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segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Como a extrema-direita vem demonizando o campo progressista — e por que precisamos desmistificar essa narrativa

Uma explicação clara, humana e direta para recuperar o sentido das palavras e resistir à desinformação

Nos últimos anos, o termo campo progressista tem sido alvo de ataques e distorções repetidas pela extrema-direita brasileira. Em vez de debater ideias, parte do discurso político se vale de rótulos fáceis, caricaturas e mentiras para enfraquecer propostas que defendem direitos, ciência e justiça social. Este texto vem para conversar com você — sem jargões, sem ideologias inacessíveis — e mostrar, em linguagem comum, o que realmente está por trás desse rótulo e por que a demonização é perigosa.

O que é, de fato, o campo progressista?

De maneira simples: o campo progressista reúne ideias, partidos e movimentos que acreditam que a sociedade pode melhorar com mais educação, ciência, diálogo e políticas públicas que promovam igualdade. Não é um monólito. É um espaço amplo — cheio de vozes diferentes — que defende, entre outras coisas, direitos sociais, igualdade de gênero e raça, proteção ao meio ambiente e o respeito às liberdades individuais.

Como a extrema-direita tem distorcido esse significado

A estratégia é quase sempre a mesma: transformar propostas complexas em frases curtas e assustadoras. Onde um projeto propõe acesso à saúde, a narrativa distorcida fala em "favorecimento" ou "privilégio". Onde se pede reforma na educação, a versão acusatória fala em "doutrinação". Isso funciona porque mensagens simples e repetidas criam receios — e medo vende bem em momentos de incerteza.

Resultado: o debate público perde qualidade. Em vez de discutir soluções concretas para o preço dos remédios, para a qualidade das escolas ou para a preservação ambiental, a conversa vira guerra de rótulos. E quem sofre são as pessoas que precisam de políticas práticas.

Por que essa demonização é perigosa

  • Desinformação: cria-se uma realidade paralela onde fatos e propostas são substituídos por versões interessadas.

  • Polarização: empurra a sociedade para um "nós contra eles" que impede soluções coletivas.

  • Enfraquecimento da democracia: quando se persegue ideias apenas por serem diferentes, a liberdade de pensar e debater fica ameaçada.

Não é apenas retórica — são consequências concretas: retrocessos em direitos, cortes em políticas públicas e menos espaço para diálogo.

Como desmistificar a narrativa — quatro passos práticos

Para além do discurso, há caminhos concretos. Aqui estão quatro maneiras simples e eficazes de enfraquecer a máquina da desinformação:

  1. Voltar ao conteúdo: leia a proposta em vez de acreditar no resumo distorcido. Pergunte: "o que exatamente este projeto propõe?"
  2. Cheque fontes confiáveis: busque informações em veículos reconhecidos, em documentos oficiais e em especialistas — não só nas redes sociais.
  3. Converse com as pessoas: explique sem agressividade. Histórias pessoais e exemplos do cotidiano (como escola, posto de saúde, transporte) ajudam a traduzir ideias abstratas em problemas concretos.
  4. Defenda o pluralismo: respeite que haja diversidade de opiniões. Democracia é lugar para discordar — mas também para argumentar com fatos.

O papel das lideranças e dos movimentos sociais

Lideranças políticas e movimentos sociais têm responsabilidade dupla: apresentar propostas sólidas e, ao mesmo tempo, falar para além das bolhas. É preciso chegar nas comunidades, nos bairros, nas cidades pequenas — mostrar como uma política pública se traduz no dia a dia de quem paga contas e cria filhos. Só assim a discussão deixa de ser um tabuleiro de xadrez para políticos e volta a ser uma conversa sobre a vida das pessoas.

