemente resgatados, e estão sendo resgatados. Para que se restaure a verdadeira ordem, o verdadeiro progresso, não aquele fictício, bordado na bandeira por imperialistas, a sustentabilidade deve ser levada a sério, como religião, e não tornar-se apenas mais uma ferramenta de marketing para ludibriar consumidores.
Nos atos de ocupação que acontecem ao redor do mundo está sendo resgatada a ágora, dos tempos da Grécia clássica, como local de onde emana o poder, as decisões que afetam diretamente a vida das pessoas. As decisões sobre a vida do povo devem partir do próprio povo, das ruas, parques e praças.

Agradeço aos que compartilham destas mesmas idéias, de semelhantes ideais, que não pertencem a ninguém, não são marca registrada, não devem e não podem ser privatizados. A herança comum do Planeta deve servir a tod@s nós. Idéias jamais deveriam ser objeto de propriedade particular, com reles intuito de lucro, que favorece 1%, jogando 99% em vala comum, nos condenando a uma vida de semi-escravidão e subserviência.

Você está indignado ou finge que não está? Vamos juntos dizer: SIM, EU ESTOU INDIGNAD@! Entretanto não uso dos mesmos ardis colocados por aqueles que fomentam a competição em detrimento da colaboração. Não tenho ódio em meu coração, apenas exijo mudança, tenho sede de justiça, e sei que ela é a única saída para a humanidade. Sim, mudança, justiça social! Nós do povo, cansamos de ouvir, agora queremos falar e vocês vão ter que nos ouvir.

Envio votos de AXÉ libertador para tod@s vocês, meu irmãos e irmãs de jornada. Vamos ocupar juntos e que é nosso por direito e cuidar do nosso planeta, construindo em sociedade um futuro para o futuro. A Terra é o único planeta que temos, nossa casa, nosso lar e é obrigação perpétua cuidar bem dela. A Terra pertence a tod@s nós e não apenas a 1% da população, que nos escraviza, rouba, mata e nos infantilizando coletivamente diz: ‘não se preocupe, tudo vai ficar bem’. Tudo ficará bem se construirmos uma nova sociedade, a sociedade do novo milênio, uma coletividade realmente sustentável e vacinada contra as intempéries de modelos de economia global e gestão totalmente injustos e ultrapassados.

Eu amo vocês!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Alfabetização Política no Ocupa Rio



por João Sauer (via Ocupa Rio - Grupo de Discussão)

Cresci num meio onde fui deseducado e aprendi com essa deseducação a nãogostar de política e achar quem gosta um chato. Mas aos poucos fui percebendo que havia alguma coisa errada, comecei a perceber a política em cada evento da minha vida, cada ação, cada frase, cada momento por mais único que fosse tinha certa dose de política embutida.

Pensei então, como pode ser assim? Porque vivo num mundo onde as pessoas, em sua grande maioria, pensam como eu e não gostam de política? Mas ao mesmo tempo nos deixamos ser representados por pessoas que NÃO NOS REPRESENTAM?

Comecei a me interessar mais sobre o assunto, passei a ler e a discutir política mais intensamente para que ao menos conseguisse ter uma visão um pouco melhor da realidade em que vivo e não me deixasse ser levado tão facilmente por opiniões dos outros... Passei a julgar muito importante ter uma visão própria das coisas, com fundamentos e base para minhas ideologias. Mas por outro lado, quanto mais eu lia e aprendia sobre política mais me envergonhava de fazer parte desse sistema de poder e dessa forma de se fazer política.

Como diz meu recente amigo Bruno Cava, "a política hoje em dia é feita quase que com vergonha." Passei a perceber também que isso não é um problema da minha cidade, estado ou país e sim um problema global. Numa sociedade de consumo, aonde modas, tendências, ideologias e informação vêm todas de uma mesma caixinha com antenas passei a entender o quanto somos levados a propagar o ócio mental... o quanto somos levados a não pensar, não opinar, não questionar e aceitar.

Hoje tenho opiniões diferentes das que tinha antigamente, vejo como um problema gravíssimo que pessoas se mantenham nesse estado de torpor acéfalo e mantenham da sua rotina essa vida de prostração. Pior ainda é ver que muitas pessoas que conheço têm consciência desse problema, mas continuam apenas seguindo o fluxo, indo com a maré, garantindo o seu e vendo no que dá. 


Se colocar no lugar dos outros realmente é muito difícil, mais fácil é olhar para o umbigo, para o prato cheio na mesa e para a televisão ligada na sala e pensar: "comigo tá tudo bem graças a deus... não faço parte dos que se fodem". (sic)

Olhar para o umbigo é fácil e cômodo, quase uma osmose... talvez porque ao nos colocar na pele dos outros, seja muito mais fácil enxergar nossos próprios monstros e o medo de lidar com eles nos faz recuar. Nada melhor do que uma televisão depois do trabalho para tirar todo o stress do dia e esvaziar a cabeça dos problemas. O que muitos não percebem é que esvaziar a cabeça é fugir e que os problemas continuarão existindo enquanto nossa atitude for essa.

É difícil sair da rotina, é cansativo lutar pelos seus ideais, é exaustivo correr atrás das coisas, mas é vergonhoso olhar para os problemas, virar a cara e tentar esquecê-los. É vergonhoso continuar sentado na frente do computador ou da televisão enquanto lá fora está tudo errado. Fazer e discutir política não é necessariamente tomar um partido, nem mesmo criar um partido ou se afiliar a um. Fazer política é se relacionar é trocar idéias, pensar e agir.

