Anualmente a ONU,
através do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC)
dá ênfase à Campanha Internacional de Prevenção às Drogas. Em Viena,
foi lançado o Relatório Mundial de Drogas contendo informações
atualizadas do mundo todo sobre consumo, produção e tráfico de drogas
O que são drogas?
São substâncias utilizadas para
produzir alterações, mudanças nas sensações, no grau de consciência e no
estado emocional. As alterações causadas pelas substâncias variam de
acordo com as características da pessoa que as usa, qual droga é
utilizada e em que quantidade, o efeito que se espera da droga e as
circunstâncias em que é consumida.
Geralmente achamos que existem
apenas algumas poucas substâncias extremamente perigosas: são essas que
chamamos de drogas. Achamos também que drogas são apenas os produtos
ilegais como a maconha, a cocaína e o crack. Porém, do ponto de vista da
saúde, muitas substâncias legalizadas podem ser igualmente perigosas,
como o álcool, que também é considerado uma droga como as demais.
Quais os tipos de drogas que existem e que efeitos elas provocam?
As drogas atuam no cérebro afetando a
atividade mental, sendo por essa razão denominadas psicoativas.
Basicamente, elas são três tipos:
Drogas que diminuem a atividade mental
– também chamadas de depressoras. Afetam o cérebro, fazendo com que
funcione de forma mais lenta. Essas drogas diminuem a atenção, a
concentração, a tensão emocional e a capacidade intelectual. Exemplos:
ansiolíticos (tranquilizantes), álcool, inalantes (cola), narcóticos
(morfina)
Drogas que aumentam a atividade mental
– são chamadas de estimulantes. Afetam o cérebro, fazendo com que
funcione de forma mais acelerada. Exemplos: cafeína, tabaco,
anfetamina, cocaína, crack;
Drogas que alteram a percepção
– são chamadas de substâncias alucinógenas e provocam distúrbios no
funcionamento do cérebro, fazendo com que ele passe a trabalhar de
forma desordenada, numa espécie de delírio. Exemplos: LSD, ecstasy,
maconha e outras substâncias derivadas de plantas.
AS DROGAS E SEUS EFEITOS:
Drogas que diminuem a atividade mental
Substância
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Origem
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Conhecida como
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Possíveis efeitos
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Possíveis efeitos
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Ansiolíticos ou tranqüilizantes
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Substâncias sintéticas produzidas em laboratórios
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Sedativos, calmantes, Valium, Lexotan, Diazepan, Dienpax, Librium, Lorax, Rohypnol, Dalmadorm
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Alívio da tensão e da ansiedade, relaxamento muscular, sonolência, fala pastosa, descoordenação dos movimentos, falta de ar.
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Em altas doses podem causar queda da pressão arterial.
Quando usadas com álcool, aumentar os seus efeitos, podendo levar a estado de coma.
Em grávidas podem causar mal formação fetal.
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Álcool etílico
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Obtido a partir de cana-de-açúcar, cereais ou frutas, através de um processo de fermentação ou destilação.
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Álcool, “birita”, “mé”, “mel”, “pinga”, “cerva”.
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Em pequenas doses: desinibição, euforia, perda da capacidade crítica;
Em doses maiores: sensação de anestesia, sonolência, sedação.
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O
uso excessivo pode provocar náuseas, vômitos, tremores, suor
abundante, dor de cabeça, tontura, liberação da agressividade,
diminuição da atenção da capacidade de concentração, bem como dos
reflexos, o que aumenta o risco de acidentes.
O uso prolongado pode ocasionar
doenças graves como, por exemplo, cirrose no fígado e atrofia
(diminuição) cerebral.
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Inalantes ou solventes
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Substâncias químicas.
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Cola de sapateiro, esmalte, benzina, lança-perfume, “loló”, gasolina, acetona, éter, tíner, aguarrás e tintas.
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Euforia, sonolência, diminuição da fome, alucinações.
Tosse, coriza, náuseas e vômitos,
dores musculares. Visão dupla, fala enrolada, movimentos desordenados
e confusão mental.
