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quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

China faz pouso histórico no Lado Oculto da Lua




China faz histórico 1º pouso no lado mais distante da lua - por Mike Wall, Editor Chefe da Space.com*

A 1ª imagem do lado oposto da lua, feita pela sonda chinesa Chang'e 4, que pousou em 2 de janeiro de 2019
(3 de janeiro, horário de Pequim) Crédito: CNSA

A humanidade acaba de fincar sua bandeira no lado oculto da lua

A missão chinesa Chang'e 4 aterrissou no solo da Cratera Von Kármán, de 186 quilômetros de largura, na noite de quarta-feira (2 de janeiro), realizando o primeiro pouso suave no misterioso lado lunar.

A Chang'e 4 realizará uma variedade de trabalhos científicos nos próximos meses, ajudando potencialmente os cientistas a entender melhor a estrutura, a formação e a evolução do satélite natural da Terra. Mas a atração simbólica da missão ressoará mais com as massas: a lista de localidades inexploradas em nosso sistema solar ficou um pouco menor.

O épico touchdown - que aconteceu às 21:26 pm EST (0226 GMT e 10:26 horas, horário de Pequim, em 3 de janeiro), segundo autoridades espaciais chinesas - seguidas de perto por dois grandes marcos da NASA. Em 31 de dezembro, a sonda OSIRIS-REx entrou em órbita ao redor do asteroide Bennu, e a sonda New Horizons passou em frente ao objeto distante Ultima Thule logo após a meia-noite de 1º de janeiro.

"Parabéns à equipe chinesa Chang'e 4 pelo que parece ser um pouso bem-sucedido no outro lado da Lua. Esta é a primeira vez para a humanidade e uma conquista impressionante!", disse o administrador da Nasa, Jim Bridenstine, via Twitter na noite de quarta-feira, depois que a notícia do marco começou a circular nas redes sociais.


Terra incógnita

A Lua leva a mesma quantidade de tempo para girar uma vez sobre seu eixo, que leva para orbitar a Terra: 27,3 dias. Por causa desse "bloqueio de maré", nós só vemos uma face da lua, que chamamos de lado mais próximo.

Esse rosto familiar acolheu muitos visitantes ao longo dos anos, tanto robóticos quanto humanos; todas as seis missões tripuladas da NASA, Apollo, na superfície lunar pousaram no lado mais próximo (aparente). O lado mais distante (oculto) é um alvo muito mais difícil para a exploração da superfície lunar, porque o volume rochoso da lua bloquearia a comunicação direta com qualquer lander ou rover. (E não o chame de "lado escuro"; porque o lado oposto recebe a mesma luz do sol do lado mais próximo).

Para lidar com essa questão, a China lançou um satélite de retransmissão chamado Queqiao, em maio de 2018. Queqiao se estabeleceu no ponto Terra-lua 2, de Lagrange, um ponto gravitacionalmente estável além da lua, do qual o satélite pode manter a Chang'e 4 e seu planeta natal em contato.

O fluxo de dados através do Queqiao provavelmente será extenso. O Chang'e 4 foi lançada em 7 de dezembro e entrou na órbita lunar 4,5 dias depois, ela possui oito instrumentos científicos: quatro em um veículo estacionário e quatro num veículo móvel.

A sonda possui a Câmera de Aterrissagem, a Câmera de Terreno, o Espectrômetro de Baixa Frequência e o Lunar Lander de Neutrons e Dosimetria Lunar, fornecidos pela Alemanha. O rover possui a Câmera Panorâmica, o Radar Penetrante Lunar, o Espectrômetro de Imagens Visível e de Infravermelho Próximo, além de um Pequeno Analisador Avançado de Neutros que é contribuição da Suécia.

Assim, a Chang'e 4 será capaz de analizar seus arredores em grande detalhe, sondando a composição da superfície, bem como a estrutura das camadas do solo sob os pés da sonda. Tais observações podem ajudar os pesquisadores a entender melhor por que os lados lunar próximo e distante são tão diferentes, disseram os cientistas. Por exemplo, planícies vulcânicas escuras chamadas "Maria" são comuns no lado próximo, mas estão quase ausentes do outro lado. (Temos boas imagens de cima do lado mais distante, graças a naves espaciais como a Lunar Reconnaissance Orbiter da NASA.)

A missão deve levar para casa algumas imagens intrigantes e dramáticas também; A Cratera de Von Kármán fica dentro da bacia do Pólo Sul-Aitken (SPA), uma das maiores características de impacto no sistema solar. A bacia do SPA mede incríveis 2.500 km de borda a borda e tem cerca de 12 km de profundidade.

Além disso, o Chang'e 4 realiza um experimento biológico, que irá acompanhar como os bichos-da-seda, os tomates e as plantas Arabidopsis crescem e se desenvolvem na superfície lunar. A missão também fará observações de radioastronomia, aproveitando a excepcional paz e tranquilidade do outro lado. (O satélite Queqiao também está reunindo dados astronômicos, usando um instrumento próprio chamado de Explorador de Baixa Frequência Holanda-China.)

Representação artística da sonda Chang'e 4 da China no outro lado da lua. A missão tocou o solo em 2/01/19.
(Crédito: CASC / Ministério de Defesa da China)

Um ambicioso programa lunar

A Chang'e 4 é apenas o mais recente passo do programa de exploração lunar robótica da China, que recebeu o nome de uma deusa da lua na mitologia chinesa. A nação lançou os orbitadores Chang'e 1 e Chang'e 2 em 2007 e 2010, respectivamente, e conseguiu um pouso próximo com a missão Chang'e 3 em dezembro de 2013. (O Chang'e 4 foi originalmente projetado como um backup para Chang'e 3, então o hardware das duas missões é semelhante.)

A China também lançou uma cápsula de retorno em uma viagem de oito dias em torno da lua, em outubro de 2014, numa missão conhecida como Chang'e 5T1. Esse foi um teste de esforço de retorno de amostra da Chang'e 5, que poderia ser lançado já neste ano.

A China também tem ambições para missões lunares tripuladas, mas seu programa de voo espacial humano, em curto prazo, está mais focado na órbita da Terra. A nação pretende instalar uma estação espacial orbital no começo dos anos 2020.
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*O livro de Mike Wall sobre a busca por vida alienígena, "Out There" (Publicação Grand Central, 2018; ilustrada por Karl Tate), está disponível agora. Siga no Twitter @michaeldwall. Siga no @Spacedotcom ou no Facebook. Originalmente publicado no Space.com (tradução livre)

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