Praticamente todos vêem aonde o nosso modo de fazer política atual está nos levando, mas por que tão poucos se levantam pra falar e agir? Por que tantas pessoas se conformam com a posição de espectador e deixam os outros escreverem a sua história? Essa é uma pergunta que eu não acredito que haja uma resposta, acredito que sejam muitas, uma para cada um de nossos monstros. Por isso escolhi lidar com os meus.

domingo, 13 de novembro de 2011

Assim Falou Zaratustra




Café Filosófico ~ A alegria e o trágico em Nietzsche ~ Filosofe! Pense! É melhor errar que ficar na apatia. Não seja um niilista passivo... Sem ilusão, na sociedade em que vivemos 1885 foi ontem, mas o rio de agora não é o mesmo de ontem, e o rio de amanhã também já não será o mesmo rio.

Amar o agora é amar a vida. Filosofar nos ajuda a revermos nossos próprios conceitos, fertiliza a evolução do ser. O filósofo Roberto Machado, em sua leitura de Zaratustra, nos convida a ter a coragem de encarar nossa própria vida, pois se foi assim, foi assim que nós fizemos, foi assim que queríamos.

Não devemos negar a vida e sim aceitá-la. O que é alegria, o que é tristeza, se não meros graus de potência? Não será melhor que nos tornemos niilistas ativos? Tenha coragem! Afirme sua vida como ela é agora. A mudança que você deseja deve sair de dentro de você mesm@, filosofe, acredite! "A alegria é o trágico em Nietzsche"


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Nós Alimentamos o Mundo | We Feed the World (2005/leg)

We Feed the World (2005)

"Todos os dias, em Viena (Áustria), a quantidade de pão rejeitada para o lixo seria suficiente para alimentar a segunda maior cidade austríaca, Graz. Cerca de 350 mil hectares de terras agrícolas, sobretudo na América Latina, são consagradas à cultura da soja para alimentar o gado austríaco ao mesmo tempo que um quarto da população local passa fome e inanição.

Cada europeu come dez quilos por ano de legumes provenientes do sul de Espanha, cultivados em estufas irrigadas artificialmente, daí decorrendo severa escassez de água.

Em We Feed the World (Quem alimenta o mundo), o realizador austríaco Erwin Wagenhofer rastreia as origens dos alimentos que comemos. A sua viagem leva-o França, Espanha, Roménia, Suíça, Brasil e de novo Áustria. Conduz-nos ao longo do filme uma entrevista com Jean Ziegler, até há pouco Relator Especial das Nações Unidas sobre o Direito à Alimentação.

Quem alimenta o mundo é um filme sobre alimentação e globalização, sobre pescadores e camponeses, motoristas de camiões de longo curso e administradores poderosos de empresas multinacionais, sobre o fluxo de mercadorias e o fluxo de dinheiro - um filme sobre a escassez no meio da abundância. Com as suas imagens que se não esquecerão, o filme ajuda a compreender como são produzidos os nossos alimentos e explica o que tem a ver connosco o drama da fome no mundo. São entrevistados, para além de pescadores, agricultores, agrónomos, biólogos e o relator Jean Ziegler, também o director da Pioneer, o maior fornecedor de sementes do mundo, e ainda Peter Brabeck, presidente da Nestlé International, a maior empresa alimentar no mundo."

via http://www.youtube.com/user/vmfmcp

UPLOAD PATROCIONADO POR:
www.MDDVTM.org - MOVIMENTO DE DEMOCRACIA DIRECTA VTM
www.NOVACOMUNIDADE.org - O MODELO COOPERATIVO FAMILIAR



"Tudo que o homem não conhece não existe para ele. Por isso o mundo tem, para cada um, o tamanho que abrange o seu conhecimento."

~Carlos Bernardo González Pecotche

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Banco é Banco: Tudo Igual



Quando está sol eles te emprestam o guarda-chuva, quando chove eles tomam de volta. Esta animação foi produzida durante a crise americana, no final da década passada, mas enquanto existirem bancos, ao menos da forma como são hoje, nas mãos de especuladores e jogadores do cassino global, a história irá se repetir...



domingo, 6 de novembro de 2011

11.11.11 :: Ocupe as Ruas :: Ocupe o Mundo

A luta por uma democracia real apenas começou. Dia 11/11/11 manifestações ocorrerão no mundo todo, em apoio aos cidadãos da Espanha, dos Estados Unidos, da Grécia, da Itália, do Chile e de todos os países que já começaram a se levantar contra a hegemonia de uma minoria em detrimento da maioria.

Também será uma oportunidade de mostrar solidariedade às ocupações que se iniciaram desde 15 de outubro pelo Brasil: São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Foz do Iguaçú, Natal e Rio de Janeiro, dentre outras cidades.

No mundo, hoje, mais de 2490 cidades já aderiram à mobilização e têm acampamentos de ocupação popular permanente. Veja aqui.

Somos contra toda e qualquer tirania, opressão, exploração e abuso de poder. Basta de sermos tratados como mercadoria. A corrupção, a injustiça e desigualdade social chegaram a um ponto insustentável!

Estamos cansados de esperar uma atitude de nossos representantes.