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Em
altas doses, pode haver queda da pressão arterial, diminuição da
respiração e dos batimentos do coração, podendo levar à morte.
O uso continuado pode causar
problemas nos rins e destruição dos neurônios (células do sistema
nervoso), podendo levar à atrofia cerebral.
O uso prolongado está frequentemente associado a tentativa de suicídio.
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Narcóticos (ópio e seus derivados: heroína, morfina e codeína)
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Extraídos da papoula ou produtos sintéticos obtidos em laboratório.
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Heroína, morfina e codeína (xaropes de tosse, Belacodid, Tylex, Exilir paregórico, Algafan).
Dolantina, Meperidina e Demerol.
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Sonolência, estado de torpor, alívio da dor, sedativo da tosse.
Sensação de leveza e prazer.
Pupilas contraídas.
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Pode haver queda da pressão arterial, diminuição da respiração e dos batimentos do coração, podendo levar à morte.
Na abstinência bocejos, suor
lacrimejamento, coriza, abundante, dores musculares e abdominais.
Febre, pupilas dilatadas e pressão arterial alta.
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AS DROGAS E SEUS EFEITOS:
Drogas que aumentam a atividade mental
Anfetaminas
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Substâncias sintéticas obtidas em laboratório.
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Metanfetamina, “ice”, “bolinha”, “rebite”, “boleta”.
Moderex, Hipofagin, Inibex, Desobesi, Reactivan, Pervertin, Preludin.
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Estimulam atividade física e mental, causando inibição do sono e diminuição do cansaço e da fome.
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Podem
causar taquicardia (aumento dos batimentos do coração), aumento da
pressão sanguínea, insônia, ansiedade e agressividade.
Em doses altas podem aparecer
distúrbios psicológicos graves como paranóia (sensação de ser
perseguido) e alucinações. Alguns casos evoluem para complicações
cardíacas e circulatórias (derrame cerebral e infarto do miocárdio),
convulsões e coma.
O uso prolongado pode levar à destruição de tecido cerebral.
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Cocaína
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Substância extraída da folha de coca, planta encontrada na América do Sul
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“Pó”, “brilho”, “crack”, “merla”, pasta-base.
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Sensação
de poder, excitação e euforia. Estimulam a atividade física e
mental, causando inibição do sono e diminuição de cansaço e da fome. O
usuário vê o mundo mais brilhante, com mais intensidade.
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Pode causar taquicardia, febre, pupilas dilatadas, suor excessivo e aumento da pressão sanguínea.
Podem aparecer insônia, ansiedade, paranóia, sensação de medo ou pânico.
Pode haver irritabilidade e liberação da agressividade.
Em alguns casos podem aparecer
complicações cardíacas, circulatórias e cerebrais (derrame cerebral e
infarto ao miocárdio).
O uso prolongado pode levar à destruição de tecido cerebral.
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Tabaco (nicotina)
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Extraído da folha do fumo
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Cigarro, charuto e fumo
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Estimulante, sensação de prazer.
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Reduz o apetite, podendo levar a estados crônicos de anemia.
O uso prolongado causa problemas circulatórios, cardíacos e pulmonares.
O hábito de fumar está
frequentemente associado à câncer de pulmão, bexiga e próstata, entre
outros.
Aumenta o risco de aborto e de parto prematuro.
Mulheres que fumam durante a gravidez têm, em geral, filhos com peso abaixo do normal.
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AS DROGAS E SEUS EFEITOS:
Drogas que produzem distorções da percepção
Maconha
(tetraídocanabinol
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Substância extraída da planta Cannabis Sativa
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Maconha, haxixe, “baseado”, “fininho”, “marrom”
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Excitação
seguida de relaxamento, euforia, problemas com o tempo e o espaço,
falar em demasia e fome intensa. Palidez, taquicardia, olhos
avermelhados, pupilas dilatadas e boca seca.
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Prejuízo da atenção e da memória para fatos recentes; algumas pessoas podem apresentar alucinações, sobretudo visuais.
Diminuição dos reflexos, aumentando o risco de acidentes.
