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segunda-feira, 23 de maio de 2022

DIARIO DO PARANÁ - Bento Munhoz da Rocha Netto

Café Filho, Adherbal Stresser, Bento Munhoz da Rocha, *?*, Flora Munhoz da Rocha (Inauguração do Palácio Iguaçú - 19 de dezembro de 1954)

"Muito insisti, quando governador do Paraná, junto ao cacique dos Associados, o jornalista Assis Chateaubriand, para que nosso Estado não continuasse a ser excluído das áreas em que suas organizações se situavam, expandindo com técnica pioneira, a arte das comunicações.

O cacique, parece, que já por várias vezes tentara a façanha de penetrar no Paraná. Não havia encontrado aqui a facilidade de outros Estados. Nenhum proprietário do jornal queria desfazer-se do que possuía. Adherbal Stresser trabalhou com aquela intensidade e persistência que lhe são peculiares. Havia mesmo de fundar um novo jornal.

Meu intento era o da integração. Era misturar o Paraná com  o Brasil. Era situar no continente brasileiro ou no arquipélago brasileiro, a ilha paranaense, a tradicional ilha paranaense de tendência mais a assistir e a criticar, às vezes, amargamente, do que tomar parte. Confesso que vamos aos poucos nos modificando, e em 1972 somos bem diferentes do começo dos cinqüenta. O Paraná gostava de ficar escondido e eu sentia que era preciso, através de uma grande organização vocacional, jogá-lo nas manchetes do Brasil. Os Associados iriam facilitar essa grande missão.

Apertei o cacique e seu representante no Paraná, o Stresser, até que em 29 de março de 1955, dia de Curitiba e, portanto dia do Paraná, pois em Curitiba, por seu espirito de Metrópole estadual, às coisas são mais paranaenses do que curitibanas, surgia festivamente o DIARIO DO PARANA. Surgiu em festas com todo o estado maior dos Associados presente.

E festivamente já começamos a esgrimir sobre ecologia cafeeira, com lances de divergência sobre o que então, como em 1927, no governo de Caetano Munhoz da Rocha, era vital para o Paraná. Justamente nos anos 50, década do aparecimento do DIARIO DO PARANÁ, nosso Estado atingiu a liderança da produção cafeeira e o máximo do crescimento demográfico. Poucos compreendiam o que isso significava e que não era impunemente que se realizava essa façanha. Era preciso estar muito no alto para compreender bem e alcançar a totalidade do panorama. Para ter a visão das repercussões não só de ordem econômica mas também de ordem politica e social que começavam a envolver o Paraná.

Era preciso que o Paraná estivesse entrosado numa organização nacional, como à dos Associados, para dizer seus interesses, para gritar as injustiças cometidas pela maquinaria instituída que não iria largar, sem mais aquela, privilégios quase seculares.

Estou certo de que com o trabalho do Stresser e sua equipe, o DIARIO DO PARANA, como outros órgãos dos Associados no Estado, ajudou a tarefa que imaginei. Tarefa de integração nacional, operada com um sentido que é o único a dar validade a qualquer ação: com liberdade. Mas sabendo que só é livre quem é escrava da verdade."

Bento Munhoz da Rocha Netto
CURITIBA, QUARTA-FEIRA, 29 DE MARÇO DE 1972