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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Deus :: Receita à vida





Definição de Deus por Spinoza*

“Para de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.

Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Para de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.

Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Para de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria.

Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho… Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Para de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio.

Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?

Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?

Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade?

Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti.

A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.

Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre.

Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho.

Vive como se não o houvesse.

Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir.

Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não.

Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste… Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Para de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar.

Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.

Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Para de louvar-me!

Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.

Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.

Te sentes olhado, surpreendido?… Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Para de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.

A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.

Para que precisas de mais milagres?

Para que tantas explicações?

Não me procures fora!

Não me acharás.

Procura-me dentro… aí é que estou, batendo em ti."








Baruch de Espinoza (24 de novembro de 1632, Amsterdã — 21 de fevereiro de 1677, Haia) foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. 

Nasceu em Amsterdã, nos Países Baixos, no seio de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. Chamado pelos país Bento, chamou-se Baruch enquanto que judeu nascido e vivendo em Amsterdã e finalmente utilizou Benedictus para assinar a sua Ethica depois do chérem em seu nome. 

Benedito Espinoza; em hebraico: ברוך שפינוזה, transl. Baruch Spinoza.


terça-feira, 29 de abril de 2014

Meritocracia, a grande mentira



Em uma sociedade que tem por regra a desigualdade, o acesso aos bens materiais e culturais reflete muito mais a falta de oportunidades do que a incapacidade.

Quando intelectuais, imprensa e classe média em geral discutem o acesso aos bens materiais e culturais falam, quase sempre, da necessidade imperiosa de se implantar uma meritocracia no país. Afirmam que falta um sistema que privilegie o mérito e as pessoas que efetivamente trabalham.

DAR O PEIXE OU ENSINAR A PESCAR?

Vulgarizado ditado popular “se deve ensinar a pescar e não dá o peixe” vem na ponta da língua.

Todavia, eles esquecem:

Em primeiro lugar, que “o peixe” nunca é dado. Não se trata de meramente mudar de mãos ou transportar uma riqueza (ainda que seja a riqueza cultural) de um lado para outro. 

Não se trata do governo, em mero voluntarismo, ter a vontade de retirar de quem tem mais para passar a quem tem menos. Não existe distribuição de renda (ou de riqueza cultural), pois tal parte do pressuposto que a renda/cultura está disponível, e tudo pode ser apropriado a “A”, “B” ou Grupo “C”, basta garantir acesso à riqueza cultural... 

Ledo engano! A renda e os bens culturais estão apropriados, daí que o correto é falar em redistribuição, que caracteriza a existência de um conflito social.

Em segundo lugar, que quando tomamos a iniciativa de redistribuir renda e riqueza cultural, o nosso ponto de partida já não é o “marco inicial”. Já temos uma história, já existe um caminho anteriormente percorrido. É aqui que entra a questão sobre igualdade de oportunidades e as políticas afirmativas (algumas vezes conhecida por uma de suas espécies, as cotas).

Em terceiro lugar, que se envolveram em um círculo vicioso, pois retomam o argumento que faz desaparecer as variáveis sociais como origem, posição social, econômica e poder político. Retornam a meritocracia. 

Sem dúvida que há acerto na meritocracia quando ela rejeita o conjunto de valores que formam privilégios hereditários e corporativos e, ao contrário, avalia e valoriza independentemente da trajetória familiar e biografia social. Todavia, a meritocracia refere-se a uma das mais importantes ideologias modernas, uma vez que é o principal critério de hierarquização social.


Explica-se:


Ao se defender a proeminência dos melhores, a meritocracia constitui um paradoxo, que muitas vezes a transforma do tradicional remédio contra os privilégios e discriminação em critério de discriminação social. É que nos dias atuais, de modo geral, ela está associada quase que exclusivamente a uma aristocracia de talento, de intelecto, composta de acadêmicos, produtores de conhecimento, elites gerenciais, profissionais liberais etc. Ou seja, meritocracia e aristocracia, de princípio, são elementos antagônicos.

E mais, estamos diante de uma repaginada do pensamento platônico, que como se sabe, não é lá muito democrático (para o próprio conceito de democracia da Grécia clássica).

Lógico que não se trata de uma mera colagem do pensamento platônico aos dias atuais. É pior! Se a meritocracia é uma conquista do indivíduo moderno desde a revolução francesa (para termos um marco inicial), a sua versão contemporânea é entubada com a visão de mundo thatcheriana e reaganiana de combate ao Estado providência e a atribuição de responsabilidade coletiva pelos destinos dos menos favorecidos, ao enfatizarem que “o mundo não deve nada a ninguém” e que cada um deve receber na devida proporção de seu próprio esforço e capacidade. Isto é, pura ideologia para reafirmar o desempenho como único critério legítimo de ordenação da sociedade.