Uma palavra final — sobre esperança e concretude

O combate à narrativa demonizadora não é apenas retórico: é prático. Exige paciência, clareza e compromisso com a verdade. O campo progressista, longe de ser uma ameaça, carrega uma aposta: a de que o futuro pode ser melhor quando as decisões públicas priorizam saúde, educação, ciência e respeito ao outro. Defender essa aposta é defender um Brasil em que as diferenças não são armas, mas riqueza; em que a política é instrumento para melhorar a vida das pessoas — não para dividir.

Se a extrema-direita tenta transformar ideias em inimigos, a melhor resposta é humana: explicar, mostrar exemplos, ouvir e construir pontes. Só assim vencemos a mentira com a razão e o cuidado, lembrando ao ser humano o verdadeiro sentido de ser humano, animal político por natureza.


Leia também: artigos do Pulso Eletromagnético sobre desinformação, direitos sociais, cidadania e alfabetização política.

domingo, 12 de outubro de 2025

Entre pontes e muros: como o feminismo pode reencontrar seu caminho e restaurar o diálogo com os homens

Reencontrar leveza, sentido e políticas públicas que unam — não dividam — gêneros, gerações, classes e afetos

Por Ronald Stresser | Pulso Eletromagnético

Passeata feminista - imagem meramente ilustrativa - Sulpost

Há um ruído novo no ar. Entre timelines inflamadas, slogans que se tornam trincheiras e jovens alimentados por bolhas digitais, o sonho de viver em igualdade reconquista terreno — mas também evidencia fissuras. Pela primeira vez em décadas, pesquisadores e ativistas notam um crescimento do machismo entre os mais jovens. O problema, complexíssimo, pede uma resposta que não seja um espelho do que denunciamos: não ganhar a disputa com ódio, mas perder o ódio.

O feminismo que se afasta das mulheres reais

A filósofa Nancy Fraser, referência em teoria política, aponta um diagnóstico duro: parte do feminismo contemporâneo passou a falar, principalmente, às mulheres muito privilegiadas. Fraser cunhou o termo neoliberalismo progressista para descrever como certas pautas identitárias se amalgamaram a agendas de elite, deixando na sombra a maioria das mulheres, ainda submersas em precariedade, falta de moradia, insegurança econômica e sobrecarga de cuidados.

Para Fraser, garantir o direito ao aborto — imprescindível — não basta se a mulher não tem renda, moradia digna, saúde ou creches. A autonomia reprodutiva exige políticas sociais robustas. A pergunta que ela faz é simples e política: o feminismo vai se restringir a bandeiras simbólicas ou vai retornar a uma ambição material — a de melhorar a vida real da maior parte das mulheres?

“Liberdade sem dignidade é uma liberdade mutilada.” — Nancy Fraser

A convivência perdida (e como reencontrá-la)

A filósofa britânica Nina Power traz outro ângulo necessário. Autora de What Do Men Want?, Power reclama que um discurso que pinta todos os homens como “tóxicos” cria uma atmosfera de beco sem saída. Segundo ela, o objetivo histórico do feminismo não foi demonizar — foi libertar: libertar mulheres e libertar homens dos papéis estreitos que os aprisionam.

Power propõe um remédio simples e profundo: recuperar a leveza no convívio entre os sexos. Menos suspeita generalizada, mais espaço para a brincadeira séria — conversas cara a cara, humor, curiosidade e pequenas gentilezas cotidianas. É a retomada do ócio criativo das relações humanas: olhar nos olhos, testar limites sem dano, dar-se à possibilidade de errar e reconciliar.

“Relacionamentos entre homens e mulheres podem ser divertidos, amigáveis, feitos de atenção e compaixão. Devemos abrir espaço para a brincadeira infinita que também é séria.” — Nina Power

O perigo digital: algoritmos que recriam ódios antigos

Laura Bates, fundadora do projeto Everyday Sexism, lançou um alerta que corta a superfície: o machismo do século 21 ganhou turbina digital. Bates testou algoritmos — criou um perfil de garoto jovem em redes sociais e, em minutos, o sistema passou a recomendar conteúdos misóginos e radicais. Ou seja: não é que a juventude seja intrinsicamente misógina; é que a tecnologia potenciam mensagens extremistas e as torna normativas para meninos que ainda estão se formando.

