Em 2 de setembro de 1859, uma incrível tempestade de partículas carregadas enviadas pelo sol bateu na atmosfera da Terra, dominou-a e causou estragos no solo. Os fios de telégrafo, o material de alta tecnologia da época, entraram em curto-circuito repentinamente nos Estados Unidos e na Europa, provocando incêndios generalizados. A aurora boreal, normalmente visível apenas nas regiões polares, era vista tão ao sul quanto Cuba e Havaí.
O campo magnético da Terra normalmente protege a superfície do planeta de algumas tempestades. Em 1859, as defesas do planeta estavam totalmente sobrecarregadas. Durante a última década, tempestades semelhantes, mas menos poderosas, também se espalharam, dando aos cientistas uma visão do que eventualmente acontecerá novamente.
A perspectiva não é rósea
A tempestade solar de 1859 foi três vezes mais poderosa do que uma que cortou a energia de toda uma província canadense em 1989. Especialistas dizem que, se acontecesse hoje - e poderia - o resultado poderia ser impensável.
Se uma tempestade tão grave ocorrer hoje, poderia causar até US$ 2 trilhões em danos iniciais por incapacitar as comunicações na Terra e alimentar o caos entre os moradores e até governos em um cenário que exigiria de quatro a dez anos para recuperação, segundo um relatório da Academia Nacional de Ciências. Em comparação, o furacão Katrina infligiu algo entre US$ 80 bilhões e US$ 125 bilhões em danos.
A boa notícia é que os astrônomos sabem com o que estão lidando um pouco mais hoje em dia e têm a capacidade de prever tempestades solares, com a ajuda de naves espaciais que observam o sol.
As tempestades se originam - ainda em grande parte imprevisivelmente - de manchas solares. Uma vez que as manchas entrem em erupção, uma onda inicial de radiação atinge a Terra em apenas alguns minutos. As piores erupções desencadeiam outra nuvem de partículas carregadas que se projetam para fora do sol e levam de 18 a 36 horas para chegar até nós; elas podem ser observadas e avaliadas no caminho, permitindo previsões relativamente precisas do tempo de chegada e potência.
Avisos antecipados permitem que as principais estações de comutação da rede elétrica sejam desligadas para proteção. Satélites que poderiam ser eliminados por um curto-circuito são colocados no modo de suspensão.
Temos que agradecer a tempestade de 1859 por inaugurar a era da previsão de tempestades solares.
"A causa de tudo isso [em 1859] foi uma extraordinária explosão solar testemunhada no dia anterior pelo astrônomo britânico Richard Carrington", segundo a Spaceweather.com. "Seu avistamento marcou a descoberta de explosões solares e prenunciou um novo campo de estudo: o clima espacial".
O sol opera em um ciclo de atividade de 11 anos... mas o sol é imprevisível, e mesmo durante um período leve de atividade - como agora - as grandes erupções podem provocar tempestades colossais.
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Fonte: Space.com | 150 Years Ago: The Worst Solar Storm Ever - Imagem: SOHO/NASA/ESA
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