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domingo, 30 de dezembro de 2018

Harley e Davidson, a união que criou a motocicleta mágica




Como Harley e Davidson se uniram para criar a motocicleta mágica - por Ian Harvey/Vintage News*

Motocicleta Harley-Davidson de 1921   (Foto: Lars-Göran Lindgren Sweden CC BY-SA 4.0)

Para os entusiastas da motocicleta em todos os lugares, o nome Harley-Davidson é uma lenda. A marca é conhecida há muito tempo como produtora de algumas das melhores motocicletas da estrada, mas como a empresa começou?

Os homens por trás da empresa eram William Harley e três irmãos Davidson, Arthur, Walter e William. Seu sonho começou no final do século 19, em Milwaukee, Wisconsin, quando eles ainda viviam na 9ª Rua e suas famílias eram vizinhas.

Arthur Davidson e William Harley tinham idades e interesses semelhantes, e sua inevitável amizade se formou desde cedo e durou por toda vida.

Como muitos garotos da época, os dois amigos ficaram fascinados com as bicicletas, que só começaram a aparecer na forma que reconhecemos hoje na década de 1880, de acordo com a Thoughtco.

O Rideapart.com, um site para entusiastas da motocicleta, diz que o amor de William por motocicletas era tão sério que quando tinha 15 anos, ele havia aceitado um emprego em uma fábrica de bicicletas em sua cidade natal e, assim, partiu para o caminho da vida.

Ao longo de vários anos, William trabalhou na fábrica, acabando por se tornar desenhista. Eu fiquei interessado em motos, e fiquei particularmente atraído pela ideia de encontrar uma maneira de adicionar um motor que permitisse muito mais velocidade do que pedalar.

Em 1901, aos 21 anos, ele elaborou seu primeiro projeto para um motor de combustão interna baseado em projetos de motores de motocicletas francesas. Nos dois anos seguintes, William e seu velho amigo Arthur começaram a trabalhar em um protótipo.

A primeira máquina nunca se materializou, mas eles começaram a trabalhar num protótipo em 1903. Não demorou muito para que eles entendessem que precisavam de um maquinista habilidoso para ajudar a levar o projeto adiante, então começaram a tentar recrutar o irmão de Arthur, Walter, que trabalhava como operador de ferrovias - de acordo com o Entrepreneur - para se juntar a eles.

Demorou um pouco, mas William e Arthur fizeram com que Walter deixasse seu emprego e se juntasse a eles na construção da primeira de suas novas máquinas.



A primeira motocicleta feita pela Harley-Davidson, desenvolvida por William Harley e Arthur Davidson   (Cjp24)

Sua fábrica começou em um pequeno galão, de 3 × 4,5 metros, na Chestnut St., onde ainda hoje é o local da sede da H-D. Foi então que Harley começou a estudar engenharia na Universidade de Wisconsin no mesmo ano, aperfeiçoando ainda mais seu ofício.

A última parte do processo de construção de sua primeira motocicleta se encaixou ao conjunto quando o mais velho dos irmãos Davidson, William, começou a se interessar pelo projeto. William era mecânico, e ele tinha muitas habilidades úteis para adicionar à mistura.

Com a união destes homens, cada um adicionando suas próprias habilidades únicas ao projeto, a primeira motocicleta foi concluída - a Harley-Davidson Serial #1. Essa moto ainda existe e hoje encontra-se em exibição no museu H-D em Milwaukee (foto acima).

A empresa incorporou em 1907, com Walter no comando, como seu primeiro presidente, enquanto os demais encontravam-se em cargos-chave.

O irmão mais velho, William, tornou-se o primeiro gerente de projetos, Arthur foi o primeiro secretário e gerente geral de vendas, e William Harley, que havia concluído seu diploma de engenharia, tornou-se o tesoureiro e engenheiro-chefe. Naquele ano, a H-D produziu 150 máquinas, triplicando sua produção.

Em 1908, Walter ganhou uma pontuação perfeita de 1000 pontos no 7º concurso anual de Enduro e Confiabilidade de Entusiastas Americanos de Motociclismo, de acordo com o site motorcycle.com. Como resultado, Detroit se tornou a primeira cidade a comprar e usar motocicletas H-D para sua força policial.

Em 1910, a barra e o escudo da Harley-Davidson entraram em uso e um ícone nasceu. Depois disso, a empresa continuou a prosperar e inovar, tornando-se uma das marcas mais conhecidas no mundo das motocicletas. Nenhum dos quatro fundadores perdeu sua paixão e entusiasmo por motocicletas.

Todos trabalharam para a empresa até a morte, com Arthur Davidson sobrevivendo e superando todos eles até que finalmente também ele fez sua passagem, em 1950.

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Fonte: *Vintage News: "How Harley and Davidson Came Together to Create Motorcycle Magic", by  Ian Harvey (tradução) - Imagens: Lars-Göran Lindgren Sweden CC BY-SA 4.0 e Cjp24 CC BY SA 3.0

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

C-Space inaugura Mars Base, instalação educacional espacial




O Projeto C-Space inaugura a Mars Base como uma instalação educacional espacial. A absoluta imersão espacial


O Projeto C-Space inaugurou recentemente sua base de simulação de Marte (Mars Base) no Deserto de Gobi, deixando muitas pessoas curiosas sobre seus objetivos. O Projeto C-Space, onde o C representa comunidade, cultura e criatividade, é uma instalação educacional para adolescentes chineses. O projeto irá ensiná-los sobre exploração espacial e sobre como viver em Marte. O projeto planeja ser aberto para o público de todo o mundo enquanto mantém o mesmo objetivo.

A Mars Base permite que os visitantes entendam como é viver em recintos fechados, onde todos os aspectos da vida diária precisam ser controlados com recursos bastante limitados. A água precisa ser recuperada e reciclada até a última gota. O sustento alimentar precisa conter alto nível de proteínas para manter os ocupantes da base alimentados e em forma. E caminhar fora da base, significa usar um traje espacial e passar por uma cabine de pressurização.