O discurso pôs sobre os ombros dos indivíduos a responsabilidade exclusiva pelos resultados de suas vidas, ignorando quaisquer outras variáveis, independentemente do contexto.

Considere aqui que o pressuposto dessa ideologia é que as capacidades são distribuídas aleatoriamente entre os membros da sociedade. Não existe obra humana que, previamente, estabeleça, limite, condicione, amplie ou impeça tais distribuições. Assim, uma vez dada as capacidades e talentos, o indivíduo é responsável pelo seu ”sucesso” ou “fracasso”. Ocorre que as sociedade hierárquicas e tradicionais sempre reconheceram “a distribuição aleatória das capacidades”, sem que isso conduzisse a uma concepção igualitária de sociedade.


Isto faz lembrar Antônio Cândido “que, envolvendo o problema da desigualdade social e econô­mica, está o problema da intercomunicação dos níveis culturais.

Nas socieda­des que procuram estabelecer regimes igualitários, o pressuposto é que todos devem ter a possibilidade de passar dos níveis populares para os níveis eruditos como consequência normal da transformação de estrutura, prevendo-se a ele­vação sensível da capacidade de cada um graças à aquisição cada vez maior de conhecimentos e experiências.

Nas sociedades que mantêm a desigualdade co­mo norma, e é o caso da nossa, podem ocorrer movimentos e medidas, de cará­ter público ou privado, para diminuir o abismo entre os níveis e fazer chegar ao povo os produtos eruditos. Mas, repito, tanto num caso quanto no outro está implícita como questão maior a correlação dos níveis. E aí a experiência mos­tra que o principal obstáculo pode ser a falta de oportunidade, não a incapacidade”(1).


#DICA
LEITURA COMPLEMENTAR: O Faz de Contas da Meritocracia- Este livro em quadrinho ilustra de forma bem didática o conceito de Meritocracia. Clique aqui para acessar e/ou fazer o download.

___________
Texto: colaborador do blog um quê de Marx: Sociedade, Poder e Direito na Contramão 
Referência: (1) CANDIDO, Antônio. "Direitos humanos e literatura". In FESTER, Antônio Carlos R. (org.) Direitos humanos e... São Paulo, Brasiliense/Comissão Justiça e Paz de S. Paulo, 1989. p. 123-124.

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sábado, 26 de abril de 2014

Papa Francisco :: Não à idolatria do dinheiro




"...alguns defendem ainda as teorias da «trickle-down» que pressupõem que todo o crescimento econômico, favorecido pelo livre mercado, consegue por si mesmo produzir maior equidade e inclusão social no mundo. Esta opinião, que nunca foi confirmada pelos fatos, exprime uma confiança vaga e ingenua na bondade daqueles que detêm o poder econômico e nos mecanismos sacralizados do sistema econômico reinante. 

Entretanto, os excluídos continuam a esperar. Para se poder apoiar um estilo de vida que exclui os outros ou mesmo entusiasmar-se com este ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença. 

Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe. A cultura do bem-estar anestesia-nos, a ponto de perdermos a serenidade se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espetáculo que não nos incomoda de forma alguma..."


"In this context, some people continue to defend trickle-down theories which assume that economic growth, encouraged by a free market, will inevitably succeed in bringing about greater justice and inclusiveness in the world,” ~Pope Francis wrote

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terça-feira, 22 de abril de 2014

Drogas :: Não, a Maconha não vai apodrecer seu cérebro!




THE DAILY BEAST - 17/04/2014
Por Maia Szalavitz, jornalista especializada em neurociências


Por toda a Internet, as manchetes estão vociferando que maconha prejudica o cérebro. Mas o novo estudo, publicado no Journal of Neuroscience, não prova que o uso ocasional de maconha é ruim para o cérebro.

Para entender por que, tudo o que você precisa fazer é realmente ler a pesquisa e ser capaz de pensar criticamente. Você não precisa saber nada especial sobre fMRI ou quaisquer outras siglas assustadoras, e você não precisa ser um conhecedor das estruturas cerebrais. Você nem precisa entender todas as estatísticas.

Aqui está o primeiro grande problema. Os 20 usuários de maconha participantes, que usaram a droga pelo menos uma vez por semana, foram propositalmente escolhidos por ser saudáveis. Os que apresentaram algum problema relacionado à maconha ou problemas psiquiátricos ou outras questões foram excluídos do estudo.

Você está começando a ver o que está errado? Embora os participantes usuários de maconha tenham mostrado diferenças cerebrais, em comparação com os controles, não usuários, ambos os grupos apresentaram-se normais! Em primeiro lugar, se usuários apresentaram quaisquer problemas relacionados à maconha ou qualquer outro tipo de deficiência, eles não foram incluídos na pesquisa. Portanto, o cérebro diferente que os pesquisadores descobriram foi, por definição, não associado a problemas cognitivos, emocionais, mentais ou outros problemas.