Vamos ocupar as ruas e nos juntar ao movimento revolucionário que está acontecendo agora mesmo. Vamos nos unir e resistir. E então dar início a uma nova realidade, melhor para todos nós.

#DemocraciaReal #111111 #SomosTodosUm #11N #OcupeOMundo #OcupandoJuntos

ATENÇÃO: Procure por sua cidade na lista de eventos confirmados. Caso ainda não haja um, crie e publique o link no mural. Estamos juntos, somos 99%!

\o/

Belo Horizonte/MG

Brasília/DF

Curitiba/PR

Goiânia/GO

Natal/RN

Nova Friburgo/RJ

Porto Alegre/RS

Rio de Janeiro/RJ

São Carlos/SP

São Paulo/SP

Vitória/ES

Evento mundial

sábado, 5 de novembro de 2011

#OcupaSampa: No limite, mas resistindo bravamente

Olhares sobre o OcupaSampa
fonte: anônimo ~ imagens livres cc: Acampa Sampa (internet)

Na tarde do dia 1º de novembro, 2ª feira, visitamos a fração paulistana do movimento do qual também somos parte. Estava frio pra caralho, e, logo que avistamos as barracas do OcupaSampa, uma energia truncada e esquisita ficou evidente. Um ar pesado, rostos cansados, tristes, abatidos. Salvo por um quadro negro escolar pintado (?!) com ordens do senso comum sobre reciclagem e um quadro branco com a programação semanal/diária, não havia nenhuma sinalização – muito menos cartazes. Caminhamos por dezenas de minutos no pouco espaço entre as barracas sem que qualquer ocupante nos olhasse no rosto. Naquele momento, não havia roda de conversa, roda de musica, roda de criação – não houve um sorriso, um interesse, um abraço ou um esbarrão.

Avistando uma menina linda de sobrancelha grossa e cabelo queimado de sol, deitada sozinha ao lado da “horta”, buscando sol e lendo teosofia, nós nos aproximamos e puxamos um papo. A horta era composta por algumas poucas garrafas PET e, segundo eles, não poderia nem seria modificada, “pois não há autorização para mexer mais no canteiro”. Fomos perguntando para a ninfa do bosque de concreto sobre o histórico, o clima e a situação do OcupaSampa. Eles tiveram faixas do movimento queimadas por algum grupo que não foi identificado(Policiais ou Skinheads) havia poucos dias e, naquele momento, eles estavam se odiando e cansados, com pouco amor próprio, pouquíssimo amor coletivo e muitas farpas.

Eles estão embaixo de um viaduto, entre uma praça e outro viaduto. Em volta deles: Teatro Municipal, prefeitura, câmara dos vereadores ou coisa que valha. Eles ocupam metade do espaço limitado pelo retângulo com teto do viaduto, pois nos dias anteriores dividiram espaço com os ensaios e com a formatura de PMs do estado de SP. Com medo do frio e da chuva (i dont blame! Trememos no vento!), eles ficam presos nas paredes invisíveis que separam o viaduto da vida na cidade.
Agora, eles não podem sair dali, pois (como, nos contaram comemorando) conseguiram uma LIMINAR para protestar embaixo da ponte. E agora eles são gente legal e legalizada - embaixo da ponte.

Aquele local faz muitos deles paranoicos do pior tipo. Se você questiona o local que ocupam, te atacam dizendo que “Estamos cercados pela policia e pelos poderes executivo e legislativo e somos vigiados 24h por dia por câmeras que fazem leitura labial. Convivemos diretamente com moradores de rua que se drogam com tinner e crack, estamos sendo atacados, já fomos assaltados também.”

Nossa amiga Hiponga Ju ( rezo para que ela tenha um futuro incrível e comece por largar aquele namorado troglodita com HATE tatuado nos dedos das mãos – fofa!) tentou juntar um povo, e alguns acharam importante fazer uma assembleia especial pra trocar experiências e noções e tudo mais (acho que lá seria só isso). Presenciamos a primeira (de algumas) explosão por desejo presidencial e perversão sofismática típica das academias. Um menino branco, de barba aparada, olhos claros e bem nutrido cortava cenouras e gritava que não nos ouviria, pois estávamos havia apenas menos de 4 horas na ocupação. Demonstrou nenhuma vontade de escutar o outro.

Ele estava estafado, reclamava muito sobre cozinhar o tempo inteiro e não ter tempo de conversar ou participar de outras atividades. Reclamava que cozinhava pra sustentar “marmanjo”. Um de nós balançou e pensou, sinceramente, em desistir daquela história. Olhou em volta e alguns olhos pediam uma resposta à agressão. Perguntou o nome do que surtava. “André” ele respondeu. André se acalmou e pediu para fazemos a Assembléia.

Depois de 40 minutos de desmobilização e desorganização, conseguiram juntar 50 das 60 pessoas que ali estavam. Tudo começou com o megafone quebrado e um homem reclamando da ausência daqueles que preferiram não estar na assembléia. Um de nós falou sobre o que acreditava estar equivocado lá e da má impressão que tudo causava. O outro, falou sobre nossa experiência carioca. Muitos pareciam não se conter de tanta felicidade em ouvir que a mudança real podia existir, que havia chance do movimento ser amoroso, horizontal, inteligente e interessante.