A Mars Base ocupa um enorme espaço de 1.115 metros quadrados no Deserto de Gobi, um local escolhido para recriar o tanto quanto possível o estado atual do distante planeta, graças ao seu clima rigoroso e às tempestades de areia. Situada a 40 km de distância da pequena cidade de Jinchang, na Província de Gansu, a Mars Base não apenas simula as condições externas de sobrevivência que os exploradores de Marte terão que enfrentar, mas também aquilo que está dentro de seu ambiente de sobrevivência. 

A base tem nove cápsulas, incluindo uma Sala de Controle, uma Unidade de Reciclagem, uma Câmara de Vácuo, Armazenagem, um Módulo Biológico, Instalações Médicas, Alojamentos, Banheiro e um Espaço de Entretenimento & Ginástica.

Para dar vida a este projeto, o Centro de Astronautas da China (ACC – Astronauts Center of China) e o Centro de Comunicação Intercontinental da China (CICC – China Intercontinental Communication Center) se envolveram profundamente para fornecer tecnologia e conhecimentos de última geração para fazer dela uma verdadeira base de simulação de Marte. Uma equipe do programa TV Reality recebeu permissão para entrada na Base e seis voluntários, incluindo cinco celebridades chinesas, foram os primeiros a experimentar a vida em Marte depois de receberem o treinamento para astronautas. 

O programa tem causado um enorme impacto no público, desde que está sendo exibido na plataforma chinesa de vídeos on-line, o qual alcançou as expectativas dos criadores do projeto, os quais têm por objetivo chamar a atenção do público em geral para o tremendo desenvolvimento da China na área aeroespacial, fazer do espaço um assunto mais popular para as pessoas em geral, inspirar e encorajar a exploração. A base se tornará a primeira experiência cultural e turística da China com base na educação espacial, turismo e pesquisa científica tendo Marte como tema.

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Fonte: PRNewswire/C-Space - Imagem: A "C-Space Mars Base", em Gobi, China (divulgação)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Os argumentos céticos

Filósofo Cínico desconhecido, sec. 3 a.C
(Museus Capitolinos, Roma - CC0)

- A diferença entre seres vivos no que diz respeito ao prazer e à dor, ao dano e à utilidade é o primeiro argumento do qual se deduz que nenhum ser recebe as mesmas impressões dos mesmos sujeitos.

Toda espécie animal percebe o mundo com base nos tipos de órgãos dos sentidos que dispõe.

- O segundo tipo de argumento contra a verdade realça a subjetividade humana; O útil individual é sempre subjetivo. 

Os mesmos objetos dão origem a percepções muito diferentes, daí que nada de seguro pode ser dito sobre eles.

- A diversidade das impressões é condicionada pela diversa condição das disposições individuais; Um buquê de flores causa impressões diferentes numa garota apaixonada ou em uma recém viúva.

- Nem mesmo a condição dos loucos é contrária à natureza; por que a loucura deveria dizer respeito mais a eles do que a nós?

- A grande diversidade entre as leis e os costumes dos povos sugere a inexistência de valores universais.

- Cada povo acredita nos seus deuses e há quem acredite na providência e quem não acredite. Os egipcios embalsamam os seus mortos antes de sepultá-los, os romanos os cremam, e os peônios os jogam ao pântano.

- Mesmo noções aparentemente objetivas, como o peso, demonstram-se relativas; Uma pedra erguida no ar por duas pessoas desloca-se facilmente na água, seja por que, sendo pesada, torna-se mais leve pela água, seja por que, sendo leve, se torna mais pesada pelo ar.

- As percepções são sempre determinadas por um particular ponto de vista; O sol por causa da distância aparece pequeno, as montanhas vistas de longe, aparecem envoltas no ar e lisas, de perto, aparecem ásperas e cheias de fendas.

A forma dos objetos é sempre condicionada, seja pelo ponto especifico a partir do qual o observamos seja pela posição que ocupa no espaço.

- A natureza de muitas coisas varia com a quantidade; O vinho pode ser benéfico ou maléfico, depende do quanto se bebe.

- O hábito condiciona os juízos; Os terremotos não provocam espantos naqueles junto aos quais ocorrem continuamente.

- O conhecimento utiliza conceitos relativos; O que se encontra à direita não está à direita por natureza, mas é entendido como tal, tendo em vista a posição que ocupa em relação a um outro objeto, mudada a posição, não está mais à direita. Pai e irmão são termos relativos. Esses termos e conceitos relativos, considerados em si e para si, não são cognoscíveis.

Sendo assim, devemos sempre suspender nossos juízos (epoché) sobre a verdade e acreditar na impossibilidade de chegar a um juízo inopinável, universal e indiscutível.
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Fonte: Blog "Fragmentos de Filosofia", por Giuliano Cézar - Imagem: Estátua de um filósofo Cínico desconhecido, nos Museus Capitolinos, em Roma. Cópia da era romana de uma estátua grega anterior, do século 3 a.C. (Escultura S 737)

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

A evolução humana não acabou, diz especialista americana




A evolução é um tópico complicado   (Shutterstoc)
A evolução humana “definitivamente não” acabou, diz especialista - Live Science*

A evolução humana acabou?

Essa é a questão feita por Briana Pobiner, uma antropóloga do Museu Nacional de História Natural Smithsonian, nos Estados Unidos, em 17 de maio de 2014.

Os seres humanos estão evoluindo em um ritmo crescente, graças aos avanços da medicina e uma grande população, Pobiner diz na “Future Is Here”, uma conferência de dois dias comemorando o futuro dos seres humanos, do planeta, vida além da Terra e do espaço profundo, oferecida pelo Smithsonian Magazine. Só que, da mesma forma como os humanos estão evoluindo, seus parasitas também evoluem.

“Eu convido vocês a olharem dentro dos olhos de nossos antepassados”, diz Pobiner. “Por que a maioria dos ancestrais humanos foram extintos enquanto o homo sapiens sobreviveu? A resposta tem muito a ver com o cérebro humano”.