"Estou desapontado que os cientistas ainda são capazes de publicar artigos de alto nível que só olham para neuroimagem, sem uma discussão sobre o comportamento", diz Carl Hart, professor associado de psicologia na Universidade de Columbia, que não participou da pesquisa. Hart lembra sobre as diferenças cerebrais naturalmente encontradas entre os sexos. "Há diferenças estruturais entre homens e mulheres em determinadas áreas", diz ele, mas elas não preveem diferenças na capacidade. "Nós não dizemos que isso significa que as mulheres são prejudicadas", acrescenta.

Os autores afirmam que as diferenças que eles viram poderiam significar que estes participantes estão em risco de futuros problemas, mas sabemos que 35 por cento dos jovens adultos entre 18 e 20 anos fumaram maconha no ano passado, com um total de 1 em cada 5 tendo fumado pelo menos uma vez no mês passado.


Uma vez que eles atinjam 26 anos de idade, no entanto, menos de 1 por cento têm problemas sérios com a maconha, suficientes para serem classificados como dependência. O que isto significa é que as mudanças cerebrais, seja qual forem, são vistas em usuários casuais, mas elas não significam dependência, caso contrário, todos os usuários casuais se tornariam viciados, ou pelo menos, uma proporção muito maior do que realmente acontece. 

Nós já tivemos várias gerações de adultos norte-americanos que sobreviveram a taxas muito mais altas de uso de maconha do que vemos agora sem encontrar uma grande epidemia de comprometimento cognitivo, esquizofrenia ou falta de motivação.

Infelizmente, este não é o único problema do estudo. "Somente o uso casual parece criar mudanças no cérebro em áreas que você não gostaria de ver alteração", disse o autor, Hans Breiter, professor de psiquiatria da Northwestern Feinberg School of Medicine. Mas note que Breiter diz "parece criar," em vez de "cria". 

Isso porque este tipo de estudo não pode determinar causa e efeito: ao mesmo tempo que mostrou que os usuários mais pesados pareciam apresentar mudanças mais extremas do que o usuários mais leves, isso não prova que doses mais elevadas causam maiores alterações cerebrais. Isso porque as diferenças pré-existentes no cérebro das pessoas pode levá-los a usar mais ou menos a maconha e os exames podem estar simplesmente detectando essas diferenças.

Será que isso implica que a maconha é completamente benigna e todos devem fumar o dia todo, todos os dias? Claro que não! Mas o que isso significa é que, à medida que consideramos mudanças políticas como a legalização, precisamos de uma imprensa muito mais cética e inteligente. A maconha em si pode ou não prejudicar a cognição, mas discussões superficiais sobre políticas de maconha, claramente, prejudicam a cognição, de uma forma que é prejudicial para a nossa saúde política.

The Daily Breast: http://www.thedailybeast.com/articles/2014/04/17/no-weed-won-t-rot-your-brain.html

Artigo científico: http://jn.sfn.org/press/April-16-2014-Issue/zns01614005529.pdf

domingo, 20 de abril de 2014

Política Internacional :: Países europeus podem se dividir

Independências, o novo fantasma europeu :: Espanha, Grã-Bretanha, Itália e Bélgica podem se dividir. Quem reivindica autonomia. Por que movimento é respostas às políticas de “austeridade”

 

Por Conn Hallinan, do The Nation | Tradução: Antonio Martins, no Outras Palavras


Barcelona, 2013: 1,5 milhão de pessoas nas ruas, pela independência da Catalunha.
As famílias felizes são todas parecidas;
cada família infeliz o é à sua maneira”
 

Leon Tolstoi, Anna Karenina

A abertura do grande romance de amor e tragédia de Tolstoi poderia ser uma metáfora da Europa de hoje, onde “famílias infelizes” de catalães, escoceses, belgas, ucranianos e italianos consideram divorciar-se dos países de que são parte. E, em mais um caso em que a realidade imita a ficção, cada uma delas é infeliz à sua própria maneira.

Enquanto os Estados Unidos e seus aliados exasperam-se com o recente referendo na Crimeia, que separou a província da Ucrânia, os escoceses viverão uma consulta muito similar em 18 de setembro e os catalães gostariam muito de fazer o mesmo. Assim como os habitantes do Tirol do Sul e a população de língua flamenga do norte da Bélgica.

Na aparência, muitos destes movimentos de secessão sugerem que regiões ricas estão tentando “libertar-se” de outras mais pobres. Mas ainda que haja alguma verdade nisso, a fórmula é muito simplista. No norte da Bélgica, os flamengófonos, mais ricos, querem separar-se dos francófonos despreocupados do Sul, assim como os tiroleses gostariam de se separar da Itália meridional, castigada pela pobreza. Mas na Escócia, muito da luta tem a ver com a preservação do contrato social que os governos do “novo” Partido Trabalhista – agora conservador – e do Partido Conservador – de direita – desmantelaram sistematicamente. O caso da Catalunha, bem, é complicado.