Uma mulher, moradora de rua, doente mental, batia, de leve, com uma buzina na cabeça de quem tinha a ordem de voz, falava fora da hora e batia com força a buzina nos muros pra fazer barulho. Ela fez isso ALGUMAS vezes, inclusive bateu na cabeça de um de nós. Até que um moleque levou uma buzinada e arrancou o megafone da mão de uma menina. Pelo modo como todos se entreolharam, compreendemos que aquele era um personagem importante ali. O moleque gritava clamando por justiça.

Ele questionava pq ninguém o defendeu das agressões daquela criminosa. Fez questão de dizer como o trabalho dele tinha sido importante para aquilo estar de pé e que ele se colocava para proteger qualquer um dos que estavam ali, mas que quando ele era agredido ninguém o protegia. Com seu casaco de marca, chamou isso de consciência pesada de classe média. Infelizmente, confundiu a condição mental da dona Cida (que tinha um filho internado no hospital publico e outro morto) com suas condições financeiras. Muitos minutos e gritos gastos a toa. Desmobilização, desgaste.

Ele seguiu o discurso dizendo que ninguém dava valor ao que ele tinha feito e que, por tudo que ele dava pra ocupação, ele não tinha tempo de escrever suas ideias no fanzine dele, disse que ele tentava evitar a série de roubos às barracas à noite e que ninguém reconheci. Um seguidor daquelas idéias disse também que sair debaixo do viaduto seria assinar atestado de DERROTADOS/LOOSERS. Máquina egóica trabalhando a todo vapor!

Nos olhávamos muito, tentando comungar. Pq tão diferente? Porque tão impossível? Como sugerir uma mudança, uma nova possibilidade com a impossibilidade latente? Não foram fáceis pro estômago e pro coração muitos daqueles minutos.

Um de nós começou a surtar e dizer que aquele moleque Pedro e mais dois eram um câncer naquele grupo e que eles eram omissos de permitir aquele comportamento vertical – enquanto ele dizia que já tinha fumado muita cocaína e cheirado muita maconha e que, por isso, sabia como as drogas são sombrias – para justificar a imposição feita por ele da proibição à bebida e às drogas na ocupação. O outro deu um chega-pra-lá e levou nosso carioca surtado pra um canto. O ex-surtado, acalmado, se acalmou e, alguns minutos depois, já estava apaixonado por um bonitinho que trabalha em um estacionamento por ali perto que dizia “dessa vez, tem de dar certo. Temos de conseguir mudar o mundo dessa vez!”. #FOFO.

Nesse meio tempo, muita gente pegou o microfone para agradecer nosso testemunho e muita gente pegou o microfone para falar de sua importância pessoal naquele movimento.

Em geral, eles não se acertavam, não se respeitavam, queriam ser os presidentes do mundo, egos brilhavam lustrados de óleo de cocô e alguns afirmaram desejo ou planos de se mudar pra nossa ocupação carioca antes da próxima 5ª feira. Ficaram encantados com nossos relatos de “Rua do Amor”, “GT de Cura”, Geodésica de bambu, punk em colo de hippie, acadêmicos, occupy-pré-night etc.

Oh Lord. Não existe amor em Ésse Pê? O que acontece em São Paulo? Será a falta de experiência em estar com vida nas ruas e praças? Será que ainda não se perceberam apenas reproduzindo nas praças os posicionamentos pessoais e coletivos que acontecem nos prédios da megalópole? Sem bairrismo ou qualquer comparação do tipo, até por que um de nós é paulistano, até quando São Paulo vai se fechar e se esconder em limites rígidos, perversos e egóicos? Por fim, se alguns poucos foram tocados por nós no que nós pudemos fazer, uma parte já foi feita. #abraçesampa #amorizeemsampa #seduzasampa #relaxesampa #desaceleresampa #ocupasampa #escutesampa #respiresampa #oxigenesampa

'Se queremos mudar o mundo, vamos entendê-lo'

O aspecto mais digno de entusiasmo do movimento Ocupa Wall Street é a construção de vínculos que estão se formando em toda parte. Karl Marx disse: a tarefa não é somente entender o mundo, mas transformá-lo. Uma variante que convém ter em conta é que, se queremos com mais força mudar o mundo, vamos entendê-lo. Isso não significa escutar uma palestra ou ler um livro, embora essas coisas às vezes ajudem. Aprende-se a participar. Aprende-se com os demais. Aprende-se com as pessoas com quem se quer organizar. O artigo é de Noam Chomsky.

Noam Chomsky - La Jornada

Dar uma conferência no Howard Zinn é uma experiência agridoce para mim. Lamento que ele não esteja aqui para tomar parte e revigorar um movimento que foi o sonho de sua vida. Com efeito, ele pôs boa parte de seus ensinamentos nisso.

Se os laços e associações que se estão estabelecendo nesses acontecimentos notáveis puderem se sustentar durante o longo e difícil período que os espera – a vitória nunca chega logo -, os protestos do Ocupar Wall Street poderão representar um momento significativo na história estadunidense.

Nunca tinha se visto nada como o movimento Ocupa Wall Street, nem em tamanho nem em caráter. Nem aqui nem em parte alguma do mundo. As vanguardas do movimento estão tratando de criar comunidades cooperativas que bem poderiam ser a base de organizações permanentes, de que se necessita para superar os obstáculos vindouros e a reação contra o que já está se produzindo.

Que o movimento Ocupem não tenha precedentes é algo que parece apropriado, pois esta é uma era sem precedentes, não só nestes momentos, mas desde os anos 70.

