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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Somos Todos Pinheirinho :: A Greve de Fome do Jornalista Pedro Rios Leão




Pedro Rios, algumas horas após iniciar sua Greve de Fome,
foto tirada por volta das 23h de 29 de janeiro de 2012 (RSSJ - copyleft)
por Zé Max e Ricardo Gomes, em 30/01/12

Domingo que passou é tudo menos um dia comum. Há uma semana, na madrugada, quem pôde ver assistiu, em Pinheirinho, a saudação do governo paulista, e do Estado policial que nos governa, para um 2012 que mal começa e já vem cobrando da militância política muito mais do que indignação de facebook, marchas, comiseração e efêmera revolta.

Não faz um mês e cumpríamos a tola tradição de presentear uns aos outros, dopados de cegueira e morfina, lançando votos de um ano feliz e próspero, como se a felicidade ansiada, a plena felicidade, necessitasse da pobre representação do shopping de plástico e dos ocultos amigos reunidos em saraus de condomínio.

Quantos Pinheirinhos serão necessários para romper com o show de Truman e notar que a vida não é bonita nem bela, muito menos feliz?

Há muito a se fazer politicamente

A greve de fome teve início na noite de ontem. O local? Jardim Botânico, em frente da central de jornalismo da rede Globo. A razão é simples: cobertura que considera criminosa sobre a gravidade de Pinheirinho.

Até aí nenhuma novidade. Nós sabemos a quem nossa mídia representa e a quem ela serve. Mas o novo tempo pede algo novo de nós, uma nova mídia, novos direitos, e um novo jornalismo. Faça você mesmo, seja mídia.

O nome do nosso militante é Pedro Rios Leão — "Caboclo Menino" para os mais chegados do OcupaRio. Na última segunda, Pedro aprontou sua mochila e partiu para São José dos Campos. Viveu e narrou o massacre e a extensão da barbárie, que prossegue.

Se Pinheirinho somos todos nós, Pedro também é Pinheirinho. Algemou-se diante da Globo, numa atitude autônoma e radical — que alguns julgarão inconsequente —, trazendo a política, e a necessária resistência, para mais perto de si, para o seu próprio corpo.

"Para mim, não importa o que vai acontecer. Me importa, sim, o que está acontecendo."

Estivemos com ele

Pedro não precisa de pena, pré-ocupação ou tapinha nas costas. Muito menos de descrença ou o torcer do seu nariz. Tem com ele tudo de que precisa, na precariedade do que somos.

Água, livros, um colchão fino, tinta, cartazes, também a camisa do Flamengo, sua barba por fazer, indignação, muito ódio e a sua loucura. Porque os loucos capazes de achar que podem mudar o mundo são os que, de fato, mudam. (Clique aqui e veja uma entrevista com ele algumas horas após o início do protesto)

Não esqueça Pinheirinho

Se o século passado tem uma lição a nos ensinar, mais do que ser um palácio memorial moral de tudo que foi utopia e barbárie, é que as homenagens, os monumentos de pedra, os tributos, os museus, as efemérides, os cenotáfios e a louvação aos mortos, não são para que lembremos; mas para que esqueçamos.

Pedro, hoje, com seu corpo, roto e gasto, é uma pixação nos muros da rede Globo. Um canto dissonante, um rasgo numa janela de vidro, o açoite de uma tela de van Gogh para uma estética suja ou o deboche da prosa de Rimbaud para uma nova poética. Uma voz que diz a quem passa você não me vê, mas eu estou bem aqui.

Não esqueça. Não esqueça Pinheirinho.

Links para Pinheirinho:

— Canal de vídeos do Pedro http://www.youtube.com/user/pedroriosleao1


— Mil Pinheirinhos contra a comiseração desgraçada, Bruno Cava http://www.quadradodosloucos.com.br/2542/mil-pinheirinhos-contra-a-comiserac­ao-desgracada

— Dez mentiras que Cercam o Pinheirinho, Hugo Albuquerque http://descurvo.blogspot.com/2012/01/dez-mentiras-que-cercam-o-pinhei­rinho.html

— O massacre de Pinheirinho e o Futuro da luta, Idelber Avelar http://revistaforum.com.br/idelberavelar/2012/01/27/o-massacre-de-pinheirinho-e-o-futuro-da-luta/

— Encobrimento de Vídeos do Pinheirinho Leva Ativista a Greve de Fome, Global Voices http://pt.globalvoicesonline.org/2012/01/31/brasil-pinheirinho-greve-fome-videos/

O vídeo de Pedro Rios:
"Eu queria matar a presidenta: depoimentos da guerra civil brasileira em Pinheirinho"



Os 10 comportamentos humanos mais auto-destrutivos




Credit: © Fernando Gregory | Dreamstime.com
Ao longo do tempo, a raça humana já inventou muitas formas diferentes de destruir a si mesma. 

Muitos cientistas já se dedicaram a analisar algumas atitudes que as pessoas tomam, mas grande parte dessa área de conhecimento ainda permanece um mistério para muita gente. 

Esta lista com dez comportamentos destrutivos é uma tentativa de jogar alguma luz sobre este assunto.

10 – Mentira

Contar uma mentira não é tão fácil para quem não está acostumado: um estudo cronometrado concluiu que a mentira leva 30% a mais de tempo para ser falada do que a verdade. Outras pesquisas mensuram quantas vezes uma pessoa mente em um dia, um ano ou na vida inteira, por exemplo. Em uma destas investigações, feita por psicólogos da Universidade de Massachussets (EUA), 60% dos participantes foram flagrados mentindo pelo menos uma vez em uma conversa de dez minutos.