As fronteiras europeias podem parecer imutáveis, mas certamente não o são. Foram deslocadas várias vezes – pela guerra, necessidades econômicas ou porque os poderosos desenharam linhas caprichosas que ignoram a história e a etnicidade. A Crimeia, conquistada por Catarina, a Grande, em 1783, foi arbitrariamente cedida à Ucrânia, em 1954. A Bélgica resultou de um congresso das potências europeias, em 1830. A Escócia, empobrecida, ligou-se à ria Inglaterra, em 1707. A Catalunha caiu diante dos exércitos espanhol e francês em 1714. E o Tirol do Sul foi um espólio da Primeira Guerra Mundial.

Em todos os casos, ruídos históricos, desenvolvimento injusto e tensões étnicas foram exacerbados por um crise econômica de longa duração. Nada como o desemprego e as políticas de “austeridade” para acender as fogueiras da secessão. Os dois movimentos separatistas mais fortes estão na Escócia e Catalunha – e são os que podem ter impacto mais profundo no resto da Europa.

As regiões são infelizes de diferentes maneiras.

Escócia

A Escócia sempre teve um partido nacionalista expressivo, embora marginal – mas foi dominada tradicionalmente pelo Partido Trabalhista britânico. Os Conservadores quase não existiam a norte do rio Tweed. Mas o “novo trabalhismo” do ex-primeiro-ministro Tony Blair adotou cortes de investimentos públicos e privatizações que marginalizaram muitos escoceses, obrigados a gastar mais com Saúde e Educação que o resto dos britânicos.

Quando o Partido Conservador ganhou as eleições, em 2010, seu orçamento de “austeridade” devastou a Educação, Saúde, os subsídios para Habitação e o Transporte. Os escoceses, irados, votaram no Partido Nacional Escocês (SNP), nas eleições de 2011 para o parlamento local. O SNP imediatamente propôs um plebiscito que indagará aos eleitores se querem revogar o Ato de União de 1707 e voltar a ser um país independente. Se a resposta for sim, o SNP propõe renacionalizar o correio e expulsar da Escócia os submarinos britânicos Trident, dotados de mísseis nucleares.

Levando em conta o petróleo do Mar do Norte, quase não há dúvidas de que uma Escócia independente seria viável. O país tem um PIB per capita mais alto que o da França e, além de petróleo, exporta bens industriais e uísque. A Escócia seria um dos 35 países com maiores receitas de exportação.

O governo britânico do Partido Conservador diz que, se a Escócia votar pela independência, não poderá mais utilizar a libra como moeda. Os escoceses dizem que se a ameaça for mantida, não assumirão mais responsabilidade por sua parcela na dívida pública britânica. Neste ponto, há um impasse.

Segundo os britânicos, e alguns tecnocratas em posições de poder na União Europeia (UE), uma Escócia independente não poderá permanecer integrada ao bloco europeu, mas isso pode ser um blefe. Primeiro, porque contrariaria precedentes históricos. Quando a Alemanha reunificou-se, em 1990, cerca de 20 milhões de habitantes do país oriental (a República Democrática Alemã) foram automaticamente reconhecidos como cidadãos da UE. Se 5,3 milhões de escoceses foram excluídos, será por ressentimento, não por política. De qualquer forma, como o Partido Conservador britânico planeja, em 2017, um referendo que poderia separar a Grã-Bretanha da União Europeia, Londres não está apostando todas as fichas numa postura de intransigência…

Se as eleições fossem hoje, os escoceses provavelmente optariam por permanecer no Reino Unido, mas as tendências estão mudando. A pesquisa mais recente indica que 40% votarão pela independência – um avanço de 3 pontos percentuais, em relação à sondagem anterior. A parcela dos eleitores contrária à independência caiu 2 pontos percentuais, e agora representa 45% do total. Há 15% de indecisos. Todos os residentes na Escócia com mais de 16 anos podem votar. Dada a formidável habilidade eleitoral de Alex Salmod, o primeiro-ministro da Escócia e líder do SNP, as perspectivas não são tranquilizadoras para o governo de Londres.

Catalunha

A Catalunha, situada no Nordeste da Espanha bem junto à fronteira com a França, foi sempre um motor da economia espanhola e uma região marcada por sensação de injustiça histórica. Conquistada pelos exércitos unidos da França e Espanha, na guerra de secessão espanhola (1701-1714), foi também derrotada na Guerra Civil espanhola, entre 1936 e 39. Em 1940, os fascistas, triunfantes, suprimiram o uso do idioma catalão, reprimiram sua cultura e executaram o presidente da região, Lluis Companys – um ato pelo qual nenhum governo de Madri desculpou-se até hoje.

