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terça-feira, 27 de julho de 2010

O Ponto de Mutação "Mindwalk"

Já experimentou assistir um filme inteiro na internet? É ótimo, a gente pode parar, voltar, adiantar, pausar, ver novamente a qualquer hora e mais facilmente. Não precisamos guardar um DVD ou manejá-lo, nem espaço de armazenamento no disco rígido é necessário, pois a mídia é online. É o futuro da televisão, que em breve estará também no seu telefone celular.

Que tal começar esta experiência agora mesmo? Inauguro as postagens sobre cinema, neste blog, com um clássico, que leva ao autoconhecimento. A dica é o filme O Ponto de Mutação "Mindwalk".

Além do entretenimento, assistindo ao filme desta postagem, agregamos valor ao maior capital que possuímos, que é o capital do conhecimento. O título em português, "O Ponto de Mutação", nome também do livro que deu origem ao filme, foi extraído de um hexagrama do I Ching. Na história é comparado o pensamento cartesiano ao paradigma emergente no século XX. O primeiro é reducionista e modelo para o método científico desenvolvido nos últimos séculos. O segundo, holístico ou sistêmico, vê o todo como indissociável; o estudo das partes não permite conhecer o funcionamento do organismo. As comparações são feitas em vários campos da cultura ocidental atual, como a medicina, a biologia, a psicologia e a economia.

A imagem não é das mais perfeitas, pois muito provavelmente deve ter sido digitalizada através de original em VHS (vídeo tape). Entretanto é um filme que todas as pessoas deveriam assistir, realmente genial. A versão abaixo está legendada em português do Brasil e o som está perfeito. Existem cópias também no YouTube, porém todas divididas nos 10 míseros minutos que eles disponibilizam, ou menos, o que torna tarefa difícil, assitir um longa metragem através daquela rede social  de compartilhamento de vídeos. A versão que encontrei está disponível no Google videos, que apesar de desativado para upload, conservou seu acervo online disponível. Assista e compartilhe você também, é arte que abre a mente pessoal! As imagens aqui do post peguei no blog do maestro Lincoln Castro, que também é o autor dos comentários sobre o filme. Tenham todos uma boa e inspiradora sessão de cinema na internet!

Sinopse

Um político estadunidense (Jack Edwards, interpretado por Sam Waterston) vai à França visitar um velho amigo poeta (Thomas Harriman, interpretado por John Heard). Lá, conhecem uma cientista (Sonia Hoffman, interpretada por Liv Ullman) e, juntos, tecem uma profunda discussão sobre questões existenciais. Filme baseado na obra "The Turning Point" (O ponto de Mutação), de Fritjof Capra. Diração: Bernt Amadeus Capra. Duração: 1:50:45. Ano: 1990.

Trilha sonora de Philip Glass

Comentários

O filme cria uma comparação entre o pensamento cartesiano com o paradigma emergente no Século XX. O pensamento cartesiano é o modelo utilizado para o método científico desenvolvido nos últimos séculos, e o paradigma emergente, ou pensamento holístico, vê o todo como indissociável e que o estudo das partes não permite conhecer o funcionamento do organismo.

Os três personagens principais são uma cientista, um poeta e um político. O político tem uma visão mais fechada, um pensamento mais linear e, durante o filme, a cientista tenta, com a ajuda do poeta, fazer com que o político consiga abrir os olhos e conceber o mundo com uma visão mais aberta.

Durante o filme a cientista apresenta a necessidade de se perceber o mundo diferente e que essa crise da percepção seria a causa de muitos dos problemas atuais. A mudança de um sistema cartesiano para o “ecological thinking” (visão holística) representa justamente o entrave que a humanidade está enfrentando.

Cada personagem passa por um drama particular na história. A cientista perdeu a fé no verdadeiro sentido de sua profissão ao se dar conta de que seu trabalho era pervertido pelo governo, e resolve se mudar e isolar do mundo e de todos, incluindo a filha adolescente que mora com ela. O poeta se decepcionou com a vida nos Estados Unidos como assessor de imprensa do político e resolver se afastar. O político perdeu a eleição para presidente dos Estados Unidos e, apesar de não ter consciência do porquê, percebe que existe uma necessidade de se reavaliar e reestruturar.

O castelo, onde o filme é ambientado, pode ser encarado com uma metáfora ao isolamento da cientista. Apesar de todo dia se isolar e afastar, a maré sobe e lhe abraça, mostrando que todos esses sistemas estão unificados, de que nós também fazemos parte, e que não podemos nunca nos isolar completamente.

No final, o político, apesar de não conseguir fugir muito do seu raciocínio prático e cartesiano, percebe o valor do discurso apresentado pela cientista e considera incorporá-la a sua equipe, mas ela nega pois continua a acreditar que precisa repensar a sua vida.

O poeta então declama um poema de Pablo Neruda, resumindo toda a crise de percepção e a necessidade de não apenas observar os detalhes, mas também perceber as relações e encontrar nós mesmos. Estas palavras do poeta influenciam a cientista a se aproximar mais da filha, criando uma visão (uma metáfora) otimista de que a humanidade poderá um dia superar a visão cartesiana para criar uma maior integração e uma nova percepção sobre a ciência, percepção esta no filme chamada de “ecological thinking”.

2 comentários:

Lincoln disse...

está super liberado! fico feliz de ter contribuído. abraços!

Anônimo disse...

Oi obrigada por disponibilizar o filme Ponto de mutação.
Gostei do blog.
Eliane