Mas ainda não está clara a origem da tendência à mentira. A maior parte dos psiquiatras a atribui a problemas de auto-estima: quanto mais baixa, maiores as chances do uso da mentira para mascarar a situação. Psicólogos de outra universidade americana, a Washington and Lee (Lexington, Virginia), afirmam que a definição de mentira já é algo impreciso. Para eles, a mentira depende de duas coisas: a pessoa que conta deve acreditar que sua frase é falsa, e deve estar com intenções claras de que o interlocutor a aceite como verdade. Se fugir desse perfil, já não pode ser chamada de mentira.

9 – Violência

Será que a violência só acontece quando existe um motivo? Ou o cérebro e genes do ser humano são condicionados a uma busca natural por ela? Muitos pesquisadores já acreditaram na segunda opção. Analisando a pré-história, nossos ancestrais tinham hábitos como canibalismo, por exemplo, mas pesquisas recentes indicam que eles eram mais pacifistas do que o homem atual.

No mundo animal também existe violência, quase sempre relacionada à luta por comida, parceiros sexuais ou território. Os seres humanos, em maior ou menor escala, apresentam essas mesmas características: estudos de 2008 mostram que existem áreas específicas no cérebro para esse fim.

Alguns psicólogos acreditam, por essa razão, que o ser humano é uma das espécies mais violentas do planeta: o mecanismo hormonal responsável por isso é ativado muito facilmente. Mesmo que a situação violenta não tenha uma relação aparente com o instinto de sobrevivência animal.

8 – Roubo

Já não é algo novo na sociedade a existência dos cleptomaníacos, pessoas que teriam tendência natural ao roubo. Um estudo com 43 mil pessoas descobriu que 11% admitiram já ter roubado uma loja pelo menos uma vez. Mas se esta atitude nem sempre é motivada por necessidade, é preciso que algum fator emocional a explique: a adrenalina da ação, por exemplo.

Uma pesquisa de 2009, conduzida pela Universidade de Minnesota, os participantes foram ministrados ou com um placebo ou com doses de naltrexona, um fármaco que reduz a compulsão por álcool e outros vícios, como drogas e jogo. E o teste mostraria que a substância reduz também a compulsão ao roubo, ou seja, ele também seria uma espécie de vício nocivo instalado em nossas mentes.

Fatores neurológicos à parte, também já foi registrado o ato de roubar no mundo animal. Algumas espécies de macaco usam truques para chamar a atenção dos rivais, tirá-los do lugar onde vivem e roubar a comida deles durante a ausência.

7 – Traição

Por que o ser humano, já tendo escolhido um parceiro conjugal, continua sujeito à tendência de procurar outra pessoa? Em cada cinco americanos, um acha que a traição é moralmente aceitável ou que essa atitude nada tem a ver com moral. Alguns estudos lançam um paradoxo: são justamente as pessoas com mais integridade moral, em teoria, que tendem a trair mais.

E qual seria o motivo? Psicólogos explicam que é justamente porque tais pessoas tiram a traição conjugal da esfera da ética. Em alguns casos, alguma condição ou atitude do parceiro traído seria justificativa suficiente para isso. Fatores de gênero e poder também estão envolvidos nessa balança, mas muitos aspectos sobre a traição continuam obscuros.


6 – Vícios

Todos os fumantes sabem, atualmente, que estão fazendo mal a seus pulmões, e mesmo assim fumam. Mas talvez isso não se explique apenas pela dependência química que a nicotina causa no corpo: fatores psicológicos podem levar as pessoas a manter este e outros maus hábitos de vida. Por que, apesar da consciência do mal, as pessoas buscam justificar suas atitudes (dizendo coisas como: minha avó tem 90 anos e fumou a vida inteira)?

Uma psicóloga canadense, da Universidade de Alberta, elencou cinco razões além da biologia para afirmar porque as pessoas não largam seus vícios. Seriam elas: rebeldia interna natural, necessidade de ser aceito socialmente, incapacidade de realmente compreender os riscos do vício, visão egocêntrica de mundo (algo como não se preocupar com as pessoas que vão sofrer se você morrer) e predisposição genética.

5 – Bullying

A palavra que entrou na moda em um passado recente, no Brasil, serve para explicar uma atitude muito antiga: a discriminação. No caso de crianças, psicólogos ainda divergem sobre a origem deste comportamento entre os dois ambientes que elas freqüentam: a família e a escola. A maioria dos educadores acredita que a influência comece em casa, mas em ambos os cenários a criança encontra condições sociais para praticar o bullying.

É claro que esta atitude não se limita às escolas: uma pesquisa afirmou que 30% dos profissionais norte americanos já passaram pela experiência da discriminação no trabalho. Tomando o bullying como uma condição psicológica do ser humano, a maioria dos profissionais acredita que esteja relacionado a questões de status e poder: quando humilhamos uma pessoa, nos colocamos em patamar superior perante o grupo.

4 – Alterações artificiais no corpo

Quem nunca fez tatuagem já deve estar cansado de ouvir histórias de como é dolorido e de como foram sofridas as horas que a pessoa passou na cadeira da loja para imprimir um desenho na própria pele. Mesmo assim, essa e outras várias mudanças artificiais no corpo continuam atraindo muitos interessados e estão cercadas de fascinação.