Em altas doses, pode haver
ansiedade intensa; pânico; quadros psicológicos graves (paranóia).
O uso contínuo prolongado pode
levar a uma síndrome amotivacional (desânimo generalizado)
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Alucinógenos
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Substâncias extraídas de plantas ou produzidas em laboratório
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LSD(ÁCIDO LISÉRGICO,”acido”, “selo”, “microponto”),psilocibina (extraída de cogumelos) e mescalina (extraída de cactos).
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Efeitos
semelhantes aos da maconha, porém mais intensos. Alucinações,
delírios, percepção deformada de sons, imagens e do tato.
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Podem ocorrer “más viagens”, com ansiedade, pânico ou delírios.
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Ecstasy metilenodióxime-tanfetamina
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Substância sintética do tipo anfetamina, que produz alucinações.
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MDMA, “êxtase”, “pílula do amor”.
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Sensação de bem-estar, plenitude e eleveza. Aguçamento dos sentidos.
Aumento da disposição e resistência física, podendo levar à exaustão.
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Alucinações, percepção distorcida de sons e imagens.
Aumento de temperatura e desidratação, podendo levar à morte.
Com o uso repetido, tendem a
desaparecer as sensações agradáveis, que podem ser substituídas por
ansiedade, sensação de medo, pânico e delírios.
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O efeito de uma droga é o mesmo para qualquer pessoa?
Não. Os efeitos dependem basicamente de três fatores:
da droga; do usuário; do meio ambiente.
Cada tipo de droga,tende
a produzir efeitos diferentes no organismo. A forma como uma
substância é utilizada, assim como a quantidade consumida e o seu grau
de pureza também terão influência no efeito.
Cada usuário, com suas características biológicas (físicas) e psicológicas, tende a apresentar reações diversas sob a ação de drogas. O meio ambiente
também influencia o tipo de reação que a droga pode produzir. Por
exemplo, uma pessoa ansiosa (usuário) que consome grande quantidade de
maconha (droga) em um lugar público (meio ambiente) terá grande chance
de se sentir perseguido (“paranóia”). Já aquele que consome maconha,
quando está tranquilo em casa, com amigos, terá menor probabilidade de
apresentar reações desagradáveis.
DEPENDÊNCIA
O que é dependência?
Dependência é o impulso que leva a
pessoa a usar uma droga de forma contínua (sempre) ou periódica
(frequentemente) para obter prazer. Alguns indivíduos podem também fazer
uso constante de uma droga para aliviar tensões, ansiedade, medos,
sensações físicas desagradáveis etc. O dependente caracteriza-se por
não conseguir controlar o consumo de drogas, agindo de forma impulsiva e
repetitiva.
Para compreendermos melhor, vamos
analisar as formas principais em que ela se apresenta: a física e a
psicológica.
A dependência física
caracteriza-se por sintomas e sinais físicos que aparecem quando o
indivíduo para de tomar a droga ou diminui bruscamente o seu uso: é a
síndrome de abstinência. Os sinais e sintomas de abstinência dependem do
tipo de substância utilizada e aparecem horas ou dias depois que ela
foi consumida pela última vez. No caso dos dependentes de álcool,a
abstinência pode ocasionar desde um simples tremor nas mãos a náuseas,
até um quadro de abstinência grave denominado “delirium tremens”, com
risco de morte, em alguns casos.
Já a dependência psicológica
corresponde a um estado de mal-estar e desconforto que surge quando o
dependente interrompe o uso de uma droga. Os sintomas mais comuns são
ansiedade, sensação de vazio, dificuldade de concentração, mas que
podem variar de pessoa para pessoa.Com os medicamentos existentes
atualmente, a maioria dos casos relacionados à dependência física podem
ser tratados. Por outro lado, o que quase sempre faz com que uma pessoa volte a usar drogas é a dependência psicológica, de difícil tratamento e não pode ser resolvida de forma relativamente rápida e simples como a dependência física.
Todo usuário de drogas vai se tornar um dependente?