O reflexo prático é cruel: enquanto mulheres denunciam — e conquistam avanços legais importantes —, uma nova geração internaliza mensagens que desumanizam. A resposta não é calar as denúncias, mas acompanhar essas lutas com educação, presença e políticas públicas que ofereçam alternativas reais.

Como transformar diagnóstico em ação — e sem pânico

Se o feminismo pretende continuar sendo força transformadora, precisa cumprir três tarefas simultâneas:

  1. Reaproximação social: priorizar políticas de moradia, renda, saúde e educação — para que a autonomia seja material e não apenas simbólica.
  2. Reaprender a convivência: incentivar espaços públicos e privados de encontro cara a cara, oficinas, clubes comunitários e ações culturais que criem outro habitué relacional entre os gêneros.
  3. Educação digital: promover literacia midiática para jovens e famílias, responsabilizar plataformas e criar alternativas que não retroalimentem raiva e radicalização.

Nenhuma dessas medidas exige um salto messiânico. Exigem vontade política, cuidado cotidiano e medidas concretas: creches, política habitacional, currículos que ensinem ética e empatia digital, programas comunitários que incentivem o convívio intergeracional. Pedidos grandes, implementações possíveis — e urgentes.

Um convite para leitoras

Este texto é, sobretudo, um convite dirigido às leitoras: encontramos força quando escolhemos a clareza em vez da caricatura, a escuta em vez da sentença. Reconciliar não é renunciar à justiça — é ampliar a possibilidade de que a justiça alcance mais vidas. Envolver-se em política local, apoiar projetos que ofereçam abrigo e emprego para mulheres em risco, participar de rodas de conversa e escolas de pais — tudo isso são gestos feministas, práticos e transformadores.

O futuro do feminismo pode estar menos nas guarnições ruidosas das redes e mais nas mesas simples onde a gente come, conversa e decide. Ali se constroem pontes.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

As últimos palavras de Steve Jobs

As últimas palavras de Steve Jobs: uma reflexão que transforma vidas 

 

 

“Deitado na cama, doente, recordando minha vida, percebi que todo reconhecimento e riqueza se tornam insignificantes diante da morte iminente. Um relógio de 30 ou 300 dólares mostra a mesma hora. Um carro de 150 mil ou 5 mil dólares chega ao mesmo destino. Não eduque seus filhos para serem ricos, mas para serem felizes, para que conheçam o valor das coisas, não o seu preço. Trate sua comida como medicamento, ou você terá que ingerir remédios como se fossem alimentos. Quem te ama jamais te abandonará, mesmo que tenha cem motivos para desistir. Há uma grande diferença entre ser humano e simplesmente ser. Se quiser ir rápido, vá sozinho. Se quiser ir longe, vá acompanhado.”  

Essas palavras de Steve Jobs, um homem que construiu um império tecnológico e revolucionou o mundo, nos lembram que a essência da vida não está nos bens materiais ou nos feitos grandiosos, mas nas conexões humanas, no cuidado com a saúde e no propósito que damos ao nosso tempo.  

Jobs nos ensina que o valor da vida está em viver com significado, apreciar as pessoas que nos amam e buscar felicidade genuína, em vez de acumular riquezas. Na correria do dia a dia, muitas vezes esquecemos que é a simplicidade que traz paz e que o sucesso não tem valor se não vier acompanhado de bem-estar emocional e relacionamentos verdadeiros.  

Portanto, reflita sobre suas prioridades. Eduque pelo exemplo, valorize o tempo com quem você ama e invista naquilo que realmente importa: sua saúde, sua felicidade e o impacto positivo que você pode deixar no mundo. A verdadeira riqueza é viver plenamente.