Cirurgias plásticas no rosto e no corpo, implantes e adereços pelo corpo fazem parte da história moderna do ser humano. Psicólogos não negam que a principal razão seja mesmo a busca pela beleza e para se ficar mais apresentável na sociedade. Mas não seria apenas isso. A questão, conforme especialistas afirmam, não está apenas na pessoa se sentir bem perante os outros, e sim consigo mesma. Mas uma coisa, obviamente, está ligada à outra.

3 – Stress

Será que as pessoas têm a escolha de se estressar ou não diante da vida que levam? Muitos estudos já comprovaram que ele piora a saúde em todos os sentidos e podem levar o corpo a um precoce ataque cardíaco ou um até um câncer.

O ambiente do trabalho sempre foi tomado como a maior fonte de stress. E a tecnologia moderna representou, conforme explicam os pesquisadores, uma ameaça em potencial: quanto mais celulares e laptops nós temos, menor fica a linha que separa o trabalho do descanso: levamos trabalho para casa, temos menos tempo para relaxar e acabamos nos estressando mais. As velhas dicas de bom sono, boa alimentação e exercícios físicos regulares ficam cada vez mais válidas diante desta situação.

2 – Jogo

Não é apenas o ser humano que tem uma impulsão natural a apostar: até os macacos o fazem. Um experimento concluiu que os primatas se sujeitaram a testes contínuos para conseguir um prêmio, no caso uma tigela de suco de frutas. E se tinham a oportunidade de conseguir um pouco mais, mesmo arriscando perder o que já tinham, eles tentavam. Mas como surge essa tendência?

Psicólogos afirmam que o nosso cérebro tente a acreditar nas próprias vitórias. Logo, quando a gente vence por muito pouco, não pensa nisso como uma quase-derrota e que as chances de perda eram muito maiores do que a de ganho. Pensamos que a vitória deve ser repetida, por isso vamos novamente ao jogo sem pensar nas consequências. Muitas histórias de fortunas perdidas em cassinos, por exemplo, foram motivadas por este simples mecanismo mental.

1 – Fofoca

O que a vida alheia tem de tão interessante, que nos torna atraídos a falar dela várias vezes e com muitas pessoas? As fofocas criam laços pessoais. Ela é usada socialmente, conforme explicam os especialistas, para aproximar duas pessoas que não gostam de uma terceira.

Os psicólogos pensam na boataria como um dos fatores mais destrutivos porque ela está atrelada a outros: quem fofoca nem sempre tem compromisso com a verdade, e a vida dos outros pode ganhar uma versão totalmente distorcida na boca do interlocutor.

Fonte: LiveScience (reprodução / tradução via Carta O Berro)

domingo, 29 de janeiro de 2012

O mundo do dinheiro e seus heróis

por Emir Sader

Até um certo momento os ricos ou escondiam sua riqueza ou tratavam de passar despercebidos, como se não ficasse bem exibir riqueza em sociedades pobres e desiguais. Ou até também para escapar da Receita.

De repente, o mundo neoliberal - esse em que tudo vale pelo preço que tem, em que tudo tem preço, em que tudo se vende, tudo se compra – passou a exibir a riqueza como atestado de competência. Nos EUA se deixou de falar de pobres, para falar de “fracassados”. Numa sociedade que se jacta de dar oportunidade para todos, numa “sociedade livre, aberta”, quem nao deu certo economicamente, é por incompetência ou por preguiça.

Ser rico é ter dado certo, é demonstrar capacidade para resolver problemas, ter criatividade, se dar bem na vida, etc., etc. Até um certo momento as biografias que se publicavam eram de grandes personagens da historia universal – governantes, lideres populares, gênios musicais, detentores de grandes saberes. A partir do neoliberalismo as biografias de maior sucesso passaram as ser as dos milhardários, que supostamente ensinam o caminho das pedras para os até ali menos afortunados.

Todos dizem que nasceram pobres, subiram na vida graças à tenacidade, à criatividade, ao trabalho duro, ao espirito de sacrifício. Tiveram tropeços, mas nao desistiram, leram algum guru de auto-ajuda que os fez aumentarem sua auto estima, acreditarem mais em si mesmos, recomeçarem do zero, até chegarem ao sucesso indiscutível.

Seus livros se transformam em best-sellers, vendem rapidamente – até que vários deles caem em desgraça, porque flagrados em algum escândalo -, eles viajam o mundo dando entrevistas e vendendo seu saber que, se fosse seguido por seus leitores, produziria um mundo de ricos e de pessoas realizadas e felizes como eles.

Quem vai publicar um livro de um “fracassado”? Só mesmo se fosse para que as pessoas soubessem quais os caminhos errados, aqueles que nao deveriam seguir, se querem ser ricos, bonitos e felizes. O mundo do trabalho, da fábrica, do sindicato, dos movimentos de bairro, das comunidades – mundo marginal e marginalizado.

Programas de televisão exaltam os ricos, os bem sucedidos, as mulheres que exibem sua elegância, sua falta de pudor de gastar milhões na Daslu e nas viagens a Nova York e a Paris. Ninguém quer ver gente feia, pobre, desamparada, que só frequenta os noticiários policiais e de calamidades naturais. As telenovelas tem como cenários os luxuosos apartamentos da zona sul do Rio e dos jardins de Sáo Paulo, com belas mulheres e homens que não trabalham, no máximo administram empresas de sucesso. Os pobres giram em torno deles – empregadas domésticas, entregadores de pizza, donos de botecos -, sempre como coadjuvantes do mundo dos ricos, que propõem o tipo de vida que as pessoas deveriam ter, se quiserem ser ricos, bonitos, felizes.