De maneira geral, as pessoas que
experimentam drogas o fazem por curiosidade e as utilizam apenas uma vez
ou outra (uso experimental). Muitas passam a usá-las de vem em quando,
de maneira esporádica (uso ocasional), apenas um grupo menor passa a
usar drogas de forma intensa, em geral quase todos os dias, com
conseqüências danosas (dependência).
O grande problema é que não dá para saber, entre as pessoas que começam a usar drogas, quais serão apenas usuários experimentais, ocasionais e quais se tornarão dependentes.
É importante lembrar, porém, que o uso, ainda que experimental, pode vir a produzir muitos danos à saúde da pessoa.
Por que os jovens têm dificuldade de reconhecer que o uso de drogas é nocivo e perigoso?
Em grande parte, isso se deve ao fato
de que a maioria dos consumidores de drogas, legais ou ilegais, conhecem
muitos usuários ocasionais, mas poucas pessoas (ou nenhuma) que se
tornaram dependentes ou tiveram problemas com o uso de drogas. Por
outro lado, o prazer momentâneo obtido com a droga e a imaturidade não
favorecem maiores preocupações com os riscos.
PREVENÇÃO
Se não é possível acabar com a oferta de drogas, o que pode ser feito?
O importante é realizar um trabalho
de prevenção, ou seja, diminuir a motivação que alguém possa vir a ter
de usar drogas. Ainda, um trabalho de conscientização, revelando os
danos, sociais, físicos e psicológicos, causados pelo uso de drogas.
Como podemos ajudar um jovem a ter uma atitude adequada com relação às drogas?
O que os pais podem fazer é tornar-se
exemplo para os filhos. A maneira como os pais lidam com a questão tem
muito mais efeito sobre o jovem do que as informações que são dadas.
As crianças e os jovens começam a
aprender o que é droga quando observam os adultos em busca de
tranqüilizantes ao menor sinal de tensão ou nervosismo. Aprendem também
o que é droga quando ouvem seus pais dizerem que precisam de três
xícaras de café para se sentirem acordados, ou ainda quando sentem o
cheiro de fumaça de cigarros... Além disso, eles aprendem o que é
dependência quando observam como seus pais têm dificuldade em controlar
diversos tipos de comportamentos, como, por exemplo, comer de modo
exagerado, fazer compras sem necessidade, trabalhar excessivamente.
Os adultos têm sempre “boas” formas
de justificar esses comportamentos, mas na verdade trata-se de um modelo
de comportamento impulsivo e descontrolado. E esses modelos de
comportamento podem ser copiados pelos jovens na forma como se
relacionam com as drogas.
Esse é o princípio básico de modelo
de comportamento dependente que observamos em um imenso número de
adultos e pais que, sem a menor consciência do que estão fazendo,
“ensinam” aos filhos, alunos e jovens em geral que os problemas podem
ser resolvidos, como que por uma passe de mágica, com a ajuda de uma
substância.É importante que os jovens compreendam, por meio de nossas
atitudes, qual é a atitude adequada em relação às drogas. Esse processo
de aprendizagem começa na infância e continua até o final da
adolescência.
Quais as razões que levam uma pessoa a usar drogas?
Muitas são as razões que podem levar
alguém a usar drogas. Cada pessoa tem seus próprios motivos. Os pais não
devem tirar conclusões apressadas se suspeitam ou descobrem se o
filho(a) usou ou está usando drogas. É preciso que escutem com muita
atenção o que o filho(a)tem a dizer, para compreender o que está
acontecendo. Entre os possíveis motivos, destacamos:
- A oportunidade surgiu e o jovem experimentou.
O fato de um jovem experimentar
drogas não faz dele um dependente. Porém, mesmo experiências
aparentemente inocentes podem resultar em problemas (com a lei, por
ex). Um jovem que usou drogas passa a ser tratado muitas vezes como
“drogado” por seus pais ou professores.O excesso de preocupação com o
uso experimental ,pode tornar-se muito mais perigoso do que o uso de
drogas em si.