Após a morte do ditador Francisco Franco, em 1975, a Espanha buscou reconstruir sua democracia, sepultando as animosidades profundas engendradas pela Guerra Civil. Mas os mortos podem não permanecer enterrados para sempre, e cresce um movimento pela independência catalã.

Em 2006, a região conquistou autonomia considerável, mas ela foi revogada pelo Supremo Tribunal espanhol em 2010, para alegria do Partido Popular (PP, conservador), no poder. A decisão serviu de combustível para o movimento pela independência da Catalunha e em 2012 partidos separatistas chegaram ao poder.

O PP, do primeiro-ministro Mariano Rajoy, é uma preocupação permanente na Catalunha, cujo parlamento é dominado por diversos partidos independentistas. O maior deles é a Convergencia i Unio (CiU), do presidente provincial, Artur Mas. Porém, aEsquerra Republicana de Catalunya (ERC) dobrou, há pouco, sua representação legislativa.

Estes partidos divergem entre si. Muitos tendem a ser centristas ou conservadores, enquanto o ERC é de esquerda e se opõe às políticas de “austeridade” do PP – algumas das quais foram adotadas também pelo CiU. O centrismo deste partido é uma das razões pelas quais sua bancada caiu de 62 deputados para 50, nas eleições de 2012, enquanto a do ERC saltou de dez para 21.

A taxa oficial de desemprego na Espanha é de 25%, mas o índice é bem mais alto entre os jovens e nas regiões do Sul – e a esquerda parece disposta a ir à luta. Mais de 100 mil pessoas marcharam em Madri, no mês passado, exigindo o fim da “austeridade”.

Dizendo apoiar-se na Constituição de 1976, Rajoy recusa-se a permitir um referendo de independência, uma intransigência que alimentou a chama do movimento separatista. Em janeiro, o parlamento catalão votou, por 87 a 43, por realizar o referendo, e as pesquisas mostram uma maioria em favor da separação. Há seis meses, um milhão e meio de catalães marcharam em Barcelona pela independência.

De olho no eleitorado de direita, o PP também radicalizou e parece disposto a provocar os catalães. Quando a Catalunha proibiu as touradas, Madri aprovou uma lei que as considera herança cultural da nação. Os bascos podem arrecadar seus próprios impostos; os catalães, não.

Como a União Europeia reagiria a uma Catalunha independente? E o governo central de Madri faria algo para impedir o passo? É difícil imaginar o envolvimento do exército espanhol, embora o partido de Rajoy tenha entre seus fundadores um ex-ministro do governo franquista e a reivalidade entre Madri e Barcelona seja evidente.

Outras linhas de ruptura

Há outras linhas de ruptura na Europa.

A Bélgica poderá se dividir? A fissura entre os flamengófonos (no norte) e os francófonos (no sul) é tão profunda que foram necessários dezoito meses para formar um governo, após a última eleição. E se a pequena Bélgica rachar, ela dará origem a dois países, ou será engolida pela França e Holanda?

Na Itália, o Partido da Liberdade do Tirol do Sul reivindica um referendo de independência e uma fusão com a Áustria, embora a minúscula província, – chamada na Itália e Alto Adige – quase não tenha do quê se queixar. Ela retém 90% dos impostos que arrecada, e sua economia conseguiu evitar o pior da crise de 2008. Mas parte da população germano-austríaca ressente-se de cada centavo transferido a Roma e há um profundo preconceito contra os italianos – que constituem 25% dos habitantes – particularmente, os do Sul. Nesse sentido, o Partido da Liberdade não é muito diferente da Lega Norte, racista e elitista, que tem como base o Vale do Po.

É instrutivo assistir a um vídeo, no YouTube, sobre como as fronteiras da Europa mudaram, de 1519 a 2006 – um período de menos de 500 anos. O que julgamos eterno é efêmero. O continente europeu está novamente à deriva, tensionado por linhas de ruptura antigas e contemporâneas. A atitude de países como Espanha e a Grã-Bretanha, e de organizações como a União Europeia diante deste processo determinará seu caráter – se civilizado ou doloroso. Mas tentar interrompê-lo causará, muito provavelmente, apenas mais dor.

Foto de capa: Reprodução/ Outras Palavras

sábado, 19 de abril de 2014

Drogas :: Marcha da Maconha 2014: a um passo da legalização?

Em SP, debates no Grajaú e Casa FdE abrem programação, que tem presença luxuosa de Zé Celso. Caminhadas multiplicam-se pelo país, em 26/04/2014


"Anos antes de as manifestações e atos serem frequentes no cotidiano dos moradores de São Paulo da maneira como acontece desde junho de 2013, a Marcha da Maconha já reunia milhares de pessoas na avenida Paulista. Sua reivindicação vai muito além de simplesmente fazer uso livre de droga popular: diz respeito às políticas públicas proibicionista, violência e liberdades individuais. O grupo que a organiza se formou em 2007, em rede e por todo o Brasil. Em 2014, a moblilização acontece no dia 26 de abril, mas haverá também intensa programação entre os dias 19 e 26, na Semana Pela Legalização da Maconha.