Esse mundo fictício esconde os verdadeiros mecanismos que geram a riqueza e a pobreza, os meios sociais – os bancos por um lado, as fábricas por outro – em que se geram a riqueza e a fortuna, a especulação e a expropriação do trabalho alheio. Em que estão os vilões e os heróis das nossas sociedades.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Denúncia: Após desocupação, o drama dos moradores do Pinheirinho

Este vídeo foi feito pelo ativista Pedro Rios Leão, carioca que esteve em São José dos Campos (SP), na desocupação da comunidade carente conhecida como Pinheirinho. O vídeo traz graves denúncias, com o depoimento de testemunhas da violência policial, desrespeito aos direitos humanos e até de suposta ocultação de cadáveres - de pessoas que teriam sido mortas naquela localidade - durante a reintegração de posse determinada pela justiça paulista. Segue abaixo reprodução na íntegra da postagem feita pelo QTMD?, em 27/01/12:

“Eu queria matar a presidenta: depoimentos da guerra civil brasileira”

“Não se deixem levar pelo título forte. É figura retórica, provocação desesperada de quem viu o horror de perto. E é importante que assistam até o final. Segue a descrição do trabalho, por Pedro Rios Leão, que o filmou:

O Governador do estado de São Paulo, o Prefeito de São José dos campos, O Tribunal de Justiça de São Paulo, Toda a força policial, tanto da PM paulistana presente, quanto da Guarda Municipal, a direção inteira do hospital municipal de são josé, a mídia, em particular a Rede Globo, que escancaradamente foi o veículo oficial do Governo Paulista, TODO O CORPO JURÍDICO ENVOLVIDO NA REINTEGRAÇÃO DE POSSE, incluindo o ministro César Peluso, o Ministro Gilberto Carvalho,o ministro Eduardo Cardozo, todos, TODOS agindo a mando de Naji Nahas.

A lista de assassinos de Pinheirinho não tem fim. Parem de procurar apenas UM culpado! REVOLTE-SE. Exija a justiça que nos é negada todo dia! Pelo fim do domínio dos banqueiros. Juntos nós podemos.”


Nota do QTMD?

“Este site publica este vídeo como forma de pressionar para que o que aconteceu em Pinheirinho, no domingo, 22 de Janeiro de 2012, e que a própria presidenta já definiu como “barbárie”, seja investigado e que, se houve mesmo mortes, os corpos apareçam e que as famílias não fiquem anos esperando como as da época da ditadura militar. 

A editora deste site quer acreditar que vive num país que não tem medo da democracia. Sendo verdade que o governo paulista quebrou o pacto federativo para promover uma chacina, que seja punido. E que episódios como esse nunca mais se repitam. Aos que acharem o vídeo duro, peço que se imaginem no lugar do Pedro, colocando a própria vida em risco.”

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Conexões entre o corpo humano e as mídias digitais




Pierre Lévy e suas visões do futuro
Pierre Lévy (Foto: Damião Francisco/Wikimedia Commons)

Cibernética

Em conferência na USP, o filósofo de origem francesa fala sobre a linguagem que desenvolve atualmente – a IEML – e prevê o máximo desenvolvimento das conexões entre o corpo humano e as mídias digitais

Paulo Hebmüller

Se um habitante do século 21 voltasse ao tempo do Antigo Egito ou do Império Romano e tentasse falar sobre computadores, internet ou aviões, seria impossível aos cidadãos daquelas eras compreender a existência dessas coisas. Para o filósofo Pierre Lévy, também a nossa geração é incapaz de conceber aonde o desenvolvimento das mídias digitais e suas conexões com o corpo humano vai chegar. “Estamos falando de algo que não podemos imaginar. Penso num novo tipo de linguagem, capaz de explorar todas as capacidades da computação, inclusive usar o seu poder para manipular símbolos”, disse Lévy a uma plateia que lotou o Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária, no último dia 18.

Na conferência “Horizontes do conhecimento na era digital”, promovida dentro do Ciclo USP 2.0 – organizado pela Coordenadoria de Tecnologia da Informação (CTI) e pelo Centro de Pesquisa Atopos, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP –, o filósofo apresentou o projeto no qual vem trabalhando: a Information Economy Metalanguage (IEML), uma linguagem que tem a capacidade expressiva de uma língua natural e também, por ser computacional, é uma linguagem de programação. A IEML permitirá, por exemplo, a tradução automática entre duas línguas naturais e facilitará a navegação e a filtragem de informações, buscas e diversas operações que poderiam ser feitas automaticamente.

Não são conceitos de fácil apreensão, como o próprio Lévy, usando de bom humor, chamou a atenção várias vezes ao longo da conferência. Eles envolvem, por exemplo, novas conexões entre o córtex biológico e o futuro hipercórtex digital (no site www.ieml.org, em francês, podem ser lidos artigos do próprio filósofo da informação a respeito da IEML). De origem francesa, nascido na Tunísia em 1956, Pierre Lévy leciona no Departamento de Comunicação da Universidade de Ottawa, no Canadá, escreveu livros como As tecnologias da inteligência, O que é o virtual? e Cibercultura e foi um dos primeiros pensadores a refletir sobre a revolução digital.

Dois reinos – Na primeira parte da conferência, Lévy lembrou que “não há inteligência coletiva sem a inteligência pessoal”. Numa era em que todos estão sempre on-line e conectados às mídias sociais, utilizar esses meios para aprender requer, em primeiro lugar, o “gerenciamento da atenção”. Ou seja, é preciso definir interesses, prioridades e áreas de expertise – as que temos e as que queremos ter. Em outras palavras, onde estamos e para onde queremos ir.