Diante dessa situação os pais não se
devem desesperar. Reagir com agressividade e com violência pode até
mesmo empurrar o jovem para o abuso e a dependência de drogas. Os pais
devem alerta-lo sobre possíveis riscos e, se possível, conversar
francamente sobre o assunto, aproveitando a oportunidade.
- O uso de drogas pode ser visto como excitante e ousado pelos jovens.
Cabe aos adultos alertar os jovens sobre os riscos relacionados com o
uso de drogas. Assim, quando se falar em riscos, a informação deverá
ser objetiva, direta e precisa, caso contrário o efeito poderá até
mesmo ser oposto ao desejado. Grande parte dos jovens conhece pessoas
que usam maconha e que nunca se interessaram por outras drogas. Para
eles, a afirmação de que “a maconha é a porta de entrada...” pode soar
mentirosa e, como consequência, deixarão de ouvir os adultos em
assuntos realmente importantes. Por outro lado, se o jovem que ouve
essa afirmação nunca experimentou drogas e pouco conhece do assunto,
ele pode ficar muito curioso, principalmente porque para os adolescentes
assumir riscos faz parte do jogo, em que o próprio risco é
transformado em desafio.
Por exemplo, alertar os jovens sobre
os riscos de se consumir bebida alcoólica e depois sair dirigindo pode
ser feito de forma clara, precisa e objetiva. Isso é muito mais
educativo do que discursos dramáticos e aterrorizantes sobre os
malefícios do álcool. Dizer de outra forma, tentar exagerar os riscos e perigos pode ser um estímulo ao uso de drogas, principalmente para os jovens.
- As drogas podem modificar o que sentimos
Esse poder de transformação das
emoções pode se tornar um grande atrativo, sobretudo para os jovens. A
melhor maneira de tentar neutralizar a atração que as drogas exercem
seria estimular os jovens a experimentar formas não-químicas de
obtenção de prazer. Os “barato” podem ser obtidos através de atividades
artísticas, esportivas, etc. Cabe aos adultos tentar conhecer melhor
os jovens para estimulá-los a experimentar formas mais criativas de
obter prazer e sensações intensas.
- Muitas pessoas acreditam que os jovens acabam consumindo drogas pela influência de colegas e amigos (pressão de grupo)
Embora a “pressão do grupo” tenha influência, sabemos que a maioria
dos grupos tem um discurso contrário às drogas; mesmo assim, alguns
jovens acabam se envolvendo. Mais importante do que estar em acordo com
o grupo é estar bem consigo mesmo . Os jovens que dependem muito da
aprovação do grupo são justamente aqueles que têm outros tipos de
problemas ( ex. sentem-se pouco amados pelos pais, não atraentes etc.)
- O uso de drogas pode ser uma
tentativa de amenizar sentimentos de solidão, de inadequação, baixa
auto-estima ou falta de confiança
É importante tentar ajudar o
jovem a superar as dificuldades sem a necessidade de recorrer às
drogas. Os pais devem dar segurança para seus filhos através do afeto.
Eles devem se sentir amados, apesar de seus defeitos ou de suas
dificuldades.
- Mas não existe uma pressão externa para consumir drogas?
Sim, essa pressão certamente existe.
Nossa sociedade tem como um de seus maiores objetivos a felicidade. O
grande problema é que tristeza, descontentamento e solidão passam a ser
vistos como situações a serem eliminadas, quando, na verdade, elas
fazer parte da vida e de ser compreendidas e transformadas.
Desde muito
cedo, as crianças têm um modelo de felicidade diretamente ligado ao
consumismo: o que podemos comprar poderá nos trazer satisfação e
felicidade. As propagandas de álcool, cigarro e chocolate veiculam esse
modelo, para vender seus produtos. A crença ingênua de que “podemos
comprar a felicidade” e de que “tristeza e solidão devem ser evitadas a
qualquer preço” constituem o mesmo padrão de relação que os dependentes
(consumidores) estabelecem com as drogas (produtos). Nesse sentido,
podemos dizer que os “drogados” estão apenas repetindo o modelo de
sociedade que lhes oferecemos.
