Prof. Osmani Ferreira da Costa |
Osmani Costa: “A falta de bibliografia na área nos levou a recorrer a jornais e muitas entrevistas com diretores e ex-diretores de televisão”
Reconstituir e interpretar, historicamente, as relações políticas estabelecidas entre empresários de comunicação social e o Executivo Federal que resultaram em concessões para a implantação e o funcionamento de 12 emissoras e de três redes regionais de televisão no Paraná, de 1954 a 1985, foi o tema da tese de doutorado do professor do curso de Jornalismo (CECA), Osmani Ferreira da Costa, apresentada à UNESP de Assis, sob orientação do professor Áureo Busetto.
Uma das conclusões de sua pesquisa foi que “apenas as duas concessões de Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo – considerado o pai da televisão brasileira, um dos personagens mais influentes do Brasil nos anos 1940 e 50, presidindo o extinto império das comunicações Diários e Emissoras Associados – não dependeram, no Paraná, de apoio político do Palácio Iguaçu para sua implantação”.
Para Osmani Costa, o ano de 1954 marca o início das primeiras experiências televisivas no Paraná, em Curitiba. E, 1985, o marco cronológico final – registra a inauguração da terceira e última emissora do primeiro e maior grupo paranaense beneficiado por concessões do regime militar (1964-1985), o do ex-governador Paulo Pimentel. “O fato fecha o ciclo original relacionado aos dois principais problemas que nortearam meu estudo: a política de concessões de canais e a regionalização da TV no Paraná”, explica.
Em sua pesquisa “A televisão e o palácio: concessões e desenvolvimento das emissoras e redes televisivas no Paraná”, o professor reforça que a efetiva instalação da TV no Paraná coincidiu com o fim dos anos dourados da agricultura paranaense na década de 1960. E também com o início do processo de urbanização, industrialização e implantação da rede prestadora de serviços nas médias e grandes cidades paranaenses, nas décadas de 1970 e 1980. “A esta situação soma-se o fato de que, na mesma época, o país conviveu com o regime militar por 21 anos. Nos anos de 1960, os mais movimentados na história do setor televisivo paranaense, cinco emissoras entraram em operação. Das 12 TVs inauguradas no período de 25 anos, quatro foram instaladas em Curitiba e duas em Londrina, e as demais seis emissoras em: Apucarana, Ponta Grossa, Maringá, Cascavel, Cornélio Procópio e Foz do Iguaçu”, destaca Osmani Costa.
RÁDIO - O professor ressalta a importância do rádio no processo de implantação da televisão, não só no estado como em todo o país: “O sistema de radiodifusão contribuiu com os recursos humanos especializados necessários à implantação e ao funcionamento da TV, oferecendo técnicos de som, programadores, redatores, radioatores, radioatrizes, locutores-apresentadores e outros profissionais”. Ele cita também a importância do papel político dos jornais nas negociações que levaram os grupos paranaenses de comunicação a conquistarem as suas concessões de TV.
Osmani Costa lamenta que, apesar de a TV ocupar o lugar de principal fonte de entretenimento, lazer e de informação para a maior parte da população brasileira, no Paraná não passam de meia dúzia os livros que registram a trajetória da televisão, sendo que dois deles foram produzidos por historiadores. Então, para elaborar sua tese de doutorado, ele recorreu aos três jornais diários – Folha de Londrina, Gazeta do Povo e O Estado do Paraná –, fez nove entrevistas com diretores e ex-diretores de emissoras televisivas e de jornais. Entre eles, Ronald Sanson Stresser, o ex-governador Paulo Pimentel, Oscar Martinez, o ex-arcebispo de Maringá, D. Jaime Luiz Coelho e o ex-diretor da Folha de Londrina, Walmor Macarini. O professor também pesquisou documentos da legislação a respeito do sistema de concessão de canais, baseada no Código Brasileiro de Telecomunicações a partir de 1962.
Ele destaca em sua tese o pioneirismo do Paraná no setor de Telecomunicações: “Em 1963 ganhamos a segunda televisão do interior do País e a primeira do interior do estado: a TV Coroados, de Londrina. Ela nasceu ligada à Rede Tupi, de Assis Chateaubriand, e foi concedida por decreto assinado pelo então presidente Jânio Quadros, em 1961. Mais tarde passou para o comando do grupo liderado pelo empresário curitibano Adherbal Stresser, posteriormente, foi para as mãos do ex-governador Paulo Pimentel, depois para Oscar Martinez e, finalmente, para o Grupo RPC-TV. Em sua dissertação de mestrado, o professor pesquisou a história do Rádio em Londrina, que virou livro lançado pela Eduel. Com essas duas pesquisas, Osmani Costa traz uma grande contribuição à história da imprensa do Paraná.
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