“É importante ter disciplina, não se distrair. Você é o centro e o senhor do ambiente, e não deve ficar flutuando”, ensinou. Também é necessário ter em mente o contexto e o quadro maior. Quem fica exageradamente num único foco corre o risco de não conseguir acompanhar o que ocorre ao redor. Levy também salientou que as conexões devem ser feitas com pessoas, grupos e instituições. São elas as fontes, e não se deve confundi-las com os canais – como o Twitter e o Facebook. “Temos que explorar as ferramentas para melhorar as maneiras pelas quais aprendemos e ensinamos”, defendeu.

Nesse momento Lévy iniciou a segunda metade da conferência, advertindo a plateia, novamente com bom humor, que alguns poderiam se perguntar: “Do que afinal ele está falando?”. “Esse é o risco da filosofia”, disse. A síntese da explanação poderia ser dada pelos dois slides fundamentais que Lévy projetou no início e no final dessa parte, mostrando os grandes esquemas nos quais o centro, hoje, é a presença, mas no futuro poderá ser a IEML.


No primeiro, a presença é envolvida por dois “reinos” – o natural e o virtual. No natural estão as relações de nosso corpo com o que nos cerca (prédios, veículos, ferramentas etc.), em que se obedece às leis da física e da mecânica. Nessa dimensão, o tempo material é sequencial, ou seja, não se pode voltar ao passado, não se pode avançar no futuro. Porém, a presença também se expressa em categorias simbólicas, que têm a ver com ideias, imagens, identidade etc. “O mecanismo simbólico é abstrato e define a espécie humana, a habilita a manipular símbolos”, define. No tempo da memória, por exemplo, se pode ir ao passado, enquanto no sequencial, não. “O que acontece agora modifica a ideia que você tem do futuro e transforma sua ideia de passado.”

O meio – medium – é exatamente o que está entre o material e o virtual, definiu Lévy, e que promove comunicações e reflexos nas duas esferas: projetamos imagens da mente no reino físico e do físico na mente. Não é preciso buscar um exemplo digital: basta lembrar que, quando lemos um livro (objeto físico), criamos imagens em nossa mente a respeito do que decodificamos de suas páginas.

Como a aventura da espécie humana é maior do que nossa história ou aventura pessoal, muitas mídias foram usadas para receber e transmitir o conhecimento de uma geração a outra, desde pedras e pergaminhos até o papel e os meios eletrônicos. “As mídias contemporâneas são as digitais. Elas vieram para ficar. Não as desinventaremos, assim como não desinventamos a escrita”, disse Lévy. “O que não vai ficar estável é o poder dessas mídias, que vai crescer e crescer de forma que ainda não podemos imaginar.”

Capacidade máxima – Esse crescimento se dará na capacidade computacional de manipular símbolos, de ampliar a largura das bandas e de ubiquidade – ou seja, será possível acessar máquinas e redes de qualquer lugar. “Haverá novas interfaces entre nosso corpo e as mídias digitais. O problema filosófico, e a filosofia trata de construir problemas, não de dar respostas, é qual será o meio simbólico capaz de dar conta das duas dimensões: a exploração máxima da técnica a serviço do máximo empoderamento da recepção e transmissão”, afirmou Lévy.

A proposta da IEML é justamente a de criar um novo tipo de linguagem capaz de explorar todas as capacidades da computação, a fim de manipular também símbolos e ideias. Atualmente, de acordo com o filósofo, a lógica está formalizada e é possível verificar a veracidade ou falsidade de uma proposição – mas não o seu sentido, o seu significado, porque o campo da semântica é muito mais complexo e envolve inúmeras interações, sinônimos, irregularidades etc. “Minha ideia é construir uma linguagem, um sistema científico de notação para o sentido, que poderia ser manipulado automaticamente pelos computadores. Ou seja, não explorar apenas a veracidade ou falsidade de uma proposição, mas o seu sentido.”

Se hoje os dados já existem e estão localizados em endereços (as URLs da web), a nova linguagem seria um sistema metadados que fizesse transferências de significados para as línguas naturais, mas também entre máquinas. A IEML – que, recorde-se, ainda está em desenvolvimento e, portanto, é daquelas coisas difíceis de imaginar, como advertiu Lévy – é uma espécie de “grande labirinto de unidades de sentido”, sobre o qual seria possível “voar” e fazer inúmeras conexões textuais e hipertextuais. Um mapa conceitual e semântico desenhado automaticamente que a atual internet não provê.

No grande esquema em que a IEML ocupa o centro – que no diagrama anterior cabia à presença –, as duas dimensões em analogia aos reinos material e virtual são a das ressonâncias externas (significados virtuais) e a das ressonâncias internas (significados reais). “Imagine o que será aprender e ensinar quando tivermos esse sistema? Essa é a visão”, ressaltou Pierre Lévy. É de visionarismo, de fato, que se trata.

Os vídeos com a íntegra da conferência de Pierre Lévy e os debates que se seguiram estão disponíveis no site da IPTV da USP: http://video.usp.br/portal/home.jsp

Fonte: https://twitter.com/#!/plevy/status/162567683550871553 | Transcrito de: http://espaber.uspnet.usp.br/jorusp/?p=17571

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Descoberta torna vírus mais letal

Uma modificação feita por cientistas no vírus da gripe aviária tem gerado polêmica no mundo científico. Dois laboratórios, da Holanda e dos Estados Unidos, criaram um vírus mutante do H5N1 e o tornaram transmissível entre humanos. A novidade acendeu o debate so­­bre biossegurança, já que, em mãos erradas, a descoberta pode se tornar uma arma biológica capaz de provocar pandemias letais.