Consumir drogas é uma forma de
prazer. Isso não pode ser negado. Devemos ter em mente que existem maneiras de se obter prazer cujo preço a pagar pode ser muito alto.
Existem sinais para identificarmos se alguém está usando drogas?
Com freqüência os pais querem saber
quais os sinais que indicam que um jovem esteja usando drogas. Não
existe maneira fácil de confirmar a suspeita.
Tentar identificar no jovem sinais ou
efeitos das diferentes substâncias só tende a complicar ainda mais as
coisas. O clima de desconfiança que se instala nessas situações
prejudica muito o relacionamento entre os familiares.
É normal e esperado que os jovens tenham segredos e que dificultem o
acesso de outras pessoas da família, sobretudo os pais, questões de sua
vida pessoal. Eles tendem também a experimentar situações novas, a
assumir atitudes desafiantes e de oposição e até mesmo a apresentar
comportamentos característicos de uma adolescência normal.
A grande
dificuldade dos pais é saber até que ponto essas atitudes e
comportamentos estão dentro do esperado ou se já significam que o jovem
está passado por problemas mais graves e necessitando de ajuda. O mais
importante é que os pais tentem conversar com os filhos. Mesmo que o
diálogo se torne tenso e cheio de conflitos, ainda assim é uma via de
comunicação . Os pais devem se preocupar mais em ouvir do que em dar
conselhos.
Quando o jovem se isola e o acesso se
torna impossível, é um sinal de que é necessário procurar ajuda
externa.
Deve-se conversar com os filhos sobre o uso de drogas?
Sim, na medida em que eles se mostrarem interessados pelo assunto.
Se o uso de drogas puder ser
discutido de forma adequada à idade da criança ou do adolescente, vai
deixar de ser algo secreto , perdendo muito de seus atrativos.Qualquer
atividade vista como oculta do mundo dos pais e dos professores tende a
ser vista pelos jovens como instigante e excitante.
A maioria dos pais tende a conversar
com os filhos sobre drogas somente quando surgem problemas e conflitos.
Entretanto, torna-se muito mais fácil conversar com os filhos sobre
esses problemas e conflitos quando os pais já puderam superar no passado
a barreira de falar sobre drogas.
É importante também lembrar que
conflitos e rebeldia fazem parte da adolescência normal e não indicam
necessariamente envolvimento com drogas. Os conflitos dos jovens são
necessários para que se tornem adultos, sendo responsabilidade dos pais ensinar seus filhos a lidar com os problemas.
Os pais não devem se apavorar com as discussões, mas compreender a
raiva e a revolta do jovem e mostrarem-se seguros com relação às suas
próprias crenças e valores.
Como deve ser a informação que os pais devem dar a seus filhos a respeito de drogas?
O primeiro grande problema que se
apresenta nessas situações é que normalmente os jovens são mais
informados a respeito de drogas do que seus pais.
Quando falarem de drogas, os pais
devem se basear em substâncias que eles realmente conhecem (por exemplo,
álcool ou tranqüilizantes). Os pais em geral têm dificuldade em falar
sobre drogas ilegais, mas grande parte das informações a respeito de
drogas legalizadas (como álcool e tranquilizantes) tende a ser
igualmente válida para as ilegais.
Seria aconselhável que os
pais pudessem adquirir conhecimentos básicos sobre as principais
substâncias de uso e abuso em nosso meio, para que não transmitam
informações sem fundamento ou preconceituosas, como são habitualmente
veiculadas em jornais, revistas, televisão, etc. Não há
problema no fato de os pais admitirem perante os filhos o seu
desconhecimento a respeito de drogas, quando for o caso. Não precisam
ter conhecimentos detalhados para poder ajudar seus filhos.
Relacionamentos familiares sólidos
são mais importantes do que o conhecimento que os pais têm sobre
drogas. Se no decorrer de anos de convivência, as relações familiares
forem bem constituídas e solidificadas, dificilmente o uso de drogas
virá a se tornar um problema. Por outro lado, se a qualidade dos relacionamentos for precária, os pais deverão ficar atentos não apenas aos problemas das drogas mas também a outros aspectos da vida familiar.
