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terça-feira, 29 de junho de 2010

Golfo do México :: Furacão e derramento de óleo, uma mistura perigosa




Com a chegada do verão no hemisfério norte, começa também a temporada de furacões no Golfo do México. Se um furacão se encontrar com o petróleo derramado pela BP no Golfo, cientistas norte-americanos dizem que o resultado pode ser devastador. Segundo estes estudiosos o problema não é só o risco de um furacão levar o petróleo para os rios e lagos próximos a costa, a presença do petróleo também pode contribuir para a formação de furacões mais poderosos.

Até o momento as consequencias são imprevisiveis, pois jamais houve registro de um furacão cruzar com um grande derramamento de petróleo. A temporada de furacões começou dia 1º de julho com prognósticos metereológicos de que seja mais intensa que o habitual. Ao mesmo tempo o petróleo continua a jorrar nas profundezas do Golfo do México desde o dia 20 de abril, quando explodiu a plataforma Deep Horizon.

Desde que a plataforma de exploração em águas profundas da BP afundou, em 5.000 metros de água, o óleo vem se acumulando na superfície. Segundo Kerry Emanuel, especialista em furacões do MIT (Massachusetts Institute of Technology), isso pode aumentar a temperatura da superfície da água considerávelmente, "Você tem esta superfície negra, e ele está fazendo duas coisas", diz Emanuel, "Primeiro de tudo, é absorver a luz solar. E em segundo lugar, é cercear a evaporação no Golfo". A evaporação ajuda a resfriar as águas do Golfo. Emanuel diz também que "Então, teoricamente, o Golfo debaixo deste mancha de óleo deve estar recebendo mais calor do que normalmente receberia... E a água quente ajuda a criar furacões mais poderosos".

No momento o grande desafio para os cientistas está sendo justamente calcular com precisão o quanto as águas estão ficando mais quentes, porque o óleo impede que os satélites realizem as leituras de temperatura com precisão.

Impacto ambiental

Cientistas ambientais já estão prevendo que o petróleo derramado irá danificar a vegetação dos charcos litorâneos. E o dano pode ser pior ainda se um furacão levar o petróleo para terras molhadas ou manaciais da costa oeste da Flórida. "Isso é uma grande preocupação", diz Emanuel, "Os furacões seriam muito eficazes em dispersar a mancha de petróleo e em espalha-la novamente nas redondezas".

Outros cientistas dizem que a severidade do dano pode depender de tempo.

Um furacão pode até ser benéfico, se ele chegar antes que o óleo tenha a chance de atingir as regiões costeiras, diz Irving Mendelssohn, da Louisiana State University, que estuda a ecologia na vegetação costeira da Louisiana. "É muito possível que o furacão tenda a dissipar e dissolver o óleo mais rápido", diz ele, pois um furacão poderia diluir as substâncias tóxicas e minimizar os danos à vegetação. Mas Mendelssohn também alerta que pode haver mais danos se um furacão chegar depois de o petróleo ter atingido a costa. "Então, os resultados do furacão causariam maior degradação nas zonas de charcos", diz ele, "porque o Pantanal já perdeu sua vegetação e já está em estado degradado".

Os pântanos são compostos de plantas rudimentares, e geralmente se recupera de um único encontro com o petróleo, especialmente os menos tóxicos envolvidos no derramamento, diz Mendelssohn. Seu grande receio é de que as correntes de uma combinação de furacões, dos oceanos e do derramamento em curso, cubram as mesmas plantas do pântano com óleo, repetidamente, por várias vezes seguidas. "Esse tipo de re-lubrificação pode matar as plantas completamente", diz ele, destruindo a região pantaneira, e deixando a costa sem uma defesa fundamental contra a devastação dos furacões.

Fonte: http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=127036434 - Tradução/Edição: RSSJ - Imagem: Jeff Schmaltz/MODIS Land Rapid Response Team at NASA/GSFC: Furacão Katrina cruzando partes de 16 estados norte-americanos, em 29 de agosto de 2005.

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