Os anos 70 foram uma época decisiva para os Estados Unidos. Desde a sua origem este país teve uma sociedade em desenvolvimento, não sempre no melhor sentido, mas com um avanço geral em direção da industrialização e da riqueza.

Mesmo em períodos mais sombrios, a expectativa era que o progresso teria de continuar. Eu tenho idade o suficiente para recordar da Grande Depressão. De meados dos anos 30, quando a situação objetivamente era muito mais dura que hoje, e o espírito bastante diferente.

Estava-se organizando um movimento de trabalhadores militantes – com o Congresso de Organizações Industriais (CIO) e outros – e os trabalhadores organizavam greves e operações padrão a ponto de quase tomarem as fábricas e as comandarem por si mesmos.

Devido às pressões populares foi aprovada a legislação do New Deal. A sensação que prevalecia era que sairíamos daqueles tempos difíceis.

Agora há uma sensação de desesperança e às vezes desespero. Isto é algo bastante novo em nossa história. Nos anos 30, os trabalhadores poderiam prever que os empregos iriam voltar. Agora, os trabalhadores da indústria, com um desemprego praticamente no mesmo nível que durante a Grande Depressão, sabem que, se as políticas atuais persistirem, esses empregos terão desaparecido para sempre.

Essa mudança na perspectiva estadunidense evoluiu a partir dos anos 70. Numa mudança de direção, vários séculos de industrialização converteram-se numa desindustrialização. Claro, a manufatura seguiu, mas no exterior; algo muito lucrativo para as empresas mas nocivo para a força de trabalho.

A economia centrou-se nas finanças. As instituições financeiras se expandiram enormemente. Acelerou-se o círculo vicioso entre finanças e política. A riqueza passou a se concentrar cada vez mais no setor financeiro. Os políticos, confrontados com os altos custos das campanhas eleitorais, afundaram profundamente nos bolsos de quem os apoia com dinheiro.

E, por sua vez, os políticos os favoreciam, com políticas favoráveis a Wall Street: desregulação, transferências fiscais, relaxamento das regras da administração corporativas, o que intensificou o círculo vicioso. O colapso era inevitável. Em 2008, o governo mais uma vez resgatou as empresas de Wall Street que eram supostamente grande demais para quebrarem, com dirigentes grandes demais para serem encarcerados.

Agora, para 10% de 1% da população que mais se beneficiou das políticas recentes ao longo de todos esses anos de cobiça e enganação, tudo vai muito bem.

Em 2005, o Citigroup – que certamente foi objeto em ocasiões repetidas de resgates do governo – viu o luxo como uma oportunidade de crescimento. O banco distribuiu um folheto para investidores no qual os convidava a investirem seu dinheiro em algo chamado de índice de plutonomia, que identificava as ações das companhias que atendessem ao mercado de luxo.

Líderes religiosos, principalmente da comunidade de negros, cruzaram a ponte do Brooklyn no último domingo com lonas e tendas para entregá-las aos membros do movimento Ocupar Wall Street que estão acampados no coração econômico da cidade de Nova York.

O mundo está dividido em dois blocos: a plutocracia e o resto, resumiu. Estados Unidos, Grã Bretanha e Canadá são as plutocracias-chave: as economias impulsionadas pelo luxo.

Quanto aos não ricos, às vezes se lhe chamam de precariado: o proletariado que leva uma existência precária na periferia da sociedade. Essa periferia, no entando, converteu-se numa proporção substancial da população dos Estados Unidos e de outros países.

Assim, temos a plutocracia e o precariado: o 1% e os 99%, como se vê no movimento Ocupem. Não são cifras literais mas sim, é a imagem exata.

A mudança história na confiança popular no futuro é um reflexo de tendências que poderão ser irreversíveis. Os protestos do movimento Ocupem são a primeira reação popular importante que poderão mudar essa dinâmica.

Eu me detive nos assuntos internos. Mas há dois acontecimentos perigosos na arena internacional que ofuscam todos os demais.

Pela primeira vez na história há ameaças reais à sobrevivência da espécie humana. Desde 1945 temos armas nucleares e parece um milagre que tenhamos sobrevivido. Mas as políticas do governo Barack Obama estão fomentando uma escalada.

A outra ameaça, claro, é a catástrofe ambiental. Por fim, praticamente todos os países do mundo estão tomando medidas para fazer algo a respeito. Mas os Estados Unidos estão regredindo.

Um sistema de propaganda reconhecido abertamente pela comunidade empresarial declara que a mudança climática é um engano dos setores liberais. Por que teríamos de dar atenção a esses cientistas?

Se essa intransigência no país mais rico do mundo continuar, não poderemos evitar a catástrofe.

Deve fazer-se algo, de uma maneira disciplinada e sustentável. E logo. Não será fácil avançar. É inevitável que haja dificuldades e fracassos. Mas a menos que o processo estão ocorrendo aqui e em outras partes do país e de todo o mundo continue crescendo e se converta numa força importante da sociedade e da política, as possibilidades de um futuro decente são exíguas.

Não se pode lançar iniciativas significativas sem uma ampla e ativa base popular. É necessário sair por todo o país e fazer as pessoas entenderem do que se trata o movimento Ocupar Wall Street, o que cada um pode fazer e que consequências teria não fazer nada.

Organizar uma base assim implica educação e ativismo. Educar as pessoas não significa dizer em que acreditar; significa aprender dela e com ela.