Infelizmente, quando isso acontece, os pais nem sempre têm consciência do distanciamento
que existe entre eles. É comum nessas circunstâncias os pais terem
atitudes autoritárias com os filhos,aumentando mais essa distância.
Com essas dificuldades, os pais devem recorrer a pessoas que possam ajudá-los.
Como os pais devem exercer sua autoridade?
A maioria das crianças e adolescentes
aceita a autoridade dos pais, sobretudo quando no ambiente familiar
estão presentes a confiança e o afeto. Porém, à medida que o
adolescente vai se desenvolvendo, a autoridade vai sendo transferida
para eles mesmos até que se tornem responsáveis por suas próprias
ações. Muitos pais têm dificuldades para abrir mão de sua autoridade
conforme os filhos crescem, dificultando, assim, que eles possam se
tornar responsáveis por si mesmos.
A autoridade dos pais
desempenha papel importante no sentido de dar limites, como exigir que
os filhos façam as lições de casa, fixar horários para atividades de
lazer etc. Isso promove a organização interna do jovem, permitindo que
ele possa cuidar de si mesmo à medida que vai se tornando adulto. Mas essa autoridade não deve ser confundida com autoritarismo ou rigidez.
Para toda regra deve haver alguma flexibilidade
a fim de que o jovem possa ir testando e sentindo seus limites. Por
exemplo, se foi fixado um determinado horário para o jovem chegar de
uma festa, um pequeno atraso não deve ser punido. Atitudes drásticas
como violência ou expulsar de casa, não têm resultados positivos,não
devem ser vista como solução para os problemas.
Quando se torna impossível conversar com os filhos, a quem os pais devem procurar?
Grande parte dos jovens é capaz de se abrir quando os pais passam a ouvir mais e falar menos.
Mas quando os pais, apesar de tudo, não conseguem mais se comunicar
com os filhos, devem recorrer a outras pessoas. Mas quais? Os pais
devem procurar alguém que o jovem admire ou respeite. Pode ser um
parente, um amigo da família, um professor, médico da família ou um
profissional especializado.
O que pode ser feito ao se descobrir que um filho está usando drogas?
Não há uma resposta simples para essa
questão. Existem muitas maneiras de se responder à pergunta. Alguns
pontos devem ser destacados:
- Existe uma variedade muito grande de drogas.
- Drogas diferentes produzem diferentes efeitos, alguns são perceptíveis, outros não.
- Existem formas mais e menos perigosas de se consumir drogas (por exemplo, injetar é o pior).
- A lei é diferente para cada tipo de droga (é ilegal fumar maconha).
- Cada jovem é uma
pessoa diferente e única e podem ser muitas as razões pelas quais
alguém se envolve com drogas. Da mesma forma, existem variadas formas
de ajudá-lo a interromper ou moderar o uso de drogas.
- Os pais têm maneiras
diferentes de lidar com um filho que esteja usando drogas. Embora
alguns sejam totalmente contra o uso de qualquer droga, a maioria acha
aceitável o uso de bebidas alcoólicas e cigarro.
- Existem várias instituições de ajuda a pessoas com problemas com uso de drogas.
TRATAMENTO
Dentre as pessoas que usam drogas, quem deve ser tratado?
Só
aos dependentes de drogas. Da mesma forma que não há sentido em propor
tratamento a alguém que usa álcool apenas ocasionalmente, também não
devemos falar em tratamento para usuários experimentais ou ocasionais
de outras drogas.
O que é diminuição de prejuízos relacionados ao uso de drogas?
“Prejuízos” pode ser entendido como danos, riscos, perigos... Desta
forma, diminuição de prejuízos é são medidas dirigidas a pessoas que
não conseguem ou não querem parar de consumir drogas. Essa estratégia
tem por objetivo reduzir as conseqüências negativas que o uso de drogas
pode ocasionar. Um exemplo seriam as campanhas orientando as pessoas a
não dirigirem após consumir bebidas alcoólicas.