O cérebro humano representa apenas cerca de 2% do peso do corpo humano, mas consome 20% da sua energia. As maiores mudanças evolucionárias ocorreram no neocortex, a parte externa do cérebro que processa o pensamento abstrato, o planejamento de longo prazo, a empatia e a linguagem, disse Pobiner.

Como o cérebro humano continua a evoluir, os humanos eventualmente irão desenvolver cabeças gigantes e corpos esqueléticos, como mostrado nos filmes de ficção científica? 


Historicamente, o processo do nascimento limitou o tamanho do cérebro, porque a cabeça dos bebês precisam passar pelo canal do nascimento.

Hoje, entretanto, cirurgias Cesarianas podem contornar esse processo. Pelo menos 46% dos bebês nascidos hoje na China vêm ao mundo por cirurgias Cesarianas, diz Pobiner. Com os avanços na fertilidade e um cuidado pós-natal melhor, ela pergunta, “nós estamos ferrando com a seleção natural?”

A população mundial está crescendo, e uma grande população também evolui rápido, diz Pobiner. Mas, com o aumento do nível do mar e menos terra disponível, doenças transmitidas pela água e pelo ar podem se espalhar mais facilmente, diz Pobiner.

O maior vírus já encontrado foi um vírus descongelado de permafrost, conhecido como Pithovirus. Mesmo que esse parasita não infecte humanos, o que aconteceria se fossem descongelados outros vírus ancestrais que sejam prejudiciais? 

Por exemplo, o vírus da varíola foi erradicado em 1979, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, mas alguns especialistas dizem que eles foram erradicados apenas da superfície da Terra, sobrevivendo em uma forma congelada.

E a evolução humana persiste em outras áreas também, como na seleção sexual. Um estudo recente descobriu que a barba se torna mais atraente quando ela é rara em uma população. Quando um “pico barba” é atingido, ela se torna menos atraente, segundo o estudo. Condições econômicas também influenciam a ausência de barba, como homens desempregados que podem usar barba como sinal de masculinidade, diz Pobiner.

Então a evolução humana acabou? “Definitivamente não”, diz Pobiner. “Enquanto houverem humanos, haverá evolução humana”.
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Fonte: Human Evolution ‘Definitely Not’ Over, Expert Says – Live Science, *por Tanya Lewis - Imagem:Evolution image via imageZebra/Shutterstoc

sábado, 15 de dezembro de 2018

Voos espaciais comerciais logo aceitarão passageiros




Qual o próximo passo para os voos espaciais comerciais? Os passageiros logo terão sua vez - AlanBoyle/GeekWire*

O fundador da Virgin Galactic, Sir Richard Branson, ao centro, comemora o voo de teste bem-sucedido,
do VSS Unity, com os pilotos de teste Rick "CJ" Sturckow à esquerda e Mark "Forger" Stucky à direita.
Branson disse que ele será o primeiro passageiro comercial da Unity.

(Foto da Virgin Galactic/Quasar Media/Divulgação)

MOJAVE, Califórnia - O primeiro passageiro espacial suborbital é menos provável que seja um bilionário como Richard Branson, da Virgin Galactic, ou Jeff Bezos, da Blue Origin, e mais provável que seja um funcionário ainda não identificado em uma de suas empresas.

Apesar da promessa de Branson, reiterada na sequência do voo de teste bem-sucedido de quinta-feira - 20/12/18 -, após a marca de 50 milhas de altitude - 80 quilômetros -, ele seria nos próximos meses o primeiro passageiro comercial da unidade VSS da Virgin Galactic.

A palavra "passageiro" é fundamental: não estamos falando sobre as pessoas que estão pilotando a espaçonave, como os dois pilotos de teste que estiveram nos controles da Unity... Em vez disso, estamos falando de pessoas que estarão sentadas no foguete Unity da Virgin Galactic, atrás dos pilotos, ou na cápsula New Shepard da Blue Origin.

"Suborbital" também é uma palavra importante: já houve um bom número de passageiros em naves espaciais orbitais, remontando aos dias da estação espacial russa Mir nos anos 90. Sete pessoas pagaram seu próprio caminho para viagens à Estação Espacial Internacional, com o status oficial de participantes de voos espaciais. Olhando para o futuro, os passageiros podem ter a chance de comprar assentos na Crew Dragon da SpaceX ou na cápsula espacial Starliner da Boeing.


Quando se trata do status da Branson, em particular, "comercial" é a palavra-chave. O bilionário nascido na Grã-Bretanha pretende ocupar um assento no foguete SpaceShipTwo quando as operações mudarem para o Spaceport America, no Novo México, onde mais de 600 clientes pagantes esperam seguir sua trilha a um custo de até US$ 250.000.

No entanto, a linha do tempo de desenvolvimento da Virgin Galactic pede que os membros da sua própria equipe sejam colocados nos lugares da Unity antes de Branson; durante os últimos estágios do programa de testes de voo no Mojave Air and Space Port, na Califórnia.

Além de aperfeiçoar os sistemas de vôo da Unity, esses vôos de teste irão verificar como funcionam os assentos, especialmente durante a falta de peso na parte superior do percurso, disse George T. Whitesides, CEO da Virgin Galactic, em Mojave, horas após o passeio de 51,4 milhas - cerca de 80 km - de alta da Unity.

"Voamos nos assentos de passageiros nos últimos voos, mas no modo estático", explicou ele. “Então, nos próximos voos, começaremos a pilotá-los em modo dinâmico - porque, como você deve saber, movemos os bancos para frente e para trás durante o vôo. Então, vamos começar a colocar pessoas e funcionários na parte traseira para testar nossos procedimentos operacionais com os passageiros... Depois de passarmos por isso, poderemos começar a pensar nos voos comerciais.”

É quando Branson voará, disse Whitesides. (Deve-se frisar, no entanto, que, como proprietário da Virgin Galactic, Branson tem a prerrogativa de adiantar sua reserva.)