Karl Marx disse: a tarefa não é somente entender o mundo, mas transformá-lo. Uma variante que convém ter em conta é que, se queremos com mais força mudar o mundo, vamos entendê-lo. Isso não significa escutar uma palestra ou ler um livro, embora essas coisas às vezes ajudem. Aprende-se a participar. Aprende-se com os demais. Aprende-se com as pessoas com quem se quer organizar. Todos temos de alcançar conhecimentos e experiências para formular e implementar ideias.

O aspecto mais digno de entusiasmo do movimento Ocupar Wall Street é a construção de vínculos que estão se formando em toda parte. Esses laços podem se manter e expandir, e o movimento poderá dedicar-se a campanhas destinadas a porem a sociedade numa trajetória mais humana.

(*) Este artigo é uma adaptação de uma fala de Noam Chomsky no acampamento Occupy Boston, na praça Dewey, em 22 de outubro. Ele falou numa atividade de uma série de Conferências em Memória de Howard Zinn, celebrada pela Universidade Livre do Ocupar Boston. Zinn foi historiador, ativista e autor de A People’s History of the United States.)

(**) Chomsky é professor emérito de Linguística e Filosofia do Instituto Tecnológico de Massachusetts, em Cambridge, Massachusetts. É o maior linguista do século e um dos últimos anarquistas sérios do planeta.


Veja o vídeo: Ativistas e o estudioso Noam Chomsky no Occupy Boston. Noam Chomsky foi um dos muitos oradores, como parte de uma série de leituras no Memorial Howard Zinn, sede da mobilização para Ocupar Boston.



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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

BRAZIL: "Occupy" Movement Rolls to Rio - IPS ipsnews.net


"Occupy Rio" protesters camping out in Cinelândia square. By Fabíola Ortiz to IPS

RIO DE JANEIRO, Nov 3, 2011 (IPS) - Inspired by the movement for real democracy and people's power that has spread to hundreds of cities around the world, young Brazilians in Rio de Janeiro have created their own version of "Occupy Wall Street", dubbed "Occupy Rio".

Following in the footsteps of Spain's "Indignados" (outraged people), about 200 young people are carrying out a peaceful protest in one of the main squares in Rio's city centre, where thousands of people pass by every day.

Around 125 tents have been pitched in the Cinelândia square, where the city council, the municipal theatre and the national library are situated. The square has become the focal point of demonstrations criticising consumerism, social inequality and the financial system.

Dozens of placards, reading "You are free", "Come out of your living-room-prison, your life is worth much more than a soap opera episode," or "Transform arms into art", express the sense of peaceful protest and freedom that has inundated the plaza since Saturday Oct. 22.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

#OcupaRio :: Você já está sabendo do que se trata?



por Fernando Gasparini · via OVERMUNDO · 30/10/2011 · 8 · 1 · Rio de Janeiro, RJ

“Não somos mercadoria.” Sim, isso eu já sabia, mas não pude constatar ao certo o porquê dessa frase, escrita em garranchos num cartaz pregado na Praça da Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, ter me tomado naquele domingo à tarde com tanto fascínio, a ponto de eu estar aqui, agora, ecoando o que minha memória não quer esquecer.

Não foi um encantamento estético – uma estesia – nem tampouco uma provocação reflexiva em torno de algo novo para mim. Eu, acostumado a ir ao teatro e a ler poesias. Eu, acostumado, e talvez um tanto viciado, a contemplar as mais variadas pirotecnias estetizóides e os mais complexos pensamentos filosóficos.

Para ser preciso, devo dizer que as lágrimas vieram aos olhos antes mesmo de elaborar qualquer argumento. Aquilo me pegou antes de mim e sinceramente me emocionou (não seria a emoção manifesta uma explosão de sinceridade?).

Aquilo me emocionou. Sim, eu não sou uma mercadoria! Eu não posso ser visto pelas pessoas como um valor agregado à minha força de trabalho. Eu não posso estabelecer trocas baseadas prioritariamente em interesses econômicos. Definitivamente, não somos mercadoria.

Havia uma boa centena de pessoas na praça, e muitas delas escrevendo cartazes, alguns fazendo música, alguns dançando, e alguns grupos de trabalho em que eram divididos assuntos de interesse da comunidade instalada ali. Desde o dia 22 de outubro, jovens, boa parte estudantes, estão acampados. Barracas estão espalhadas. Uma mesa grande foi improvisada, com comida, frutas e biscoitos, para quem quiser se servir.

Mas contra o que eles estão protestando?, ouvi de uma senhorinha que ousara se aproximar. Vejo outro cartaz: “Acredite! Existe vida após o capitalismo”. E outro (citação de Che Guevara): “O verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor”. Mais outro: “O Capitalismo é a Crise”.

O nome do movimento é “Ocupa Rio”, e é difícil delinear com precisão do que se trata. Se por um lado, há um tônus político (“Belo Monte de Mentiras” era mais um cartaz; “FMI – Fome & Miséria Internacional”, mais um), por outro percebe-se a penetração do campo artístico e poético no debate: “Só uso arma para transformar em arte e só uso arte para transformar em arma.” E nada mais poético e político que um imenso cartaz com umas letras garranchadas dos versos emblemáticos de Castro Alves: “A praça é do povo como o céu é do condor.”

