Parece coisa do filme de ficção Minority Report, a nova Lei. No início de dezembro o Google lançou um serviço de pesquisas de imagens através de cameraphone, o novidade acabou de ser bloquada após denúncias que mostraram eminente ameaça a privacidade pessoal.
A nova ferramenta, chamada Goggles, utiliza imagens em vez de palavras para busca na web. Ao tirar uma foto de um objeto e clicar na pesquisa, os usuários de smartphones podem reconhecer pontos de referencia, identificar plantas ou animais, ou até obter notas sobre um vinho através da imagem do rótulo.
O buscador usa as fotos captadas pela camera do celular para comparar com as existentes em seu banco de imagens. Quando é encontrada uma imagem correspondente a pesquisada o Google oferece o nome do objeto e uma lista de resultados relativos a pesquisa. São exibidos links para páginas da web e notícias relevantes. O Googles é capaz de reconhecer dezenas de milhões de objetos, figuras e lugares, através de um banco de dados que cresce constantemente.
É uma novidade tecnológica sem precedentes no mercado dos buscadores, entretanto está causando polêmica. A controvérsia vem do fato que a nova ferramenta é capaz também de reconhecer pessoas. É possível através da uma foto tirada de um estranho encontrar informações sobre ele. Como o Google pussuí cadastros completos de milhões de usuários, com fotos, através de redes sociais como Orkut e Facebook, é possível usar a ferramenta para identificar pessoas. Apenas com um click podemos obter informações de contato, aprender sobre seu gosto musical, seus amigos e seus antecedentes.
O Google confirmou no último dia 14 que irá bloquear a novidade até que sejam estudadas todos as implicações que seu uso pode causar. Marissa Mayer, a vice-presidente da ferramenta de busca do Google fez uma declaração sobre o fato: "Estamos bloqueando o rosto das pessoas, caso tentem usar o Google Goggles para procurar informações sobre eles. Enquanto não entendermos as implicações da ferramenta de reconhecimento facial decidimos bloquear a pesquisa dos rostos das pessoas. Precisamos realmente entender como essa ferramenta afeta a privacidade das pessoas e não podemos mudar essa decisão, até que tenhamos certeza."
Angela Sasse, professora de ciência da computação da University College London e pesquisadora da percepção pública da vida privada, disse que o Googles criou um mal estar, pois coloca em evidência qualquer anônimo. "As pessoas gerem suas relações pela divulgação seletiva", disse. "Somente pessoas com determinadas condições de saúde mental divulgam tudo o tempo todo. Estes sistemas acabam com isso. Você pode ir a um lugar onde supostamente não será reconhecido, mas se as pessoas descobrem quem você é podem saber aonde você esteve. Vimos este problema acontecer no Facebook onde uma pessoa enviou fotos de uma festa esquecendo-se que seus patrões poderiam ver também".
A professora Sasse também alertou que o Googles pode ser usado como ferramenta de marketing. Quando câmeras de vigilância identificarem um rosto podem enviar dados a empresa de uma oferta especial, que se encaixe no perfil do identificado. "As pessoas tendem a ter uma forte reação a isso", disse ela. "Mas você poderia ter um opt-out para que as pessoas possam decidir se o sistema será autorizado a reconhecê-los ou não."
O Google tem sido criticado pela entidade de direitos humanos Privacy International, que avalia a empresa norte-americana como "hostil a privacidade", a classificação mais baixa concedida a 20 empresas avaliadas. Ele disse que cada anúncio corporativo do Google tinham "algumas práticas que envolvem a vigilância".
O Streetview do Google, que oferece uma vista panorâmica de todas as ruas, tem sido criticado por motivos semelhantes. Os defensores da privacidade dizem que o Streetview mostrou homens deixando clubes de strip, manifestantes em uma clínica de aborto e banhistas de biquíni. Por outro lado o Google permite que usuários que tenham imagens divulgadas sem autorização, ou mesmo imagens inapropriadas, entrem em contato com a empresa e peçam revisão e remoção das mesmas.
Fonte: The Independent - Privacy implications have Google running scared
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