Com medo de que a informação comprometa a segurança pública e caia nas mãos de terroristas, o governo americano solicitou às duas revistas mais prestigiadas na área científica – a americana Science e a britânica Nature – que não divulguem o estudo na íntegra. As publicações anunciaram que estão avaliando o pedido, mas destacaram a preocupação em censurar informações importantes para os estudiosos da gripe.

O H5N1 já provocou surtos em toda Ásia e alguns países da Eu­­ropa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o H5N1 infectou até agora 570 pessoas no mundo (nenhum caso no Brasil) e matou 331 – uma taxa de mortalidade de quase 60%.

Por enquanto, o vírus que circula é transmitido apenas entre as aves e delas para seres humanos, sem poder de contágio de uma pessoa para outra. Com a modificação recém-criada, no entanto, o vírus passa a ser transmissível pelo ar, como um vírus da gripe comum, o que o torna extremamente contagioso para os humanos.

 Leia o artigo, na íntegra, clicando no link abaixo:

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

SOPA :: O primeiro navio a afundar é o do mais avarento

SOPA e PIPA - siglas de “Stop Online Piracy Act” e “Protect Intellectual Property Act”, pretendem estabelecer o uso, em território Americano, de mecanismos de censura sobre a Internet, semelhantes aos utilizados em países como a China, Irã e Síria. O motivo seria o de coibir a pirataria online, mas na verdade pretendem combater práticas sociais que utilizamos historicamente para ter acesso alternativo a qualquer obra cultural, como: trocar, compartilhar, emprestar... tal qual acontece e sempre aconteceu nas Bibliotecas.

O SOPA, caso aprovado pelos congressistas norte-americanos, não afetaria apenas os EUA, pois o país alem de concentrar a maior parte da infra-estrutura da rede, concentra quase todos os serviços e sites que utilizamos diariamente. A maioria dos sites da internet são hospedados nos EUA (.com, .net, .org), estando assim sob a legislação Americana.

No Brasil lutamos há anos contra o PL 84/99 (Lei Azeredo) e a favor do Marco Civil da Internet (PL 2126). Toda esta luta poderia ser vã, caso o SOPA fosse aprovado, pois junto com a lei Sinde na Espanha e Hadopi na França, ele pode ser um terrível instrumento de pressão para que os demais países, incluindo aí o Brasil, adotem legislações semelhantes.

É importante lembrar que a Lei Sinde foi aprovada logo no inicio do novo mandato espanhol, sob grande pressão americana, e que o PL 84/99, que fora congelado em 2008, voltou à tona no inicio deste ano com grande pressão à aprovação. Todo este esforço da indústria dos direitos autorais nada mais é que uma tentativa para que sejam criados mecanismos de censura corporativos, no intuito de controlar a internet e conseguir lucros ainda maiores.

Aprovar o SOPA seria o mesmo que aprovar uma lei que proibisse o uso de bibliotecas, estabelecendo que para ler um livro numa biblioteca pública tivéssemos que pagar por isto; seria o mesmo que proibir as pessoas de ouvirem músicas juntas ou verem um filme juntos, em suas casas.

Os estúdios de cinema já faturam bilhões com a exibição de seu produto nas salas de exibição. Bandas e orquestras faturam alto com shows, turnês, venda de CDs, DVDs e faixas em mp3 pela internet. Rádio e TV, concessões públicas, já faturam o suficiente com veiculações comerciais durante a programação. Impressos, contrariando previsões passadas, nunca venderam tanto...

Até onde vai a ganância e a cobiça humana? Quem é na realidade o pirata? Por que esta falta de generosidade no compartilhamento de obras resguardadas por direitos autorais?

São perguntas que muitas vezes ficam sem resposta lógica, que não seja a lógica do lucro, da acumulação eterna. O certo é que quando vem a tempestade, o primeiro navio a afundar é o do mais avarento, seja ele pirata o uma nau capitânia, a serviço da coroa. A história dos naufrágios conta que a embarcação que tem mais tesouros e pilhagens, em seus porões, é a que vai a pique primeiro. Mar não é prato de sopa e não há vela ou pipa que resista a tempestade.

Leia também meu artigo: 'SOPA & PIPA: O primeiro navio a afundar é o do mais avarento', publicado em 24/01/2012, na edição 678 do Observatório da Imprensa.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Entenda os problemas do SOPA para o Brasil e o mundo


SOPA, Protect IP e e-parasites são projetos de lei que estão tramitando no congresso Americano. SOPA significa “Stop Online Piracy Act”, e estabelece o uso no território Americano de um mecanismo de censura sobre a Internet semelhante ao utilizado em países como a China, Irã e Síria, com a desculpa de coibir a pirataria online, ou seja, pretendem combater práticas sociais que historicamente utilizamos para ter acesso alternativo à qualquer obra cultural: trocar, compartilhar, emprestar… tal qual sempre ocorreu nas Bibliotecas.

O SOPA não afetará apenas os Estados Unidos, pois o país alem de concentrar a maior parte da infra-estrutura da rede, concentra quase todos os serviços e sites que utilizamos diariamente, e que podem ser afetados tais como Youtube, Facebook, WordPress, Google, Gmail, Twiiter, e muitos outros. Temos de lembrar também que muitos sites são hospedados nos EUA, mesmo sem ter TLD americano e outros fora dos EUA com TLD americano como (.com, .net, .org) em ambos os casos o site estará debaixo da legislação Americana.