Com os processos de legalização da maconha em curso no Uruguai e nos Estados Unidos, e em discussão em distintas partes do planeta e do Brasil, a Marcha da Maconha sairá às ruas não mais de forma defensiva, como fazia em épocas em que era inclusive proibida de existir, mas em um contexto de iminente fim da guerra, de florescimento de alternativas de políticas públicas mais respeitosas das liberdades individuais e dos direitos humanos.

O ato tem o apoio de figuras conhecidas e irreverentes do meio artístico brasileiro. Marcelo D2, rapper que já se envolveu em polêmicas por suposta apologia de psicoativos, enquanto cantava com sua antiga banda, Planet Hemp, voltou a apoiar o debate da legalização e convida todos para a marcha. Já Zé Celso, dramaturgo, diretor, ator e criador do Teatro Oficina, uma das pessoas mais importantes para o teatro brasileiro, também convida, em vídeo e cantando, para a “marcha de quem sonha”.


Haverá eventos em locais da periferia, debates sobre mídia, desmilitarização, encarceramento, feminismo, uso medicinal, atividades acadêmicas, shows e até uma visita à cracolândia. Além de divulgar a manifestação do dia 26, a semana também servirá para aprofundar as diferentes matizes da discussão sobre drogas sob um viés antiproibicionista. Um dos destaques da programação é o Domingo na Casa, edição Canábbica, na Casa Fora do Eixo (FdE). Serão 20, rodas de conversa sobre o uso medicinal da maconha, com a participação de diversos convidados que a discutirão sob o ponto de vista da medicina, da legislação e experiências de usuários.

Assim como em 2013, neste ano a organização novamente impulsionará blocos para que a Marcha seja composta por distintas vozes e bandeiras, de forma descentralizada e multicolorida. Entre os blocos confirmados, estão: Bloco Feminista, Bloco do Cultivo, Bloco Medicinal, Bloco da Diversidade Sexual, Bloco da Esquerda Canábica e Bloco da Limpeza."

Veja abaixo a programação:


Mais informações:

saopaulo@marchadamaconha.org
Gabriela – 9 95969718
Thaisa – 9 75817018
Rodrigo – 9 99696254

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Mais que porra #Facebook?!




A popular mãozinha do Facebook, símbolo de 'like' usado para quem quer 'curtir' as publicações dos outros internautas, está sendo usada em um protesto contra o próprio Facebook.

Uma montagem mostra a mão em outra posição, com os dedos unidos e virados para cima em posição de indignação.

O desenho com as cores e estilo similar ao usado pela rede social foi publicado no Facebook pelo site brasileiro Blue Bus, especializado em publicidade, com um texto que faz referência ao fato de as publicações não chegarem mais a todos os seguidores dos perfis e páginas.

O Facebook vem limitando o envio das postagens aos seguidores a um número cada vez mais reduzido ao mesmo tempo em que oferece o serviço pago de propagação das mensagens, procedimento que tem irritado muitos internautas.

"Já faz tempo que o Facebook mostra o conteúdo apenas para a minoria dos nossos fãs", diz o texto que acompanha a imagem, que convida os seguidores do site a acompanhar seu conteúdo também por outras redes como o Twitter, Google+, Pinterest ou pelo Flipboard.

"Não confie no Facebook, lá nosso conteúdo só é mostrado para uma minoria e quem decide para quem mostrar não somos nós, são eles ;)", acrescenta o comentário, que teve centenas de 'likes' e compartilhamentos em poucas horas.

fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,maozinha-do-facebook-e-usada-em-protesto-contra-o-facebook,181809,0.htm

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Falha :: O brasileiro não merece ser enganado pelo IPEA




Em meio a inúmeros escândalos como as obras da Copa, compra da refinaria de Pasadena, Mais Médicos, porto de Cuba etc., eis que surge uma pesquisa produzida por um Instituto do governo, oportunamente, para mudar o foco das atenções. Inclusive, para justificar os recentes casos de abusos sexuais em trens e metros de São Paulo que estavam aparecendo na mídia. Coincidência?
*Bene Barbosa


A pesquisa de percepção sobre a violência contra a mulher divulgada recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) gerou grande repercussão ao concluir que 63% dos brasileiros concordavam com a frase "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Mas era mentira. Um equívoco de quase 40 pontos percentuais.

A constatação dos graves erros cometidos no levantamento sobre a violência contra a mulher nos revela, nitidamente, o interesse do órgão em subsidiar o governo na manipulação da opinião pública. Um lobby para impressionar a imprensa nacional e internacional, forjar campanhas e desfocar a ineficiência do Estado, que covardemente insiste em jogar a culpa da falta de segurança pública em seus cidadãos.

