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terça-feira, 25 de outubro de 2016

A vida não é só trabalhar, pagar contas e morrer




Por Amanda Areias

A gente é muito cobrado o tempo todo.

O TEMPO TODO

Tem que ir bem na prova, tem que passar de ano, tem que entrar numa faculdade boa, tem que fazer um curso renomado, arranjar um bom emprego, ter um bom currículo, ganhar mais que os seus amigos.

Eu, pessoalmente, nunca entendi essa pressão toda em arranjar um bom emprego aos 20 e tantos anos de idade. A gente é ensinado que sucesso na vida é ter um cargo alto, numa empresa reconhecida, com vários subordinados. E a gente cresce acreditando fielmente nisso.

E daí se você vai se tornar uma pessoa depressiva, mega competitiva e materialista? Se você tá ganhando dinheiro é isso que importa, né?

Não.

A vida não deveria ser só estudar, trabalhar, ganhar dinheiro e morrer.

A gente não nasceu nesse mundo maravilhoso cheio de lugar diferente, pessoas singulares, comidas exóticas pra viver num escritório, todos os dias das 9h as 18h.

Eu, por exemplo, me considero uma pessoa muito bem sucedida.
Nunca trabalhei em multinacional, pedi demissão de todas as empresas em que entrei e nunca ganhei nenhum salário de dar inveja. Mas me considero muito melhor sucedida do que todos os meus amigos de terno e gravata que recebem mais de 5 salários mínimos por mês. Eu já pulei de paraquedas, já dei aula de inglês pra monges no interior da India, já fui pra países que a maioria das pessoas nunca nem ouviu falar, faço trabalho voluntário, já mochilei completamente sozinha sem direção, já morei em vários países, já fui roubada e fiquei sem dinheiro nenhum em outro continente sem ninguém pra me ajudar.

Isso não conta como experiência?
Isso não deveria ser perguntado em entrevistas de emprego?

Vocês não são os currículos de vocês.
Vocês não são as empresas multinacionais que vocês trabalham.
Vocês não são o salário que vocês ganham.
Vocês são o que vocês vivem.
As pessoas que vocês conhecem.
Os livros que vocês lêem.
Os lugares que vocês vão.
As experiências que vocês têm.

Gente, vai trabalhar como garçonete, juntar dinheiro e viajar o mundo. Vai fazer trabalho voluntário. Vai escrever um livro, mesmo que não seja publicado. Lute por uma causa que você acredite, mesmo com o mundo inteiro te achando louca por isso (nessa eu sou profissional). Vai plantar uma árvore, seila.

Louco é quem, aos 20 e tantos anos, está preso no trânsito indo trabalhar. Vendo as mesmas pessoas. De frente pro mesmo computador.

Essa busca toda por sucesso profissional é pra que?
Você realmente precisa de todo esse dinheiro que você ta ganhando?
O que vai te acrescentar na vida uns zeros a mais na conta do banco?
Você se acha uma pessoa superior por ter estudado na GV, ou na Insper?
Por trabalhar no Itaú?

E, a não ser que vocês tenham que ajudar financeiramente em casa, não digam que o problema é dinheiro. Como eu já falei em um outro texto que eu publiquei aqui, eu passei dois meses mochilando pela Ásia com o salário que eu ganhei em um ano de estágio.
E ainda sobrou. A gente não precisa de todos esses excessos que a gente acha que precisa.

Chegamos aos 60 anos.
Ricos.
Morando no jardins.
Com um apartamento de 300m².
Com faxineira todos os dias para lavar nossa louça e estender nossas camas.
Com o carro do ano.
Com filhos nas aulas de inglês, alemão e espanhol.
Achando que todo o nosso propósito na vida foi alcançado.

Mas chegamos infelizes.
Depressivos.

Realização pra mim não é dinheiro.
Realização são histórias pra contar.
Realização é sentar num bar com amigos e beber uma breja gelada, sem me preocupar no trabalho que eu deixei de fazer hoje porque eu tava sobrecarregado e não sobrou tempo.

Vão atrás do que faz o coração de vocês vibrar.
A gente é muito novo pra se preocupar com aposentadoria e hipoteca.

Caixão não tem gaveta, o que vocês ganharem em vida não vai ser levado depois que vocês morrerem.

O que se leva dessa vida é a vida que se leva.

Leia mais textos da autora em sua página no Facebook: Livre

domingo, 16 de outubro de 2016

CERN : "partícula revolucionária" revela decepção



As esperanças sobre a descoberta de uma nova partícula que mudaria o paradigma da física se desvaneceram nesta sexta-feira, quando cientistas admitiram que uma grande variação percebida nos dados há alguns meses era, na verdade, uma alteração insignificante.