A sobrevivência e a convivência na praça são administradas por grupos de trabalho, chamados de GT. Assim, há o GT da Alimentação, o GT da Comunicação, o GT Teórico e o GT Jurídico, entre outros. Uma fórmula de gestão de trabalho em que todos têm direito a opinar e cuja decisão é sancionada pelo voto em assembleia. Há assembleias diárias. Pude acompanhar o GT Jurídico informando às pessoas acerca de uma nova peça judicial autorizando a polícia a retirar as barracas da praça. Discutia-se as formas de resistência.

De inspiração pacificista, o movimento parece ter influência anarquista e na desobediência civil de Gandhi e Thoreau. Consta que Michael Hardt e Antonio Negri, autores de “Império”, sejam outros inspiradores.

Como não há microfones, os oradores falam e o público repete, numa técnica bastante utilizada por grandes líderes ao longo da história. O procedimento é bastante eficiente (só tinha visto isso em filmes) e, ao requerer mais concentração entre quem fala e quem ouve, provoca uma espécie de transe, no ritmo que se estabelece entre a fala do orador e a repetição pelos demais. Há também alguns gestuais que são compartilhados e que facilitam a comunicação com as pequenas massas que se ajuntam.

Não poderia sair dali sem deixar registrado também o meu grito. Mas aonde conseguir cartazes, tinta, fita adesiva? Compro amanhã numa papelaria e aqui volto. Não. Sentia uma urgência do agora. Comecei a procurar pedaços de papel no chão, quando vi algumas cartolinas amontoadas numa barraca. Posso pegar uma?, indaguei. Não precisa pedir, um menino me respondeu. Aqui tudo é de todo mundo, ele completou.

Pronto! Sem me dar conta já estava sentado no chão, papel e pincel na mão, a desenhar os meus dizeres, um poema que me acompanha desde há alguns anos, de Waldo Motta: “MUNDO CÃO / OSSO DA ALEGRIA / ÚNICA RAÇÃO”. Esses versos sintetizam a minha ideia de felicidade como uma busca política e ao mesmo tempo uma busca poética, com propósito de fissurar as palavras, quebrá-las (no sentido artaudiano) como se fossem objetos concretos e forjar novos sentidos.

Posteriormente, ao chegar em casa, de frente ao computador, pesquisando sobre o assunto na internet, outra surpresa: o movimento é extremamente articulado na comunicação virtual.

A estratégia é relativamente simples – uso de blog (http://www.ocupario.org/) e perfis e grupos de discussão em redes sociais como facebook e twitter. O diferencial está na rapidez e na transparência em que as informações são transmitidas, de forma clara, direta, poética, fragmentada. E mais, através do site http://www.livestream.com/occupy_rio_brazil é possível acompanhar ao vivo as assembleias e oficinas ministradas na praça. Ou seja, quem quiser entrar no “clima” do evento e saber o que está ocorrendo em “tempo real”, é só acessar.

A ideia parece ser essa mesmo: aproveitar o barateamento das tecnologias midiáticas e utilizá-las massificadamente na internet. A escolha de uma praça central também cumpre o objetivo de atrair o interesse dos transeuntes. Durante o dia, os manifestantes conversaram com os donos dos estabelecimentos comerciais ao redor e têm buscado sensibilizar inclusive os policiais.

Trata-se de uma ação interligada mundialmente chamada Global Revolution. São os mesmos manifestantes que lotaram as praças em Madrid, Nova Iorque, Chicago, Porto Rico, e outros. No Brasil, há ocupações no Rio de Janeiro e São Paulo.

O movimento se autointitula horizontal e apartidário. Visa a ocupação permanente da Cinelândia (na praça de Wall Street, eles estão lá há mais de um mês). Não há líder, ninguém fala pelo coletivo, cada um tem a sua própria reivindicação.

“A casa caiu, levante sua barraca” é o slogan do evento. No perfil do twitter, outras informações fragmentadas: “Atividades e ideias rolando livremente na Cinelândia. Tá lindo! Venham passar a noite dessa segunda aqui com a gente”, diz uma mensagem. Outra: “é o 3º dia de acampamento! Momentos inesquecíveis até agora e que estamos fazendo acontecer! Cada indignado, uma conquista”. E mais outra: “Nova semana começando, e depois de tudo que vivemos nesses últimos dias, não deixe que o comodismo perpetue! Revolucione-se! Venha ocupar”.

Algumas mensagens impressionam pela singeleza, como: “vai almoçar no centro do Rio? Passe no acampamento e registre o seu apoio, faça um cartaz, converse com os acampados, sorria! Ocupe!”. São frases rápidas e sintéticas que buscam sensibilizar de imediato o espectador, despertá-lo para a indignação e provocar mobilização.

Vejamos a força de comunicação que a poética pode nos oferecer.

Aqui a poesia das frases curtas e grosseiras (numa espécie de estética ao avesso) funciona como transmissão de conhecimento. A poesia como ferramenta teórica de conhecimento é um assunto que ainda pretendo abordar mais pra frente.

Em meio a tantos fragmentos, encontrei no grupo de discussão do facebook um texto que apresenta com mais clareza e profundidade os desígnios desse projeto. É a “Carta da Humanidade”, lançada em Santiago, Chile, em 07 de outubro de 2011. A força argumentativa impressiona. Transcrevo abaixo alguns trechos:

Nós, indivíduos da espécie humana, que, no exercício de nosso livre arbítrio, assinamos este documento: “A CARTA DA HUMANIDADE”, declaramos não mais reconhecer a autoridade de nenhuma instituição sobre nós e proclamamos a nossa soberania sobre nós mesmos.