Não é a primeira vez que o IPEA solta uma pesquisa suspeita e com graves falhas de metodologia. Há pouco tempo divulgou um levantamento concluindo que negros eram mortos só porque eram negros. Outros dois estudos divulgados em 2013 pelo mesmo Instituto sobre armas de fogo no Brasil apresentam, abertamente, o interesse do órgão em subsidiar a Política de Desarmamento do governo federal.  O estudo "Mapa das Armas de Fogo nas Microrregiões Brasileiras" e o "Impactos do Estatuto do Desarmamento Sobre a Demanda Pessoal de Arma de Fogo" são exemplos claros de dados meticulosamente manipulados para tentar provar a tese de que o número de armas de fogo tem relação objetiva com o índice de homicídios.

O esforço conceitual para atrelar o número de homicídios à posse de arma de fogo tem sido a principal atividade do órgão, em seus estudos sobre segurança pública. Durante apresentação do Mapa das Armas de Fogo nas Microrregiões Brasileiras, no Rio de Janeiro, Daniel Cerqueira, diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia (Diest/Ipea), afirmou, categoricamente, que "a taxa de homicídio no Brasil é de 26 por cem mil habitantes, porém esse número poderia estar em torno de 13, não fosse a corrida armamentista dos anos 90".

Conforme o órgão, maior controle, menor número de homicídios. Não foi o que aconteceu, tendo, ao contrário, apresentado crescimento de 15,1% entre 2000 e 2011 (período em que foi implantado o Estatuto do Desarmamento no país). Os dados são do Mapa da Violência 2013, editado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos.

Outra questão relevante e que merece esclarecimento é o fato dos dados estatísticos sobre a distribuição e prevalência de armas de fogo presentes em um dos estudos serem retirados do SIM/Datasus.

A prevalência das armas de fogo no Brasil é controlada pelo Sistema Nacional de Armas (Sinarm), da Polícia Federal, sendo esse o único órgão com essa competência. Já o SIM/Datasus é o sistema do Ministério da Saúde que armazena dados de mortes registradas na rede pública.

Sendo assim, mais uma vez, pudemos ver que as pesquisas deste Instituto não representam a realidade e, tão pouco, tem um compromisso sério com a análise dos temas. Um órgão que se vale da missão de instruir o conhecimento pela metodologia científica não pode favorecer bases ideológicas para construção de um discurso falacioso. O brasileiro não merece ser enganado pelo IPEA, para isso já contamos com as promessas políticas em um ano eleitoral.

*Bene Barbosa é especialista em segurança pública e presidente do Movimento Viva Brasil.
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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Saúde :: 2+5 :: A dieta do homem das cavernas



Quer diminuir em 42% sua chance de morrer em qualquer idade? A receita parece fácil: coma sete ou mais porções de frutas e verduras todo santo dia. 

Esse é o resultado de uma nova pesquisa feita pela University College of London (UCL), que foi publicada no final de março no Journal of Epidemiology & Community Health.

Os pesquisadores usaram os dados da Pesquisa de Saúde da Inglaterra para investigar os hábitos nutricionais de mais de 65 mil pessoas de 2001 a 2013. Comer sete ou mais porções de vegetais reduziu os riscos de morrer por câncer em 25% e de morrer por causas cardíacas em 31%. No total, a redução do risco de morrer por qualquer causa para quem ingere essa quantidade diária de vegetais foi de 42%.

Legumes crus e folhas parecem ser ainda mais benéficos do que frutas nessa proteção. A pesquisa quantificou o peso de cada uma dessas porções na saúde das pessoas, e a correlação é direta. O efeito protetor aumenta à medida que mais porções diárias de vegetais são adicionadas ao cardápio.

O resultado da pesquisa inglesa reforça com mais destaque a recomendação nutricional do governo australiano ("Vá para 2 + 5"), ou seja, coma duas porções de frutas e cinco de verduras todos os dias. 

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Os britânicos sugerem hoje cinco porções diárias (sem especificar de que) e os americanos alertam a população que, quanto mais vegetais, melhor. A investigação ainda mostra que sucos (principalmente envasados e feitos a partir de frutas congeladas) não apresentam efeito protetor.

Os pesquisadores apontam que, mesmo para quem não consegue chegar às sete porções diárias, adicionar qualquer quantidade desse tipo de alimento, em qualquer momento da vida, já traz benefícios no combate à obesidade e na promoção da saúde.

Nas últimas semanas, outro estudo de pesquisadores da Suécia (publicado no European Journal of Clinical Nutrition) mostrou que a "dieta do homem das cavernas" se tem duas vezes mais eficiente na redução do peso corporal do que as dietas convencionais. Nesse tipo de orientação nutricional, a pessoa deve comer mais frutas, verduras e carnes magras do que alimentos do tipo pães, massas, grãos (arroz) e derivados de leite. A dieta tem esse nome porque é baseada no que o homem pré-histórico comia, provavelmente, antes de ter se tornado um agricultor (há cerca de 12 mil anos).