A Blue Origin, empresa sediada em Kent, Washington, fundada pelo bilionário da Amazon, Jeff Bezos, traçou um caminho semelhante para o serviço de passageiros. Sua espaçonave suborbital New Shepard, que consiste em um estágio de reforço e uma cápsula de tripulação, passou por nove testes de voo não tripulado, no oeste do Texas - o mais recente em julho de 2018.

A última palavra é que o New Shepard de seis passageiros começará a voar no primeiro semestre de 2019.

"Eu estava esperançoso de que isso aconteceria ainda em 2018", disse Bezos em outubro na Wired Summit, em São Francisco. “Eu continuo dizendo ao time que não é uma corrida. Eu quero que este seja o veículo espacial mais seguro na história dos veículos espaciais”.

Mas a Blue Origin ainda não começou a fazer reservas, nem estabeleceu o preço para seus voos espaciais suborbitais, visando altitudes além de 100 quilômetros (62 milhas). Os primeiros voos tripulados, operados sob controle autônomo, estão programados para transportar funcionários da Blue Origin no lugar de passageiros pagantes.


Seria um exagero chamar qualquer um desses funcionários de "pilotos de teste" no sentido tradicional, porque o New Shepard foi projetado para ser controlado de forma autônoma. No entanto, a Blue Origin tem ex-astronautas da NASA em sua equipe, incluindo Jeff Ashby e Nick Patrick, e eles seriam candidatos naturais para ser os primeiros passeios.

Bezos disse que as portas estarão abertas aos clientes pagantes somente após a conclusão do programa de testes.

Bezos seguirá Branson como passageiro em seu próprio veículo espacial? Esse é o plano, embora ele não esteja dizendo em quando ele voará.

"Vou embarcar na New Shepard para uma missão suborbital", disse Bezos durante uma conferência espacial, no Colorado, em 2016. "Então eu vou para o espaço em nosso veículo orbital, bem como em algum momento. Eu quero ir para o espaço, mas eu quero fazê-lo em veículos da Blue Origin.”

*Alan Boyle é editor aeroespacial e de ciência do site GeekWire. Ele é um premiado escritor de ciência e repórter espacial veterano nos Estado Unidos. Trabalhou na NBCNews.com e é autor de "The Case for Pluto: How a Little Planet Made a Big Difference." Você pode seguir o Alan Boyle via CosmicLog.com, no Twitter @b0yle, no Facebook e no Google+. (tradução livre)
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Fonte: *GeekWire: "What’s next for commercial spaceflight? Passengers will soon get their turn"

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

O povo Bajau: nômades que vivem permanentemente no mar




por Ian Harvey/Vintage News*


Os Bajau são um grupo de pessoas originárias das Filipinas e atualmente vivem nas águas ao largo da costa da Malásia. Por causa de seu antigo status de estranhos, eles foram proibidos de viver em solo da Malásia. Como eles vinham de uma cultura de pesca, construíram um novo lar para si mesmos no mar. Eles vivem assim há séculos e atualmente existem cerca de um milhão deles, de acordo com algumas estimativas.

Eles moram em cabanas de madeira construídas sobre estacas nas águas da costa da Malásia. Eles passam seus dias em barcos artesanais, de acordo com o site australiano news.com, e alguns são apenas troncos escavados chamados de pirogas. Até mesmo crianças de quatro anos aprendem rapidamente a pescar, polvo e lagosta com redes e lanças.

Semporna, Sabah / Malaysia - 5 de junho de 2017: mãe membro da tribo bajau local, nadando com sua filha no
mar claro em uma praia de areia branca

Os Bajau passam seus dias velejando e pescando ao redor da costa, depois pegam a pesca na aldeia de Semporna para trocar por outros gêneros alimentícios e necessidades, voltando para casa quando o sol se põe. O fotógrafo Choo Kia Ng passou algum tempo com os Bajau em suas pirogas, e as fotos que ele tirou de sua vida diária atraíram muita atenção do público.

Ele disse: “Quando a maioria das pessoas vê essas fotos, elas são atraídas pela cena única e pelo estilo de vida que essas pessoas estão vivendo”.

Vila aquática de Bornéu, na ilha de Bodgaya Mabul, Semporna Sabah, Malásia

Suas fotos são impressionantes, com a aldeia de cabanas na água incrivelmente azul e a natação ou a captura de peixes de Bajau. Há outro lado da sua existência, no entanto. De acordo com o peoplesoftheworld.org, os Bajau vivem em algumas das águas mais perigosas do mundo, com muitas ocorrências de pirataria aberta e, na melhor das hipóteses, policiamento mínimo. Eles estão completamente desarmados e confiam em fugir de potenciais ameaças.

Eles vivem bastante isolados do resto do mundo. Seus filhos não podem ir à escola, tanto por causa do pouco tempo gasto em terra como porque todas as mãos são necessárias para ajudar na pesca. Suas oportunidades de encontrar outro tipo de vida são, portanto, severamente limitadas.

Semporna: crianças Bajau em Bornéu

Dito isto, os Bajau estão bem adaptados para o modo como vivem. Paul Rincon, escrevendo para a BBC, observou que esses nômades marinhos, devido ao seu extenso tempo de mergulho submarino, desenvolveram baços maiores do que os povos relacionados que vivem em terra. Entre os tipos de frutos do mar, que as pessoas se reúnem e vendem temos frutos do mar que são encontrados no fundo do oceano. Seus baços maiores significam que eles obtêm mais oxigênio no sangue, para ajudar quando estão mergulhando.


O baço é um pequeno órgão perto do estômago que remove as células velhas do sangue, agindo como uma reserva de oxigênio em mergulhos mais longos. Quando eles mergulham da maneira tradicional, os mergulhadores podem estar nele por oito horas por dia, com mais da metade do tempo realmente sendo gasto debaixo d'água.

