Você já se sentiu intimidado na escola? Nos Estados Unidos, as
chances são de que quase todos os adultos tenham experimentado isso em
algum momento da vida: cerca de 80% de todas as crianças
norte-americanas contam terem sido assediadas por seus pares. Já no caso
do Brasil, os números não são tão alarmantes, mas ainda são dignos de
atenção.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE)
2012, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), 7,2% dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental afirmaram
que sempre ou quase sempre se sentiram humilhados por provocações dentro
da escola, e 20,8% praticaram algum tipo de bullying contra os colegas
nos 30 dias anteriores a pesquisa. A grande diferença entre os números
aponta que este tipo de ação é normalmente realizada em grupo,
geralmente contra uma única pessoa.
Porém, o bullying moderno vai muito além de ficar chateado na escola:
10. Ele destrói suas futuras perspectivas de emprego
A
velha visão da escola padrão diz que o bullying é uma “parte natural do
crescimento”, algo que deixamos para trás quando nós chegamos à vida
adulta e ao mundo do trabalho. Contudo, uma pesquisa sugere que não só
isto é falso, mas também que sofrer bullying pode garantir que a vítima
nunca sequer comece a trabalhar.
Em 2013, um grupo de
pesquisadores decidiu conferir o que alguns jovens adultos que tinham
sido incluídos em um estudo de bullying uma década e meia atrás estavam
fazendo da vida. Em seus vinte e poucos anos, o grupo cresceu e
aparentemente mudou. Entretanto, quando os médicos responsáveis pelo
estudo foram um pouco mais fundo, encontraram alguns resultados
chocantes. Aqueles que tinham sido vítimas de bullying no Ensino Médio
eram quase duas vezes menos propensos a manter um emprego do que aqueles
que não foram intimidados.
Sem nenhuma surpresa, isso teve um
efeito dominó sobre as finanças das vítimas. Os indivíduos que tinham
sofrido bullying eram muito mais propensos a viver em situação de
pobreza e fazer más decisões financeiras. A cereja desse bolo deprimente
é que eles também tendem a sofrer de problemas de saúde, levando a
dívidas crescentes.
9. Danifica a sua saúde mental
Quantos
de vocês ainda lembram dos piores momentos de sua infância? Aquele vez
em que você molhou as calças quando estava velho demais ou quando foi
completamente humilhado por um professor arrogante? Agora imagine ter
esse sentimento em relação a toda a sua infância. Seria destruidor,
certo?
Se levarmos em conta pesquisas recentes, a resposta é um
sonoro “sim”. Como outra etapa do estudo que citamos anteriormente, os
pesquisadores observaram os efeitos em saúde mental a longo prazo do
bullying na infância. Adultos que foram intimidados na escola sofreram
níveis incapacitantes de ansiedade e agorafobia, além de serem propensos
a graves ataques de pânico. Enquanto isso, aqueles que responderam ao
bullying tornando-se bullies também eram propensos a depressões
terríveis e sentimentos de pânico. Em suma, a crueldade que tinha
acontecido até 15 anos antes ainda estava causando estragos na vida das
suas vítimas.
8. Pode colocar você em problemas com a lei
Não
é nenhum segredo que o bullying às vezes foge tanto ao controle que as
autoridades são chamadas para lidar com o caso. Contudo, embora possamos
esperar que os valentões passem por encontros negativos com a lei,
surpreendentemente, suas vítimas muitas vezes experimentam a mesma
coisa.
De acordo com vários estudos, ser intimidado a longo prazo
quando criança aumenta suas chances de ser preso. Um estudo estimou que
quase um quarto de todas as crianças que sofrem bullying vão acabar em
uma cela em algum momento.
O problema é que a infância tardia e
início da adolescência são os momentos em que estamos destinados a
aprender habilidades sociais e como ser parte da sociedade. Se gastarmos
todo esse tempo apanhando e ouvindo ofensas, se juntar à sociedade já
não parece uma conquista desejável. Crianças que são maltratadas a longo
prazo se fecham. Elas se desconectam do mundo à sua volta e se tornam
tristes, irritadas e amargas. Toda essa a raiva e amargura tendem a sair
quando chegam à idade adulta, resultando em brigas, pequenos crimes e
até mesmo algum tempo na prisão.
7. Afeta toda a economia
Não
são apenas aqueles que foram vítimas deste tipo de intimidação que têm
de viver com as consequências dela. De acordo com pesquisas recentes, o
bullying afeta a todos nós, quer estejamos envolvidos ou não. Nos EUA, a
violência juvenil custa à economia US$ 158 bilhões dólares a cada ano.
Este
valor foi encontrado pela Plan International, uma instituição de
caridade dedicada aos direitos das crianças. Eles calcularam o dinheiro
público desperdiçado por crianças assustadas não indo à escola e ganhos
futuros perdidos para aqueles que abandonam os estudos para escapar de
seus agressores. A instituição ainda ressalta que esta é apenas uma
estimativa: o número real é provavelmente muito maior. Isso significa
que os Estados Unidos perdem quase o dobro do orçamento da educação
federal, anualmente, para o bullying.
6. Aumenta a violência sexual
A
maioria de nós consideraria o bullying na infância e a violência sexual
na adolescência coisas completamente diferentes. Contudo, um estudo
conjunto entre o Centro de Controle de Doenças e a Universidade de
Illinois (ambos dos EUA) diz o contrário. De acordo com a pesquisa, há
uma diversas evidências de uma relação entre violência sexual e
bullying.
