Por Marcelo Pimenta e Silva em 13/12/2011 na edição 672
Redes sociais contra a censura
Numa sociedade em que o indivíduo passa a ser um híbrido entre homem e máquina, apresenta-se um cenário em que as redes sociais redefinem as relações dos atores sociais com a política.
As revoluções que explodem em sequência, seja em territórios dominados por regimes totalitários ou em países em crise econômica, trazem em comum como elemento propulsor a união pela reivindicação divulgada via internet.
As revoluções que explodem em sequência, seja em territórios dominados por regimes totalitários ou em países em crise econômica, trazem em comum como elemento propulsor a união pela reivindicação divulgada via internet.
Esse questionamento é deflagrado por movimentos oriundos da internet numa revitalização contracultural do ativismo dos anos 1960 e 70. Neste último exemplo, o que temos é a utilização das ferramentas tecnológicas de comunicação que, a partir do ciberespaço, como entendem alguns teóricos, produz uma nova concepção de sociedade, a sociedade midiatizada do século 21.
Tecnologias de comunicação desenvolvidas da convergência entre as telecomunicações e a informática originária nos anos 1970. Porém, esse novo formato de sociedade não é apenas um desenho de sociedade com base apenas na informática, mas o exemplo da relação entre as novas formas sociais surgidas na década de 1960 (a sociedade pós-moderna) e as novas tecnologias digitais.
Tecnologia como intermediária
Com isso, a sociedade global se caracteriza nas manifestações de ruptura social empregada no que ficou conhecido como contracultura. Um período em que a própria concepção de fazer política foi reformada pelos interesses individuais, ou seja, pela política partidária e ideológica, sofrendo um grave declínio, foram pautadas a partir de movimentos urbanos, novas políticas que produziam novas reivindicações como a questão ambiental, de gênero, racial e étnica.
Na consolidação dessa sociedade dita pós-industrial e plenamente midiatizada, temos um retrato fragmentado em múltiplos universos representativos do que seria uma “sociedade global” conectada no espaço virtual da internet. Um campo libertário e democrático para ideias, discursos e mensagens, que pode resultar numa força propulsora para redefinições políticas na sociedade “real”.
O psicólogo e pesquisador Rafael Brignol, que desenvolve estudos de psicologia social na observação dos meios de comunicação, compreende as redes sociais como uma “saída” por onde escapam pensamentos e onde ideias são articuladas na relação homem-máquina-homem porque a tecnologia atua como intermediária entre as pessoas, daí a identificação dos atores sociais em um determinado grupo ou “tribo”, como apontava Maffessoli em seus textos teóricos.
Redes sociais contra a censura
A possibilidade de não haverem barreiras para ações que visem a objetivos de comunidades e grupos próprios, fechados em interesses comuns, torna a internet um espaço plural de vozes e ideias sem limites geográficos ou obstáculos, como a censura e a repressão. Neste 2011, a queda de governos ditatoriais no mundo árabe foi um exemplo do alcance das mobilizações sociais que nascem no campo virtual e se transmutam em reivindicações na esfera pública tradicional.
Portanto, esse instrumento, sem o vínculo com os poderes público e econômico e os padroões tradicionais de edição e transmissão, como os outros meios de comunicação, faz com que a informação possa estar ao alcance de qualquer pessoa, metamorfoseando o antigo “receptor” em agente na produção de informação, um poder que foi “revolucionário” neste ano.
Portanto, esse instrumento, sem o vínculo com os poderes público e econômico e os padroões tradicionais de edição e transmissão, como os outros meios de comunicação, faz com que a informação possa estar ao alcance de qualquer pessoa, metamorfoseando o antigo “receptor” em agente na produção de informação, um poder que foi “revolucionário” neste ano.
Um poder que reage a qualquer forma de opressão e que, com o uso doméstico da tecnologia, proporciona a mais pessoas a possibilidade de produzir informação, distante dos “aspectos formais” mas de alto impacto funcional, ao denunciarem e exporem uma realidade antes mediada conforme os padrões de uma sociedade regida por governos ditatoriais.
O exemplo dessa revolução pela informação começou na Tunísia, onde o governo de Ben Ali tentou, como fazia há mais de vinte anos, usar da censura para silenciar as reivindicações do povo. A dominação do governo aos jornais e emissoras de rádio e TV ocorre em muitos países, árabes ou não. Contudo, a internet, e principalmente as redes sociais, fizeram com que mais pessoas compartilhassem a revolta pela situação em que viviam.
Dessa forma, vivendo na “era da informação”, o homem produz uma cultura modificada e global em que seu corpo está atrelado à máquina e suas manifestações políticas já não já não são dependentes apenas de uma voz em espaços locais, mas compartilhadas em redes que tornam todo o mundo num só espaço midiatizado.
O poder ditatorial utilizou da velha arma da censura para tentar manter a “ordem”. Quando a censura chegou à internet, com o bloqueio de sites como o YouTube, a revolta já tinha saído do campo virtual e ido para o campo “real”. O Facebook permaneceu acessível na rede mundial e foi através do compartilhamento de imagens que se espalharam pelo mundo que se conheceu a repressão policial, que deixou 60 mortos e centenas de feridos e a revolução ganhou ainda mais respaldo.
Logo, num efeito dominó, típico da velocidade de informação atual, outros países aderiram aos protestos motivados pela internet e a propagada “primavera árabe” – referência da mídia à primavera de 1968, quando inúmeros movimentos sociais eclodiram no mundo – floresceu em mudanças políticas e sociais na região, influenciando, atualmente, revoltas de outros povos.
Logo, num efeito dominó, típico da velocidade de informação atual, outros países aderiram aos protestos motivados pela internet e a propagada “primavera árabe” – referência da mídia à primavera de 1968, quando inúmeros movimentos sociais eclodiram no mundo – floresceu em mudanças políticas e sociais na região, influenciando, atualmente, revoltas de outros povos.
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