Palafitas em uma aldeia cigana de Bajau, no mar ao lado de uma pequena ilha de afloramento rochoso

Os mergulhos podem variar em duração de 30 segundos a vários minutos e podem ir tão profundo quanto 70 metros. Quando os mergulhadores estão trabalhando, tudo o que eles têm no equipamento é um cinto de pesos, óculos de proteção e uma máscara de madeira.

Além de ter um estilo de vida que não mudou em séculos, o povo Bajau também deu aos cientistas uma maneira de estudar como a adaptação genética é afetada pelo nosso meio ambiente. A Dra. Melissa Ilardo, da Universidade de Copenhague, diz que o baço era o candidato lógico para estudar como os mergulhadores podem fazer o que fazem.

Semporna, Sabah, Malásia - 19 de abril de 2015: crianças remam uma canoa (Lepa-lepa) numa vila Bajau, na
Ilha Semporna de Maiga, Sabah Borneo, Malásia. Eles moram em casas flutuantes ou palafitas construídas
em cima de recifes de corais

"Há uma resposta de mergulho humano que é desencadeada por prender a respiração e mergulhar na água. Você pode desencadear submergindo seu rosto em água fria ”, disse ela.

A resposta faz seu coração desacelerar, e os vasos sangüíneos de seus braços e pernas se contraem, preservando o oxigênio em seu sangue para seus órgãos vitais, e seu baço também se contrai. O baço mantém glóbulos vermelhos oxigenados e, quando contrai, dá-lhe um impulso de oxigênio, como um tanque de mergulho.

Semporna, Sabah, Malásia - 19 de abril de 2015: multidão de barcos a remo de Bajau perto de sua vila na
Ilha de Bodgaya, Semporna, Sabah, Malásia. O barco é o principal meio de transporte na área

O Dr. Ilardo estudou os baços de um número de bajaus, alguns que eram mergulhadores e alguns que não eram, e todos eles tinham baços de tamanho similar. Isso prova que o aumento no tamanho não é apenas o resultado de sua própria experiência de mergulho, mas uma adaptação entre toda a população.

Quando o tamanho do baço dos Bajau foi comparado com a população de uma comunidade agrícola próxima, seus baços eram cerca de 50% maiores que os da população terrestre.

Semporna, Sabah, Malásia - 19 de abril de 2015: Crianças Bajau em um barco em uma vila Bajau na Ilha
de Maiga, Semporna, Sabah, Malásia. Eles habitam aldeias construídas sobre palafitas no meio do oceano.

Estudos genéticos dos Bajau também indicaram 25 lugares onde seus genomas eram diferentes dos outros grupos; pelo menos uma dessas diferenças estava relacionada ao tamanho do baço, o que mostra que os Bajau se adaptaram geneticamente à sua vida na água e à manutenção de longos mergulhos.

Outra mudança possível, de acordo com o Daily Mail, é que as crianças de Bajau teriam se adaptado para ver melhor debaixo d'água, e elas podem ficar “doentes de terra” quando visitam o continente.

É raro poder estudar mudanças evolutivas em espécies existentes. O povo Bajau oferece não apenas a chance de estudar mudanças; os cientistas podem aprender mais sobre o desenvolvimento de nossa espécie.


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Fonte: por Ian Harvey/Vintage News, com informações de BBC e Daily Mail - Imagens: Choo Kia Ng

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Uma nova criptografia para a era da computação quântica




Um novo relatório da National Academies diz
que demorará pelo menos uma década
 até
que a computação quântica se torne
 poderosa
o suficiente para quebrar a
 criptografia de
chave pública de hoje,
 mas também pode levar
muito tempo para
 criar um novo sistema de
codificação
 de dados contra hackers.
Especialistas dizem que é hora de criar nova criptografia para a era da computação quântica

- via GeekWire*

Um novo relatório de cientistas da computação estima que leve provavelmente pelo menos uma década antes que as ferramentas de computação quântica se tornem poderosas o suficiente para comprometer o atual sistema de criptografia de chave pública que serve como base para segurança financeira e transações de dados.

Mas também pode levar uma década ou mais para substituir as atuais ferramentas de criptografia por novos protocolos que seriam resfistentes à pirataria quântica, de acordo com o relatório, publicado hoje pelas Academias Nacionais de Ciência, Engenharia e Medicina (EUA).

Portanto, dizem os autores do relatório, é urgente começar a transição para esses protocolos "pós-quânticos" - que podem variar desde o aumento do tamanho das chaves de criptografia até o desenvolvimento de novos sistemas baseados em treliças, como NewHope e Frodo.

O estudo foi patrocinado pelo Gabinete Federal do Diretor de Inteligência Nacional (EUA), e combina com as estratégias políticas estabelecidas em setembro (2018) durante uma cúpula da ciência da informação quântica da Casa Branca. Como o documento de estratégia da Casa Branca, o estudo da National Academies aponta que a ascensão da computação quântica terá profundas implicações para a segurança nacional.

A computação quântica tem sido objeto de estudo acadêmico há mais de uma década, mas, mais recentemente, tornou-se o foco de possíveis aplicativos desenvolvidos por empresas como Microsoft, IBM, Google e Boeing. A D-Wave Systems, uma empresa sediada em Vancouver, Estados Unidos, que atraiu fundos de investimento do bilionário da Amazon Jeff Bezos, já oferece um computador que é capaz de um tipo limitado de computação quântica.

A tecnologia aproveita a natureza difusa dos fenômenos quânticos, nos quais os bits podem representar uns e zeros simultaneamente. Os computadores quânticos seriam mais adequados do que os computadores clássicos para simular fenômenos quânticos, desde as interações químicas em escala atômica até as tendências financeiras.


Os computadores quânticos também poderiam teoricamente filtrar uma ampla gama de permutações, como os fatores potenciais de grandes números primos, muito mais rapidamente do que os computadores clássicos. Isso pode resultar na obsolescência dos atuais esquemas de criptografia de chave pública, que geralmente são baseados em fatoração primária.