Também os programas de
troca de seringas dirigidas a usuários de drogas injetáveis. As usadas
são recolhidas e novas são colocadas à disposição. Por meio desses
procedimentos ocorre redução importante da infecção pelo vírus da AIDS,
assim como de outras doenças contagiosas. Estes programas não induzem
as pessoas a utilizar drogas injetáveis.Constituem uma medida de saúde
pública para o controle de epidemia mundial de AIDS.
Que tipos de ajuda terapêutica existem para os dependentes?
Existem diversos modelos de ajuda a
dependentes de drogas: tratamento médico; terapias cognitivas e
comportamentais; psicoterapias; grupos de auto-ajuda (do tipo Alcoólicos
Anônimos e Narcóticos Anônimos); comunidades terapêuticas; etc. Em
princípio, pode-se dizer que nenhum desses modelos de ajuda consegue
dar conta de todos os tipos de dependências e dependentes.
É muito
difundido o modelo que utiliza ex-dependentes de drogas como agentes
“terapêuticos”, já que uma pessoa que passou pelo mesmo problema pode
ajudar o dependente a se identificar com ela e compreender melhor seus
problemas.
Os especialistas em dependência vêm
realizando pesquisas para determinar que tipos de dependentes se
beneficiam mais de um ou de outro tipo de ajuda.
Entretanto, deve-se destacar
que as abordagens medicopsicológicas (que associam ao mesmo tempo os
recursos da medicina e da psicologia) têm se mostrado mais eficazes na
maior parte dos casos.
O que vai ser tratado?
A maioria dos modelos de tratamento
foca principalmente a dependência da droga. Embora esse seja realmente o
ponto central que leva a pessoa a procurar tratamento, os dependentes
frequentemente apresentam outros problemas associados ao uso abusivo de
drogas. É muito importante que esses transtornos recebam a devida
atenção, pois se não forem também tratados haverá uma grande
probabilidade de a pessoa voltar a ser dependente.
Por exemplo,
dependente de drogas também apresenta depressão (é muito freqüente),
deverá receber tratamento não apenas da dependência mas também da
depressão,senão provavelmente voltará a usar drogas novamente.
Quais os transtornos psiquiátricos mais associados às dependências?
A depressão é o transtorno que mais se associa ao abuso e à dependência de drogas. Os outros são o transtorno de ansiedade, o obsessivo-compulsivo, os de personalidade e, mais raramente, alguns tipos de psicoses. Mais recentemente descobriu-se que indivíduos com transtornos neurocognitivos
(de aprendizagem) estão mais propensos a se tornarem dependentes de
drogas.
Esses podem se manifestar através de problemas de atenção,
memória, concentração ou linguagem, entre outros. A grande dificuldade
decorre de esses sinais não serem identificados nem pelos familiares
nem pela escola, podendo estar presentes desde a mais tenra
idade.Exemplificando, muitos jovens considerados preguiçosos,
desinteressados ou indisciplinados, na verdade podem apresentar um transtorno específico de aprendizagem ou de atenção.
É importante ressaltar que esses transtornos prejudicam profundamente a
auto-estima e o desenvolvimento atrasando ou impossibilitando o uso de
suas potencialidades.
Se fossem diagnosticados de modo
correto, esses distúrbios poderiam ser facilmente tratados, evitando
assim conseqüências drásticas.Como exemplo disso, muitos dependentes de
drogas que apresentavam transtorno de atenção, quando o problema foi
adequadamente tratado, pararam de consumir drogas.
Os dependentes de drogas devem ser internados para tratamento?
Na maior parte dos casos, o
tratamento do dependente de drogas não requer internação. Nos raros
casos em que é necessária, ela deve ser decidida com base em critérios
claros e definidos, estabelecidos por um especialista. A internação de
um dependente de drogas sem necessidade pode levar até mesmo a um
aumento do consumo. O aumento de consumo após uma internação indevida
pode se dar por diversas razões, como sentimentos de revolta de um
dependente ainda não suficientemente convencido, da necessidade de
ajuda.
UNDCP PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O CONTROLE INTERNACIONAL DE DROGAS