No estudo, foram considerados “violência sexual” atos
como puxar roupas tentando expor alguma parte do corpo, assim como
apalpar ou segurar genitais. Felizmente, apenas uma pequena minoria das
crianças parecia sair do bullying para avançar para qualquer uma dessas
coisas. Mas os pesquisadores também observaram que os problemas pioram à
medida que as crianças ficam mais velhas, culminando em coisas bem mais
sérias. Os valentões às vezes “transplantam” seus impulsos sexuais em
suas vítimas, enquanto alguns meninos (desta vez, que foram vítimas do
bullying) ficam tão assustados com a ideia de serem gays que assediam
sexualmente meninas para provar sua heterossexualidade.
5. Nos torna suscetíveis ao suicídio
Estudos
afirmam que adolescentes que sofrem com gozações são cerca de 2,5 vezes
mais propensos a tentar se matar. Entretanto, o que é menos conhecido é
que este risco permanece com você ao longo da vida. Em 2007, um estudo
britânico descobriu que adultos que tinham sido vítimas de bullying na
escola eram duas vezes mais propensos a tentar o suicídio na vida
adulta.
O estudo incluiu mais de 7 mil pessoas, indo desde jovens
adultos até idosos. A pesquisa foi especificamente controlada para
outros fatores, como abuso sexual na infância, pais violentos e
adolescentes que fugiram de casa. No entanto, os autores concluíram que o
bullying por si só poderia causar um aumento significativo no risco de
suicídio enquanto adultos.
Em essência, o bullying fica com você.
E o que parece ser um pouco de diversão inofensiva na escola poderia,
na realidade, ser uma sentença de morte a longo prazo.
4. Prejudica todos os envolvidos
Até
agora, focamos principalmente na bagagem à qual as vítimas ficam presas
ao longo da vida, porém os próprios bullies também podem sofrer.
Em
quase todos os índices importantes, os valentões se saem tão mal quanto
ou ainda pior do que suas vítimas. Eles são mais propensos a se
envolver em comportamentos de risco, ter resultados financeiros
negativos e sofrer com problemas sociais quando adultos. O único ponto
em que eles vão melhor do que as suas vítimas é na saúde e, mesmo assim,
o resultado é pior do que aqueles que nunca se envolveram com bullying.
Então,
o que está acontecendo? Este é apenas um sintoma do clássico caso do
valentão sofredor, no qual uma criança desconta sua dor interior
violentando outras? Talvez. Mas estudos têm mostrado que muitas crianças
normais, sem problemas sérios, também se tornam bullies.
Inacreditavelmente, pode ser que o simples ato de praticar o bullying
mexe com o autor da violência, tanto quanto com a vítima.
3. Nós não podemos resolvê-lo
Nesse
momento, você deve estar se sentindo um pouco deprimido. No entanto,
pelo menos há um raio de luz no final do túnel. É só colocar dinheiro
suficiente em campanhas anti-bullying e tudo vai ser resolvido, certo?
Bem, desculpe desapontá-lo ainda mais, mas a Universidade de Arlington
(EUA) diz o contrário.
Em um estudo publicado no “Journal of
Criminology”, os pesquisadores examinaram mais de 7 mil crianças em 195
escolas diferentes, com e sem programas anti-bullying. As escolas com
procedimentos de prevenção ao bullying apresentavam maiores taxas de
bullying do que aquelas sem. De acordo com os autores do estudo, coisas
como “semana anti-bullying” não apenas despertam as crianças para o
conceito de implicar com os outros, mas também involuntariamente lhes
dão informações sobre como se esquivar do castigo depois.
Porém,
nem toda a esperança está perdida. Os pesquisadores sugerem que
programas mais sofisticados poderiam ajudar a identificar a dinâmica
valentão-vítima e criar políticas de prevenção sob medida. Contudo, a
não ser que um monte de pessoas estejam dispostas a dar muito dinheiro
para estes projetos, eles provavelmente nunca sairão do papel.
2. Crianças recompensam os seus agressores
Se
nós, adultos, somos impotentes para ajudar as crianças vítimas de
bullying, é tentador pensar que talvez os nossos próprios filhos possam
fazer a diferença. Só espere sentado: um estudo recente da Universidade
da Califórnia em Los Angeles (EUA) revelou que, quanto mais praticam
bullying, mais populares as crianças do ensino fundamental ficam.
Isso
cria um problema enorme para os ativistas. Se as crianças associam ser
um valentão a ser o mais legal da sala e resistir ao bullying com
apanhar e perder seu lanche, então elas sempre vão ficar do lado dos
valentões. Na verdade, apenas 2% das crianças universalmente adoradas em
qualquer série e 2% de crianças universalmente desprezadas parecem
imunes à necessidade de intimidar, de acordo com o estudo. Para todos os
outros, agir como um idiota total é uma fórmula garantida de escada
social.
1. É da natureza humana
Toda
sociedade na história da humanidade teve valentões, de uma forma ou de
outra. Se você quer colocar a culpa em algo, não precisa ir além da
evolução.
O bullying existe em todo o reino animal e, em
primatas, tem uma função muito específica. Os chimpanzés ou macacos que
não conseguem obedecer a uma dinâmica de grupo podem colocar em perigo
todos à sua volta – ou pelo menos tornar o grupo menos eficaz em
sobreviver. Então, um pouco de bullying pode manter os primatas rebeldes
na linha.
Os seres humanos não precisam mais da estrita
conformidade e total cooperação para sobreviver, mas a nossa vontade de
zoar os outros permanece. A coisa toda é nada mais do que um retrocesso,
um apêndice séptico envenenando todo o corpo da humanidade. E nós
estamos presos a ele [Listverse, Veja, IBGE].
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