O relatório da National Academies, escrito por um comitê de especialistas acadêmicos e do setor, diz que a computação quântica é um campo de interesse estratégico para os Estados Unidos.
"Houve um progresso notável no campo da computação quântica, e o comitê não vê uma razão fundamental para que um computador quântico funcional e grande não possa ser construído em princípio", disse o professor da Universidade de Stanford, Mark Horowitz, presidente do comitê, em um comunicado de imprensa. “No entanto, muitos desafios técnicos ainda precisam ser resolvidos antes de alcançarmos este marco”.
Os maiores desafios incluem a invenção de mecanismos de correção de erros para computadores quânticos e o desenvolvimento de métodos para converter grandes quantidades de dados clássicos em um estado quântico.
É improvável que os computadores quânticos substituam os computadores clássicos, diz o relatório. O curso mais provável é que os dispositivos baseados em quântica seriam usados ​​como aceleradores conectados a computadores mais convencionais.

O relatório observa que outros países, incluindo a China, estão dedicando recursos significativos à pesquisa em computação quântica, e que é imperativo que os Estados Unidos mantenham o ritmo, mesmo que o setor privado não tenha lucro.
"Se os computadores quânticos de curto prazo não forem comercialmente bem-sucedidos, o financiamento do governo pode ser essencial para evitar um declínio significativo na pesquisa e no desenvolvimento da computação quântica", diz o relatório.
Em setembro, a Câmara aprovou uma medida chamada National Quantum Initiative Act (Lei Nacional de Iniciativa Quântica), que reservaria US$ 1,275 bilhão em financiamento de P&D para a computação quântica ao longo de cinco anos. No entanto, o plenário do Senado dos EUA ainda não votou uma legislação paralela.

Os membros do comitê que produziram o relatório da National Acadêmico,  intitulado “Computação Quântica: Progresso e Perspectivas”, incluem Krysta Svore, que lidera o QuArC, o grupo Quantum Architectures and Computation da Microsoft Quantum Research em Redmond, de Washington. O relatório completo pode ser lido online (em inglês).
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Fonte: *por Alan Boyle/GeekWire: "Experts say it’s high time to create new cryptography for quantum computing age" - acessado em 06/12/2018 (tradução livre) - Ilustração: National Academies (EUA)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Anomalia Eletromagnética sobre o Brasil cresce e se intensifica



A região onde o campo eletromagnético é mais fraco em toda superfície terrestre, é na Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS ou SAA: South Atlantic Anomaly), que está crescendo e se intensificando. Antes restrita ao sul da África, hoje cobre a maior parte da América do Sul e quase todo o Atlântico Sul, incluindo todo o Brasil, sendo mais forte sobre São Paulo.

Campo magnético total da Terra, sobre o Brasil na área azul mais escura (acima) existe a AMAS,
a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (Anomalia Magnética do Atlântico Sul, AMAS).
Observe que as linhas de campo na região formam uma figura que se assemelha a um bico de um pato,
por isso é chamada "El Pato", e está no centro da AMAS, ou 
SAA, do inglês: South Atlantic Anomaly.

NOVOS MAPAS DA ANOMALIA MAGNÉTICA DO ATLÂNTICO SUL QUE CRESCE E SE INTENSIFICA, COBRINDO TODO O BRASIL - fonte: http://spaceweather.com - tradução, edição e imagens:  Thoth3126@protonmail.ch

Pesquisadores sabem há muito tempo que um dos cinturões de radiação de Van Allen mergulha para baixo em direção à Terra bem sobre a América do Sul, criando uma zona de alta radiação chamada “The South Atlantic Anomaly ” (SAA).

Desde a sua descoberta em 1958, o SAA (South Atlantic Anomaly) tem mudado de forma, ficando cada vez maior e se intensificando. Um mapa publicado na semana passada na revista científica da American Geophysical Union, Space Weather Quarterly descreve a anomalia com nova precisão, forma e tamanho:
Quando uma nave espacial em órbita baixa da Terra passa através dessa anomalia, “a radiação solar e cósmica provocam falhas na eletrônica das naves espaciais e satélites e pode induzir a leituras falsas pelos instrumentos”, explica Bob Schaefer da Johns Hopkins University Applied Physics Lab, principal autor do paper com a comunicação dos resultados. “Nós realmente usamos esses sinais espúrios para mapear o ambiente de radiação a uma altitude de 850 km.”

O mapa publicado na semana passada na revista científica da American Geophysical Union,
Space Weather Quarterly descreve a anomalia com nova precisão, forma e tamanho.

Especificamente, eles olharam para pulsos de ruído em um fotômetro ultravioleta transportado a bordo de muitos satélites orbitando a Terra do Programa de Satélites Meteorológicos para Defesa (Defense Meteorological Satellite Program-DMSP), que são satélites polares. Quando protons de alta energia que passam através da SAA e atinge esses sensores, produzem sinais espúrios – ou, no caso do presente estudo, os dados valiosos para análise. Ao monitorar a taxa de pulsos UV-Ultra Violeta espúrias, os pesquisadores foram capazes de rastrear os contornos da anomalia magnética e acompanhar a sua evolução ao longo de um período de anos.

Eles descobriram que a anomalia está lentamente à deriva norte e oeste com taxas de 0,16°/ano e 0,36 deg / ano, respectivamente. Atualmente, ela esta mais intensa sobre uma região ampla centrada em São Paulo, Brasil, incluindo grande parte do Paraguai, Uruguai e norte da Argentina. Eles também detectaram uma variação sazonal: Em média, a anomalia SAA é mais intensa em fevereiro e novamente em setembro-outubro. Neste enredo, contagens médias anuais foram subtraídos para revelar o pico de padrão duplo.

Uma máxima coincide com o Equinócio de Primavera (que no Hemisfério Sul ocorre em setembro), mas não com o outro. Os autores não foram capazes de explicar a origem deste padrão inesperado.

Contagem taxa de prótons e elétrons maior que 0,5 MeV em órbita baixa da Terra,
medida pelo satélite da NASA / SAMPEX.