O anúncio de dezembro de 2015 sobre a descoberta de uma grande flutuação nos dados por duas equipes independentes de cientistas que trabalham no Large Hadron Collider (LHC), um acelerador de partículas administrado pelo Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern), gerou grande entusiasmo.

Esta flutuação, com uma energia de 750 gigaeletrovolts (GeV), teria sido seis vezes mais forte que o famoso bóson de Higgs, uma partícula elementar descoberta em 2012 que é considerada chave na estrutura fundamental da matéria.

Mas após muita especulação e vazamentos para as redes sociais, os cientistas anunciaram na Conferência Internacional de Física de Alta Energia, em Chicago, que na verdade não houve descobertas em nenhum dos dois novos experimentos realizados no Cern.

"O indício intrigante de uma possível ressonância a 750 GeV se decompondo em pares de fótons, o que gerou grande interesse a partir dos dados de 2015, não reapareceu no conjunto de dados de 2016, muito mais amplo, e portanto parece ser uma flutuação estatística", disse um comunicado do CERN.

Os cientistas presentes no encontro, que ocorre a cada dois anos, reagiram no Twitter à notícia, inclusive antes de que esta fosse anunciada formalmente.

"Nenhuma partícula nova anunciada no #ICHEP2016 hoje, mas é assim que a ciência funciona", publicou o Fermilab, o maior laboratório de física de partículas dos Estados Unidos.

"Basicamente, os dois experimentos do LHC estavam vendo a produção de dois fótons com mais frequência que o esperado", tuitou Brian Colquhoun, físico de partículas da Universidade de Glasgow.

fonte: AFP - ksh/bbk/sgf/jb/db/mvv

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A Quinta Energia

Um olhar mais profundo em estudos anteriormente realizados por físicos húngaros descobriu recentemente evidências de uma quinta força fundamental da natureza.

Se confirmado, isso poderia ser uma explicação para a matéria escura.




FORÇAS DA NATUREZA
Até o momento, há quatro forças fundamentais convencionalmente conhecidas que mantêm o universo: gravidade, eletromagnetismo e as forças nucleares forte e fraca. Mas um olhar mais atento sobre estudos anteriores realizados por físicos da Hungria, que sugeriam uma nova força, levou uma equipe de cientistas a evidenciar que a anomalia nos dados poderia realmente ser uma quinta força da natureza.
Deve-se notar que a afirmação inovadora significa ainda um longo caminho até ser confirmada, mas os dados atuais disponíveis são suficientes para impulsionar essa pesquisa para que se descubra o que essa nova partícula condutora de força é (ou pode ser).
Se for verdade, é revolucionário”, disse Jonathan Feng , que lidera a equipe de pesquisa da Universidade da Califórnia. “Se confirmado por outros experimentos, esta descoberta de uma possível quinta força iria mudar completamente a nossa compreensão do Universo, com consequências para a unificação das forças e matéria escura.”

PARTÍCULA SUBATÔMICA
Screen-Shot-APS Physics
Crédito da imagem: Physics APS
Os dados anômalos foram detectados pela primeira vez quando a equipe húngara da Academy of Science disparou feixes de alta energia de prótons em lítio-7. Isto criou uma assinatura de energia distinta de uma partícula subatômica super-luz, o que eles concluíram ser um tipo de Higgs – 30 vezes mais pesado do que um elétron – que não pode ser explicado pelo Modelo Padrão.
“Os experimentalistas não foram capazes de afirmar que era uma nova força”, disse Feng. “Eles simplesmente viram um excesso de eventos que indicam uma nova partícula, mas não estava claro para eles se era uma partícula de matéria ou de uma partícula que transmite força”.
Com base nesses dados originais, a equipe da Universidade da Califórnia mergulhou no trabalho para tentar verificar os resultados potenciais. E eles afirmam que descobriram provas teóricas que sugerem que pode realmente ser o bóson para a quinta força da natureza, o que poderia explicar a matéria escura ou muitas outras coisas inexplicáveis no universo.
A partícula foi apelidada de protophobic Higgs X, que interage exclusivamente com elétrons e nêutrons dentro de um intervalo muito pequeno, tornando-se extremamente difícil de detectar. Segundo os pesquisadores, nenhum outro Higgs exibiu as mesmas características.
Quando a existência de uma quinta força for verificada, isso poderia significar que um dia poderia produzir uma “super força fundamental” que permite a interação entre o setor escuro com sua própria matéria. Infelizmente, ainda temos que confirmar ou não se esta poderia realmente ser a quinta força da natureza, mas é uma hipótese que certamente vale a pena acompanhar.
Fonte original: ScienceAlert – Últimas  Tradução: https://rodrigoromo.com.br/