E, já, como soberanos de nós mesmos, realizamos o nosso primeiro ato de soberania: assumimos, entre nós, assinantes deste documento, o compromisso de apoiar-nos, mutuamente, a fim de cumprir com o nosso maior propósito existencial: a felicidade, e convidamos a todos, que ainda não o assinaram, a juntar-se a nós nesta autêntica declaração de independência em relação a todo e qualquer mecanismo de coerção da liberdade humana, onde [sic] manifestamos nosso repúdio permanente à dúvida sobre nosso próprio potencial, ao ódio, ao individualismo, à escravidão, à desigualdade, à não-fraternidade e à injustiça.

É no bojo desse pensamento que surge a iniciativa da ocupação, chamada de “Comunidade Livre” ou “Comunidade dos Livres”:

Este compromisso de apoio mútuo se formaliza na constituição da Comunidade Livre, a comunidade dos livres, para que, através dela, em espírito de cooperação, possamos materializar todas as condições necessárias para a criação e manutenção de um ambiente que, em sua totalidade, seja favorável à nossa felicidade, ou seja, ao nosso pleno desenvolvimento espiritual, familiar, social, científico, econômico, cultural e político.

Tendo por objetivos fundamentais a auto-realização existencial, o bem comum e o estabelecimento do diálogo como único meio para a resolução pacífica de todo e qualquer conflito e tendo por valores fundamentais a fé em nosso próprio potencial, o amor, a solidariedade, a liberdade, a igualdade, a fraternidade e a justiça, a principal ação da Comunidade Livre será ocupar, regularmente, de forma pacífica, o principal espaço público de cada cidade onde estiver presente, para desenvolver, de forma auto-gestionada, as seguintes iniciativas: a Universidade Livre, a Cooperativa Livre, o Centro Cultural Livre e o Fórum Livre, registrando-as e difundindo-as por meios de comunicação próprios, a fim de conscientizar a humanidade de que deve assumir a responsabilidade de decidir livremente sobre seu próprio destino, não delegando mais este poder aos Estados Nacionais, que estiveram, estão e estarão, enquanto existirem, ao serviço dos interesses das grandes corporações e não ao bem-estar dos povos que, teoricamente, por eles são representados.

A Universidade Livre é efetivada a partir de um encontro semanal, com o propósito de “organizar o livre intercâmbio de conhecimentos, de maneira libertária, na sua máxima expressão”. Por isso, considera que “todos somos pensadores livres aptos a receber, processar e compartilhar, construindo, assim, permanentemente, de forma colaborativa, o conhecimento útil à comunidade, sobre o que é real, bom, persuasivo, verdadeiro, eficiente, belo e justo”.

Conforme a carta, o movimento não reconhece a legitimidade do uso da violência por parte de nenhuma instituição, porém se reserva o direito de auto-defesa. O manifesto informa ainda que não tem intenção de oferecer uma resposta a todos os problemas da humanidade, nem tampouco dizer qual é a sua forma de organização perfeita. Entretanto, defende que “a resposta para todos os problemas da humanidade está dentro de nós mesmos”. É nesse aspecto que a articulação política ganha uma dimensão introspectiva, psicanalítica ou mesmo espiritual, uma vez que o fazer político, quando pautado por uma ética, buscaria o equilíbrio entre a ação externa e a reverberação interior.

O texto é enfático: “já nos consideramos livres de toda e qualquer tirania, pois não reconhecemos mais o seu poder”.

Não queremos impor um novo modo de vida a ninguém, apenas, não queremos mais que imponham a nós este modo de vida de dúvida sobre nossas próprias capacidades, de ódio, de individualismo, de escravidão, de desigualdade, de não-fraternidade e de injustiça que é o capitalismo, nos reconhecemos, desde já, como livres para construir o modo de vida queremos para nós, quem quiser seguir vivendo baixo a tirania dos Estados Nacionais e das grandes corporações que siga, mas exigimos respeito a nossa livre decisão de sermos livres.

A certeza do sucesso desse empreendimento está no final utópico da carta:

Este momento histórico será lembrado nos livros de história como A REVOLUÇÃO DOS 99%, A REVOLUÇÃO GLOBAL, A REVOLUÇÃO POPULAR, A REVOLUÇÃO CULTURAL DA DÉCADA DE 10, A QUEDA DO CAPITALISMO, QUEDA DOS ESTADOS NACIONAIS, PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DA HUMANIDADE, FUNDAÇÃO DA COMUNIDADE LIVRE DA HUMANIDADE OU QUALQUER OUTRO NOME LEGAL... O nome não importa! O que importa é que será lembrada como a revolução que, definitivamente, libertou a humanidade da tirania dos Estados Nacionais e das grandes corporações, revolução onde os protagonistas foram todos nós.

A transgressão ao poder econômico instituído é uma das marcas das ações políticas de vanguarda, e creio que o potencial transformador desse atual movimento está na aceitação da arte como ferramenta e na busca pela felicidade como norteadora do espírito humano. Perceba que a felicidade é alavancada como primeiro item na teia de proclamações da Carta da Humanidade. E não é por menos. Senão vejamos.

Fonte:
Artigo reproduzido livrevente, fiel ao original que é disponibilizado em CC em:

Fotos: Ronald Sanson Stresser Junior / Cartaz de divulgação do Ocupa Rio