As questões de atividades do ciclo solar, também interferem, na medida que os dados revelaram uma anti-correlação yin-yang com as manchas solares. “Durante os anos de alta atividade solar, a intensidade da radiação é menor, enquanto que durante anos solares mais tranquilos a intensidade da radiação é maior”, escreve Schaefer.

De acordo com o pensamento ortodoxo, a anomalia magnética do Atlântico Sul-SAA desce a partir do espaço para dentro da atmosfera terrestre cerca de 200 km da superfície da Terra. Abaixo dessa altitude, seus efeitos devem ser mitigados pela blindagem da atmosfera da Terra e do campo geomagnético.

Para testar essa ideia, a Spaceweather.com e Earth to Sky Calculus empreenderam um programa para mapear a anomalia SAA por baixo usando balões meteorológicos equipados com sensores de radiação... Fique ligado!

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O espaço pode fritar seu telefone



O espaço pode fritar seu telefone: como os turistas espaciais podem proteger seus equipamentos eletrônicos (e seus dados) - por Michael D. Shaw, via Space.com*

O astronauta da NASA Don Pettit teve um ThinkPad na Estação Espacial Internacional durante
a Expedição 30. Antes de enviar dispositivos eletrônicos pessoais ao espaço, a NASA os testa
para garantir que eles possam suportar os altos níveis de radiação existentes.
(Crédito: NASA)

Michael D. Shaw é bioquímico e escritor freelancer. Formado pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e era protegido do falecido cientista Willard Libby, vencedor do Nobel de química em 1960, Shaw também fez pós-graduação no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Baseado na Virgínia, ele cobre tecnologia, saúde e empreendedorismo, entre outros tópicos.

Antes que a indústria do turismo espacial alce vôo e os passageiros comecem a colocar seus dispositivos eletrônicos em órbita, é melhor que haja uma maneira de os viajantes protegerem seus dados digitais do ambiente hostil do espaço.

Entre a radiação e os efeitos da microgravidade, o típico smartphone, tablet ou laptop pode funcionar mal antes de você ter a chance de twittar suas incríveis fotos da Terra. Acrescente as preocupações da NASA sobre hackers interceptarem as comunicações e até comandarem o controle de satélites no espaço, e nossos dispositivos eletrônicos e os dados que eles contêm se tornam ainda mais vulneráveis. [Fotos: Os primeiros turistas do espaço]

Se e quando seus dispositivos eletrônicos pessoais sucumbirem a essas vulnerabilidades no espaço, seja durante um voo suborbital na SpaceShipTwo ou uma estadia prolongada em um luxuoso hotel espacial, provavelmente não haverá nenhum especialista em TI residente a bordo de sua espaçonave. E sem um dispositivo móvel funcional, você terá dificuldade em ligar para o suporte técnico na Terra.

Como, então, os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) enviam e salvaguardam seus dados? Em uma palavra: com cuidado. De acordo com a Backup4all, que atende os laptops da estação espacial, a proteção de dados é essencial não apenas para os experimentos de pesquisa e ciência que os astronautas realizam no laboratório orbital, mas também para as informações que veem e compartilham nas redes sociais.

Enquanto a ISS orbita a Terra 16 vezes por dia (ou cerca de uma vez a cada 90 minutos), os tripulantes fazem o backup de seus dados em 13 destinos, incluindo discos rígidos externos e os mesmos provedores de armazenamento em nuvem que muitos de nós usam na Terra. Esses incluem o Google Drive, o Dropbox e o Microsoft OneDrive. Esses dados envolvem experimentos relacionados à pesquisa do câncer, à "extinção da chama fria" e ao uso de um robonauta em condições de alto estresse, entre outras coisas.

Se as políticas de backup não existissem, a NASA e seus parceiros internacionais na estação espacial se arriscariam a perder "dados sensíveis ao tempo e essenciais, como informações sobre a saúde da tripulação, o status dos sistemas da estação, resultados de experimentos científicos a bordo, bem como todos os posts e entrevistas nas redes sociais", disseram funcionários da NASA em um comunicado. Seria difícil para o alcance público da NASA ter sucesso sem as fotos de tirar o fôlego do espaço, que a agência compartilha com seus seguidores nas mídias sociais. Imagine também o feed do Twitter da estação espacial sem seus 2,3 milhões de seguidores.

Agora, imagine-se sem acesso aos seus próprios dados e fotos. Um smartphone com defeito pode ser frustrante o suficiente na Terra. Mas como você se sentiria se seu smartphone parasse de funcionar enquanto você estivesse a centenas de quilômetros de distância do planeta, tornando impossível para você, como turista espacial, transmitir imagens e mensagens para a Terra? Você poderá evitar esses futuros "problemas do primeiro mundo", mantendo as ferramentas de backup de dados prontas.

Aqui na Terra, 140.000 discos rígidos caem toda semana apenas nos Estados Unidos, de acordo com o site de notícias de cibersegurança CSO.com. A recuperação de um computador danificado pode custar mais de US $ 7.500, sem garantia de sucesso. Ainda pior, a cada ano, cerca de 70 milhões de smartphones são vítimas de roubo, sejam fisicamente roubados ou hackeados digitalmente, de acordo com um estudo do Kensington Computer Products Group. O estudo descobriu que o custo de perder um laptop ou outro dispositivo eletrônico móvel pode exceder em muito o custo do próprio dispositivo "graças à perda de produtividade, perda de propriedade intelectual, violações de dados e taxas legais".

A boa notícia é que a ISS pode ser o símbolo máximo da proteção de dados. Já é um símbolo do triunfo da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).

Traduzir esse símbolo em uma chamada à ação deve ser uma prioridade nacional. Criar um call to action "é um desafio de design, com certeza", disse Janil Jean, diretora de operações no exterior da LogoDesign.net. "Não é, no entanto, intransponível. Não quando é mais fácil - no momento - encontrar um sinal de 'não fumar' do que encontrar um sinal que avisa contra não deixar dados vulneráveis ​​a perda ou roubo."