sábado, 1 de outubro de 2016

O jejum e o funcionamento cerebral



Neurocientistas mostram o que o jejum faz ao seu cérebro e porque as indústrias farmacêuticas não vão estudar esse fenômeno

via "O Espaço do Conhecimento"
publicado originalmente por:  ON

Mark Mattson, o atual chefe do Laboratório de Neurociência do Instituto Nacional de Envelhecimento e também professor de neurociência na Universidade Johns Hopkins, um dos mais respeitados pesquisadores na área de mecanismos moleculares e celulares para desordens neurodegenerativas, deu um TEDx que deveria ser assistido (em inglês).

Existem exemplos incontáveis da manipulação de pesquisas publicadas pelas industrias farmacêuticas nos anos recentes. É por isso que o professor de medicina de Harvard Arnold Symour Relman disse ao mundo que a profissão medica foi comprada pela indústria farmacêutica.

Dr. Richard Horton, editor chefe da revista The Lancet, disse que muito da literatura cientifica publicada hoje é inverdade. Já a Dra. Marcia Angell, antiga editora chefe da New England Journal of Medicine, disse que a “a indústria farmacêutica gosta de ser mostrar como uma indústria baseada em pesquisam, como a fonte de drogas inovadoras. Nada poderia ser mais longe da verdade.”

E é por isso que John Loannidis, um epidemiologista da escola de medicina da Universidade de Stanford publicou um artigo intitulado “Porque a maioria dos achados de pesquisas publicadas são falsos” que subsequentemente se tornou o artigo mais acessado da história da PLoS.

Dr. Mattson comenta no final do vídeo:

“Porque a dieta normal é três refeições diárias mais lanches? Não é porque ela seja o padrão mais saudável de comer, isso é a minha opinião, mas eu acho que existe um monte de evidencia que mostra isso. Existe uma grande pressão que exista esse padrão de alimentação, existe muito dinheiro envolvido.
A indústria alimentícia – eles vão ganhar dinheiro de pessoas que pularam o café da manhã, como eu fiz hoje? Não, eles vão perder dinheiro. Se as pessoas jejuarem, a indústria alimentícia perde dinheiro. E a indústria farmacêutica?
Se as pessoas fizerem pequenos jejuns, se exercitem periodicamente e forem muito saudáveis, a indústria farmacêutica vai fazer dinheiro com pessoas saudáveis? ”



Principais pontos da palestra acima e a ciência da qual ela veio

Mark e sua equipe já publicaram vários artigos que discutem como jejuar duas vezes por semana pode diminuir o risco de desenvolver doenças como Parkinson e Alzheimer

“Já são bem conhecidas as mudanças que fazemos na dieta afetam nosso cérebro. Crianças que sofrem de epilepsia tem menos episódios quando são colocadas em dietas de restrição calórica ou jejuns.
Acredita-se que o jejum ajuda a iniciar medidas protetivas que ajudam a contrabalancear os sinais superexcitados que os cérebros epiléticos muitas vezes exibem (algumas crianças também se beneficiaram de uma dieta bem especifica com muita gordura e pouco carboidrato).
Cérebros normais, quando superalimentados, podem experimentar outro tipo de excitação descontrolada, impedindo o funcionamento cerebral.”

Basicamente, quando você olha para estudos sobre restrição calórica, muitos deles mostram um tempo de vida prolongado assim como uma habilidade aumentada de lutar contra doenças crônicas.

“A restrição calórica aumenta o tempo de vida e retarda doenças crônicas relacionadas a idade em muitas espécies, como ratos, camundongos, peixes, moscas, minhocas e leveduras. O mecanismo ou mecanismos pelo qual isso ocorre é desconhecido”

A frase acima é de uma revisão da literatura que tem mais de 10 anos. O trabalho apresentado aqui mostra alguns dos mecanismos que antes eram desconhecidos.

O jejum faz coisas boas ao cérebro, e isso é evidenciado pelas mudanças neuroquímicas benéficas que acontecem no cérebro quando em jejum. Também aumenta a função cognitiva, fatores neurotróficos, resistência ao dano e reduz a inflamação.