SOPA também prevê instrumentos para bloquear os serviços de publicidade e pagamento online sob a jurisdição dos EUA, impactando qualquer site no mundo, apenas com base em uma denuncia de suspeita,e sem ordem judicial.

Os problemas não acabam por ai, o SOPA afetará profundamente a liberdade de expressão na Internet, todos os sites se verão obrigados a aplicar mecanismos de auto-censura, e filtrar toda atividade online de seus usuários para evitar serem bloqueados.

O que diz a lei (SOPA)

Quando um site for denunciado, todos os demais sites que tenham “relacionamento” com ele e não queiram sofrer as conseqüências legais terão cinco dias para:

  • ISP: Deverão bloquear os seus DNS (impedindo o acesso ao domínio)
  • Serviço de hospedagem: Deverão bloquear o acesso ao site
  • Publicidade: Deverão bloquear a publicidade
  • Serviços de pagamento: Deverão congelar os fundo
  • LInks : Deverão ser removidos links ao site

Efeitos colaterais

Muitas tecnologias (como a rede anônima “TOR”, os DNS alternativos, as redes P2P e os proxys VPN) que permitem a navegação e/ou distribuição de informações anônimas e sem censura, e que são fundamentais para muitos ativistas e organizações políticas em todo o mundo, basicamente se verão ilegais de um dia para outro.

Os provedores de Internet, email, blogs gratuitos, mensageiros instantâneos e redes sociais serão forçados a espionar todo conteúdo publicado por seus usuários em busca de material não autorizado e eventualmente bloqueá-los.

Todas as tecnologias inovadoras nasceram de alguma forma da “pirataria”: O Cinema x as patentes, a indústria fotográfica x seus interpretes, o radio x a industria fonográficas, o vídeo cassete x cinema, a TV a cabo x TV aberta. Todas operaram em áreas de incerteza jurídica, até as leis se adaptaram ao novo, sem tentar muda-lo. Um marco legal restritivo e antiquado como o que se quer impor agora sufocaria muitas das novas ideias e sem duvida sufocará as próximas grandes ideias.

As comunidades online, em especial as comunidades colaborativas que são o fenômeno da Internet que afetam mais profundamente a nossa sociedade, ou seja, desde a esfera cultural, política, social até a econômica. O bloqueio de sites e tecnologias a serviço destas comunidades irá em muitos casos impedida-las de continuar existindo.

O Brasil e o SOPA

No Brasil estamos ha anos lutando contra o o AI5Digital (PL 84/99) e a favor do Marco Civil da Internet (PL 2126), tem sido uma luta incansável. Todo este esforço pode ser perdido com a aprovação do SOPA, pois junto com a lei Sinde na Espanha e Hadopi na França, ele pode ser um terrível instrumento de pressão para que o Brasil e demais países adotem legislações semelhantes. É importante lembrar que a Lei Sinde que aparentemente havia sido brecada por ativistas Espanhois, foi aprovada logo no inicio do novo mandato sob grande pressão Americana, e que o AI5Digital, que fora congelado em 2008 voltou a tona no inicio deste ano com grande pressão para aprovação. Não podemos descansar nenhum minuto!

Este texto é uma tradução livre e adaptada do Infográfico disponível no site Direito de ler, saiba mais lendo a entrevista com o Sérgio Amadeu.


Infográfico


SOPA Blackout Brasil

No dia 18/01/12 diversos sites, blogs e coletivos irão aderir ao #SOPABlackoutBR da forma que for possível. O ideal é que o site fique fora do ar por 12h (de 8h as 20h), para que as pessoas sintam realmente como seria terrível deixar de ter acesso ao site caso ele seja bloqueado pelo SOPA. O período de tempo e o fato de ficar totalmente fora do ar fica a critério de cada um.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A liberdade na web em risco

Sérgio Amadeu
O que é o SOPA (Stop Online Piracy Act) e porque ele é tão perigoso

O Senado dos Estados Unidos programa votar a Lei de Paralisação da Pirataria Online (SOPA - Stop Online Piracy Act) no próximo dia 24. Caso aprovada, ela permitirá a criminalização de conteúdos da web. Para isso, basta que sejam considerados ilegais ou perigosos pelo governo norte-americano. As implicações do novo marco legal norte-americano têm o poder de afetar o ciberespaço como um todo. Segundo o especialista na área, Sérgio Amadeu, se a lei for aprovada, o mundo verá a primeira grande derrota da cultura da liberdade na web.

Qual é o conteúdo desse projeto de lei? Por que é tão polêmico?

[Sérgio Amadeu] O SOPA, apresentado em outubro de 2011 na Câmara dos Deputados dos EUA, é praticamente um complemento do Protect IP Act (PIPA), apresentado quatro meses antes no Senado norte-americano. As duas propostas legislativas visam bloquear o acesso a sites e aplicações na Internet que sejam consideradas violadoras da propriedade intelectual norte-americana. A indústria do copyright percebeu que os principais buscadores, provedores de conteúdo e redes sociais online estão sediadas nos EUA. Por isso, acreditam conseguir no ciberespaço algo semelhante ao bem sucedido bloqueio econômico à Cuba.

Na prática, o que acontecerá se ela for aprovada?