Concordo com essa afirmação, assim como acredito no valor da missão da ISS. Esse valor tem muitas denominações, desde o trabalho real que os tripulantes fazem todos os dias até os dados que servem como um registro digital da pesquisa que esses homens e mulheres realizam em nome da humanidade.

Devemos imitar seu exemplo fazendo a coisa prática, que também é a coisa inteligente: tratar os dados como uma mercadoria pessoal e um bem público que é precioso demais para desperdiçar, poderoso demais para sacrificar e muito potente para se render - e isso é igualmente tão vulnerável no espaço quanto no solo, se não mais vulnerável.

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Fonte: *Space.com: |Space Could Fry Your Phone: How Space Tourists Can Protect Their Electronics (and Data)" (tradução livre) - Imagem: o astronauta Don Pettit, com seu ThikPad, a bordo da ISS/NASA (divulgação/reprodução)

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O êxodo dos confederados para o Brasil após a Guerra Civil



Descendentes de Norte Americanos, durante a Festa Confederada em Santa Bárbara d'Oeste, São Paulo
(Felipe Attilio CC BY-SA 3.0)

Não fique surpreso se você ouvir alguém assobiando Dixie no sul do Brasil. Embora as chances de tal encontro hoje sejam muito pequenas, Dixie já esteve vivo no sul do Brasil quando confederados nostálgicos e com saudades de casa costumavam se lembrar de sua terra natal, sentados em suas novas fazendas brasileiras.

Tudo começou depois de 1865 com o término da Guerra Civil nos Estados Unidos. A economia do sul estava esgotada e a União abolira a escravidão. De repente, o sul se transformou em um ambiente hostil para os confederados que não queriam viver sob o domínio federal. Então, muitos deles decidiram deixar os Estados, o que resultou no maior êxodo da história do país.

Na época, o Império do Brasil ocupava o território do Brasil e do Uruguai de hoje, e o Imperador Dom Pedro II estava interessado em criar sua própria indústria de algodão e cana-de-açúcar. Ele tinha as terras, mas não tinha agricultores qualificados.

Alguns deles reconheceram o apelo nas áreas urbanas em desenvolvimento de São Paulo e do Rio de Janeiro, enquanto outros tentaram a sorte nas regiões habitadas do norte e do sul da Amazônia.

Imigrantes Joseph Whitaker e Isabel Norris
Havia cerca de 20.000 imigrantes dos EUA - segundo algumas fontes o número foi de cerca de 10.000 - que se mudaram para o Brasil entre 1865 e 1885, época em que a escravidão ainda era legal no país. As primeiras gerações de recém-chegados permaneceram como comunidades de clausura casando-se exclusivamente entre si e recusando-se a aprender a língua portuguesa.

Eles construíram igrejas e escolas separadas, com professores dos EUA, e também investiram na construção da Primeira Igreja Batista do Brasil, bem como no Cemitério Campo dos Protestantes. Em uma entrevista de 1995 para o Seattle Times, uma descendente de terceira geração dos colonos originais, Alison Jones, descreveu sua experiência crescendo em tal ambiente:
“Eu me lembro de quando eu tinha 4 anos, eu estava perdido em uma fábrica têxtil enão podia perguntar nada para as pessoas porque só falava inglês. Eu não aprendi português até começar a escola.”
Os colonos investiram seu conhecimento moderno no país, implementando técnicas agrícolas modernas e novas culturas, como noz-pecãs e melancias, que foram alegremente aceitas pelos agricultores brasileiros. Algumas comidas típicas do sul dos Estados Unidos, como frango frito, torta de queijo e torta de vinagre, hoje fazem parte da cultura geral brasileira.

Com o objetivo de preservar sua própria herança cultural, os colonos do Sul dos Estados Unidos organizaram sua vida cotidiana como antes, em territórios que se transformaram em cidades como Santa Bárbara d'Oeste e Americana.

Embora muitos historiadores tenham interpretado a migração como motivada pelo fato de a escravidão ainda ser legal no Brasil, não há, na verdade, muitas evidências para sustentar essa afirmação. 

Há muitos descendentes dos confederados originais que se lembram de seus ancestrais falando sobre alguma casa que deixaram há muito tempo atrás, mas tudo o que eles recordam são memórias gentis, tradições e um modo de vida. Ninguém falava muito sobre escravidão e sua abolição.
 
O Paraná foi um dos estados do sul do Brasil que recebeu imigrantes americanos. (Samir Nosteb CC BY-SA 3.O)

Outra descendente dos colonos originais, Judith McKnight, tentou explicar ao Seattle Times por que sua família deixou o Texas: 
“Eles vieram para cá porque sentiam que seu 'país' havia sido invadido e suas terras confiscadas. Para eles, não havia mais nada ali. Então, eles vieram aqui para tentar recriar o que tinham antes da guerra. Eu cresci ouvindo as histórias. Eles estavam com raiva e amargurados. Quando eles conversaram sobre isso, se mudaram para cá, a guerra, deixando suas casas, sempre foi um assunto muito doloroso para eles.”
Há alguns casos registrados quando os escravos libertos acompanharam seus antigos mestres ao Brasil. Um exemplo é Steve Watson, que seguiu seu ex-proprietário, o Juiz Dyer, do Texas, e foi designado como administrador de uma serraria.

Em algum momento, Dyer decidiu retornar aos Estados Unidos devido a dificuldades financeiras e saudades de casa enquanto Watson permaneceu no Brasil administrando a propriedade.

As recém-formadas colônias de imigrantes americanos foram chamadas pelos brasileiros de "Confederadas". Hoje, seus descendentes promovem anualmente a Festa Confederada, um festival que apresenta uniformes e bandeiras confederadas, bem como danças, música e culinária típicas da região sul dos Estados Unidos. As festividades são dedicadas a preservar a memória de seus ancestrais.
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Fonte: por Katie Vernon/Vintage News: "The Mass Exodus of Confederates to Brazil after the Civil War" (tradução livre) - Imagens: Wikimedia Commons (reprodução)