O jejum é um desafio para o cérebro, e o cérebro responde a esse desafio adaptando vias de resposta ao dano que ajudam o seu cérebro a lidar com o dano e o risco de doenças. As mesmas mudanças que ocorrem no cérebro durante o jejum imitam as mudanças que ocorrem com exercício regular. Ambas aumentam a produção de fatores neurotróficos que promovem o crescimento de neurônios, a conexão entre eles e a força das sinapses.

“Desafios para o cérebro, seja por jejum intermitente ou exercício vigoroso… é um desafio cognitivo. Quando isso acontece circuitos neurais são ativados, níveis de fatores neurotróficos aumentam, e isso promove o crescimento de neurônios (e) a formação e fortalecimento das sinapses…”


O jejum também pode estimular a produção de novas células nervosas de células tronco no hipocampo. Ele também menciona a produção de cetonas e que isso poderia aumentar o número de mitocôndrias nos neurônios.

O jejum também aumenta o número de mitocôndrias nas células nervosas; isso é um resultado dos neurônios se adaptando ao dano pelo jejum (pela produção de mais mitocôndrias).

Pelo aumento do número de mitocôndrias nos neurônios, a habilidade dos neurônios de formar e manter as conexões entre eles também aumentam, melhorando assim o aprendizado e a memória. 

“O jejum intermitente aumenta a habilidade das células nervosas de reparar DNA.”

Ele também entra no aspecto evolucionário da teoria – como nossos ancestrais adaptaram e foram selecionados para passar longos períodos de tempo sem comer.

Um estudo publicado na revista Cell Stem Cell por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia mostrou que ciclos de jejum prolongado protegem contra danos no sistema imune e, mais ainda, induz a regeneração do sistema imune.

Eles concluíram que o jejum altera as células tronco do estado dormente para o estado de auto-renovação. Ele ativa a regeneração baseada em células tronco de um órgão ou sistema.

Pesquisas clinicas em humanos foram realizadas usando pacientes que recebiam quimioterapia. Por longos períodos de tempo, os pacientes não comiam, o que reduziu as células de defesa. Em camundongos, ciclos de jejum “ligaram a regeneração, mudando as vias de sinalização das células tronco hematopoéticas, que são responsáveis pela geração do sistema sanguíneo e imune.”

Isso significa que o jejum mata as células imunes velhas e danificadas e quando o organismo reinicia ele usa as células tronco para criar células novinhas, completamente saudáveis.

“Nós não poderíamos prever que o jejum prolongado poderia ter um efeito tão impressionante na promoção de regeneração baseada em célula tronco do sistema hematopoético…
Quando você passa fome, o sistema tenta poupar energia, e uma das coisas que você pode fazer para poupar energia é reciclar muitas células imunes que não são necessárias, especialmente aquelas que estão danificadas. Nós começamos a notar em humanos e animais que as células de defesa diminui no jejum prolongado. Quando você é realimentado, as células retornam” – Valter Longo

Uma revisão de vários estudos sobre jejum foi publicada no The American Journal of Clinical Nutrition em 2007. Ela examinou estudos em humanos e animais e determinou que o jejum é uma maneira efetiva de reduzir o risco de doenças cardiovasculares e câncer. Também mostrou potencial em tratar a diabetes.

Antes de jejuar

Antes de começar a jejuar, tenha certeza que fez seu dever de casa. Pessoalmente, eu venho jejuando por anos e é algo fácil para mim.

Uma maneira recomendada de fazer – que foi testada pelo Michael Mosley da BBC para reverter seu diabetes, colesterol alto e outros problemas associados com a obesidade – é a que é conhecida como “dieta 5:2”.

No plano 5:2, você reduz sua comida para um quarto das suas calorias normais nos dias em jejum (que deve ser algo como 600 calorias para homens e 500 calorias para mulheres nas terças e quintas por exemplo), mas consumindo bastante água. Nos outros cinco dias da semana, você come uma dieta normal (no mesmo exemplo, 2400 para homens e 2000 para mulheres nos outros dias).

Outra maneira de fazer é restringir sua alimentação em algum horário específico, como só comer entre as 11 da manhã e 7 da noite e não comer fora desse horário.

Como você pensa sua dieta é, na minha opinião, uma das mais importantes, se não a mais importante parte de estar saudável. Como você pensa sobre o que você está inserindo no seu organismo é importante e eu acredito que isso irá eventualmente ficar firmemente estabelecido na literatura médica não influenciável no futuro.

Aqui está um vídeo em inglês do Dr. Joseph Mercola explicando os benefícios do jejum intermitente. Aqui um artigo que ele escreveu onde ele explica como o jejum pode ajudar você a viver uma vida mais saudável.

Fonte: http://oespacodoconhecimento.com.br/