- A diferença entre seres vivos no que diz respeito ao prazer e à dor, ao dano e à utilidade é o primeiro argumento do qual se deduz que nenhum ser recebe as mesmas impressões dos mesmos sujeitos.
Toda espécie animal percebe o mundo com base nos tipos de órgãos dos sentidos que dispõe.
- O segundo tipo de argumento contra a verdade realça a subjetividade humana; O útil individual é sempre subjetivo.
Os mesmos objetos dão origem a percepções muito diferentes, daí que nada de seguro pode ser dito sobre eles.
- A diversidade das impressões é condicionada pela diversa condição das disposições individuais; Um buquê de flores causa impressões diferentes numa garota apaixonada ou em uma recém viúva.
- Nem mesmo a condição dos loucos é contrária à natureza; por que a loucura deveria dizer respeito mais a eles do que a nós?
- A grande diversidade entre as leis e os costumes dos povos sugere a inexistência de valores universais.
- Cada povo acredita nos seus deuses e há quem acredite na providência e quem não acredite. Os egipcios embalsamam os seus mortos antes de sepultá-los, os romanos os cremam, e os peônios os jogam ao pântano.
- Mesmo noções aparentemente objetivas, como o peso, demonstram-se relativas; Uma pedra erguida no ar por duas pessoas desloca-se facilmente na água, seja por que, sendo pesada, torna-se mais leve pela água, seja por que, sendo leve, se torna mais pesada pelo ar.
- As percepções são sempre determinadas por um particular ponto de vista; O sol por causa da distância aparece pequeno, as montanhas vistas de longe, aparecem envoltas no ar e lisas, de perto, aparecem ásperas e cheias de fendas.
A forma dos objetos é sempre condicionada, seja pelo ponto especifico a partir do qual o observamos seja pela posição que ocupa no espaço.
- A natureza de muitas coisas varia com a quantidade; O vinho pode ser benéfico ou maléfico, depende do quanto se bebe.
- O hábito condiciona os juízos; Os terremotos não provocam espantos naqueles junto aos quais ocorrem continuamente.
- O conhecimento utiliza conceitos relativos; O que se encontra à direita não está à direita por natureza, mas é entendido como tal, tendo em vista a posição que ocupa em relação a um outro objeto, mudada a posição, não está mais à direita. Pai e irmão são termos relativos. Esses termos e conceitos relativos, considerados em si e para si, não são cognoscíveis.
Sendo assim, devemos sempre suspender nossos juízos (epoché) sobre a verdade e acreditar na impossibilidade de chegar a um juízo inopinável, universal e indiscutível.
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Fonte: Blog "Fragmentos de Filosofia", por Giuliano Cézar - Imagem: Estátua de um filósofo Cínico desconhecido, nos Museus Capitolinos, em Roma. Cópia da era romana de uma estátua grega anterior, do século 3 a.C. (Escultura S 737)
Toda espécie animal percebe o mundo com base nos tipos de órgãos dos sentidos que dispõe.
- O segundo tipo de argumento contra a verdade realça a subjetividade humana; O útil individual é sempre subjetivo.
Os mesmos objetos dão origem a percepções muito diferentes, daí que nada de seguro pode ser dito sobre eles.
- A diversidade das impressões é condicionada pela diversa condição das disposições individuais; Um buquê de flores causa impressões diferentes numa garota apaixonada ou em uma recém viúva.
- Nem mesmo a condição dos loucos é contrária à natureza; por que a loucura deveria dizer respeito mais a eles do que a nós?
- A grande diversidade entre as leis e os costumes dos povos sugere a inexistência de valores universais.
- Cada povo acredita nos seus deuses e há quem acredite na providência e quem não acredite. Os egipcios embalsamam os seus mortos antes de sepultá-los, os romanos os cremam, e os peônios os jogam ao pântano.
- Mesmo noções aparentemente objetivas, como o peso, demonstram-se relativas; Uma pedra erguida no ar por duas pessoas desloca-se facilmente na água, seja por que, sendo pesada, torna-se mais leve pela água, seja por que, sendo leve, se torna mais pesada pelo ar.
- As percepções são sempre determinadas por um particular ponto de vista; O sol por causa da distância aparece pequeno, as montanhas vistas de longe, aparecem envoltas no ar e lisas, de perto, aparecem ásperas e cheias de fendas.
A forma dos objetos é sempre condicionada, seja pelo ponto especifico a partir do qual o observamos seja pela posição que ocupa no espaço.
- A natureza de muitas coisas varia com a quantidade; O vinho pode ser benéfico ou maléfico, depende do quanto se bebe.
- O hábito condiciona os juízos; Os terremotos não provocam espantos naqueles junto aos quais ocorrem continuamente.
- O conhecimento utiliza conceitos relativos; O que se encontra à direita não está à direita por natureza, mas é entendido como tal, tendo em vista a posição que ocupa em relação a um outro objeto, mudada a posição, não está mais à direita. Pai e irmão são termos relativos. Esses termos e conceitos relativos, considerados em si e para si, não são cognoscíveis.
Sendo assim, devemos sempre suspender nossos juízos (epoché) sobre a verdade e acreditar na impossibilidade de chegar a um juízo inopinável, universal e indiscutível.
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Fonte: Blog "Fragmentos de Filosofia", por Giuliano Cézar - Imagem: Estátua de um filósofo Cínico desconhecido, nos Museus Capitolinos, em Roma. Cópia da era romana de uma estátua grega anterior, do século 3 a.C. (Escultura S 737)
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