[Amadeu] Nenhuma empresa sediada nos EUA poderá permitir o acesso a um número de IP (ou seja, do protocolo de internet) ou a um domínio de um site acusado de "roubar" imagem, vídeo, música, texto ou software de cidadãos ou corporações norte-americanas, sob pena de ser considerado um verdadeiro cúmplice. Mais do que aplicar a técnica chinesa do bloqueio aos endereços dos sites, a lei exige que, em cinco dias, todas as referências a estes sites sejam apagadas. Isto quer dizer que se meu blog for acusado de violar o copyright de algum americano, o Google e o Yahoo serão obrigados a deletar todas as referências a ele. Também a Wikipedia deverá suprimir todos os links que teriam para o meu blog, mesmo que os enlaces tratassem de outro tema.

Além disso, são completamente impeditivos os custos para se recorrer na Justiça norte-americana dessa ação de bloqueio administrativo. O pior é que os dois projetos de lei visam controlar a criatividade e a inovação também na área de aplicações na rede. Imagine se a Microsoft acusar o Wordpress de violar determinadas patentes de software (que são aceitas nos EUA). Como ficarão os blogs que usam a plataforma wordpress em todo o planeta? Certamente terão seus IPs bloqueados em solo americano e os mecanismos de busca deverão suprimir qualquer link que os indique.

Qual o impacto disso para a rede como um todo?

[Amadeu] Se o SOPA e o PIPA forem aprovados, será a primeira grande derrota da cultura da liberdade diante da cultura da permissão e do vigilantismo. Será um grande retrocesso para a criatividade e para a inovação da comunicação em rede. A Internet poderá ser afetada nos seu sistema de DNS (sistema de nomes de domínio) e isto poderá alterar profundamente a sua dinâmica. Por isso, enquanto lutamos contra os traficantes do copyright, temos que utilizar a estratégia das comunidades de software livre. É preciso pensar e construir também novas tecnologias de rede que possam anular a truculência do Estado norte-americano. Resistir, mobilizar, denunciar, sem esquecermos que, talvez, o decisivo seja hackear. E vale lembrar que hackear é hipertrofiar. Borrar as fronteiras dos inimigos da liberdade. Elevar ao extremo seus absurdos. Não têm nada a ver com crackear, roubar e invadir. Um exemplo é o plano para lançar o primeiro satélite hacker (leia mais).

Quais são os interesses por trás da lei?

[Amadeu] Esta medida é defendida por membros do Partido Republicano e do Partido Democratas que querem subordinar todos os direitos sociais e culturais ao enrijecimento e extensão da propriedade intelectual. São lobistas de associações como a MPAA (indústria cinematográfica), RIAA (indústria fonográfica), BSA (Business Software Aliance) que articulam deputados e senadores para apoiar tais medidas que são consideradas anti-constitucionais por diversos analistas. Todavia, os deputados defensores do SOPA e do PIPA defendem que tais medidas não se aplicam em território americano, são para bloquear sites fora de sua jurisdição, portanto, não fere a Constituição. Por trás dessas propostas está a certeza de que não adianta atuar contra o usuário da Internet, pois esse não acredita que compartilhar música, textos e vídeos seja uma atividade criminosa. Por isso, querem atuar na própria infraestrutura de conexão e de provimento de acesso da rede.

Há reação dos movimentos sociais?

[Amadeu] Há uma grande reação nos EUA contra o SOPA e o Protect IP Act. O principal articulador da luta contra o bloqueio da Internet é a Electronic Frontier Foundation. Ativistas do mundo inteiro se mobilizam contra essas medidas. Organizações sem fins lucrativos, tais como a Wikipedia e a Mozilla Foundation se mobilizam igualmente junto com corporações como o Google e o Yahoo. No Brasil, os ativistas da liberdade na Internet que lutam contra o AI-5 Digital se mobilizam desde o ano passado para denunciar o SOPA. Diversos blogueiros também têm denunciado essas investidas que visam censurar e bloquear a rede. Existe até um aplicativo para celulares Android (veja) que permite o usuário identificar as empresas que apóiam o SOPA, conforme tenho relatado no Twitter ( http://twitter.com/samadeu).

Leiam também "EUA: estado totalitário e militar" de Miguel Urbano Rodrigues publicado em ODiário.info e "Projeto dos EUA quer censura mundial na web", de Sérgio Amadeu, publicado no portal A Rede.

Fonte: http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&&id=14190&Itemid=2

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Stephen Hawking afirma: "as mulheres são o maior mistério do universo"




Professor e cientista Stephen Hawking afirma: "as mulheres são o maior mistério do universo"

Para um dos maiores cientistas do mundo, as mulheres são o maior mistério do universo. Perguntado pela revista New Scientist, qual seria o maior mistério do universo? Stephen Hawking respondeu: as mulheres

Hawking revelou que passa a maior parte de seu tempo pensando não em complexos conceitos científicos, mas sim em mulheres. Para o professor da Universidade de Cambridge, as mulheres são um mistério completo.

Enganam-se quem pensa que o professor Hawking não foi casado, foi sim, por duas vezes, ele ainda é pai de três filhos de seu primeiro casamento.

O professor Hawking, que completará 70 anos no próximo domingo e que foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica aos 21 anos, tendo assim seus movimentos limitados pela doença neurodegenerativa, recentemente deixou o cargo de cientistas.

Seu aniversário será comemorado com um simpósio público denominado “O Estado do Universo”, no centro para a Cosmologia Teórica de Cambridge.

Voltando a entrevista, o professor/cientista, ainda afirmou que, “Se estivesse no início da carreira, não escolheria nenhum campo consolidado da física para estudar e sim teria eu uma nova idéia que abriria um novo campo”, responde Stephen Hawking.