Na pesquisa, mulheres na pós-menopausa com excesso de peso foram divididas em grupos com padrões nutricionais distintos (um seguindo uma dieta convencional, com redução do total de calorias, e o outro, com uma dieta que diminuía drasticamente massas e derivados de leite). O grupo da "dieta do homem das cavernas" reduziu seu peso, em média, em 6,2 kg no final de seis meses. O outro grupo perdeu, em média, 2,6 kg. Ao final de dois anos, a diferença entre os grupos foi menor, o que mostra que não deve ser fácil, para o ser humano do mundo contemporâneo, se alimentar como seu ancestral paleolítico.

Além disso, mudanças na dieta de forma isolada têm efeito muito menor do que quando combinadas com hábitos de vida mais saudáveis, como a incorporação de uma rotina de atividades físicas. Difícil vai ser convencer as gerações mais novas, cada vez mais plugadas e estáticas. 


domingo, 6 de abril de 2014

Mahatma Gandhi, racista e pedófilo?



Vejam só nos ensinamentos de quem muitos se fiam, Gandhi nunca foi um Avatar, era apenas um homem cheio de defeitos que pregava um conceito no qual ama-se a humanidade mas se despreza as pessoas como indivíduos...

"Gandhi fazia "afagos noturnos" em garotas, incluindo uma sua sobrinha Joseph Lelyveld, ex-editor executivo do The New York Times, escreveu um livro -- Great Soul -- que revela uma faceta desconhecida Mahatma Gandhi. 

A biografia revela que o homem que liderou a Índia até à independência era racista, bissexual e praticava diariamente o contrário do que professava para a humanidade.

O livro afirma que Gandhi tinha "afagos noturnos", sem roupa, com raparigas de 17 anos, incluindo a sua sobrinha, e que se apaixonou por um arquiteto e culturista alemão judeu, Hermann Kallenbach, pelo qual o líder indiano terá deixado a esposa, em 1908. "Gandhi escreveu a Kallenbach sobre como ele 'tomou completamente posse' do seu corpo" e que isto era "escravatura com vingança".

O indiano deu alcunhas particulares ao alegado casal - Upper House para ele e Lower House para Kallenbach - e teria prometido ao alemão "não olhar de forma luxuriosa para qualquer mulher". "Os dois então prometeram 'mais amor, e ainda mais amor... tanto amor que eles esperavam que o mundo nunca antes ter visto'", diz o livro.

Outra revelação prende-se com o racismo expresso por Gandhi numa visita à África do Sul, num período em que reinava o "apartheid naquele país". "Fomos colocados numa prisão para os Kaffirs. Posso compreender não sermos misturados com os brancos, mas sermos colocados ao mesmo nível que os nativos parece-se demasiado para aturar. Os Karrifs são entendidos como não civilizados", teria dito o indiano durante a visita.

O Wall Street Journal fez um resumo da forma como o livro do ex-editor executivo do NY Times descreve Gandhi: "Sexualmente estranho, incompetente político, louco fanático, racista implacável e um auto-propagandista, professando o seu amor pela humanidade como conceito quando na realidade desprezava as pessoas como indivíduos"."

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terça-feira, 1 de abril de 2014

Aviação :: Bruce Dickinson e o #AIRLANDER



Lá vem o Bruce Dickinson para aprontar mais uma das suas. Não basta apenas saber pilotar aviões, não é mesmo?

Segundo a BBC, o vocalista do Iron Maiden já teria investido quase um milhão de reais no desenvolvimento do possível maior dirigível do mundo. Chamado de ”HAV Airlander”, o gigante que híbrido/ecologicamente correto é 60 metros mais longo que um Boing 747, voa em até 100 km/h e é capaz de suportar uma carga de 50 toneladas. Bruce teria dito que planeja dar uma volta no mundo com o novo brinquedo, passando inclusive pela Amazônia, e transmitir tudo ao vivo pela internet. 

A concepção do dirigível foi do exército americano, que não deu continuação ao processo por carecer de recursos financeiros. O primeiro vôo do balãozinho potente que está marcado para 2016 nos céus do sul da Inglaterra e será pilotado pelo próprio Bruce, que além de convidar algumas celebridades ainda não reveladas para a aventura, disponibilizou duas passagens para quem estiver interessado em participar da estreia. 

Tá afim de ganhar as entradas? 

Entra no site da Airlander, pegue todos os detalhes e faça suas malas, meu camarada!


Win 2 tickets for Airlander's maiden flight! from Airlander by Hybrid Air Vehicles on Vimeo.